Perdição de Vizinho romance Capítulo 30

Então eu vi você e eu soube

Talvez seja porque eu esteja um pouco mais velho

Talvez seja por tudo que o passei

Eu gosto de pensar que é o jeito como se apoia no meu ombro

E como eu me vejo ao seu lado

Fire On Fire - Sam Smith

(...)

Justin

Naquele momento eu poderia dizer muitas coisas, ter ficado bravo com a situação — pois, não posso negar que senti raiva pelo ex dela — mas se tem algo que eu aprendi ao longo da vida, é que quando alguém está no estado em que a Ella estava, tudo que essa pessoa menos precisa é da explosão da pessoa que está ao seu lado.

Eu juro que queria confrontar o ex dela, saber a razão para ele ter voltado depois de tanto tempo e, se possível, expulsá-lo daqui. Faria qualquer coisa pela paz e felicidade dela. Qualquer coisa. Porém, se eu o fizesse sem o consentimento dela, estaria invadindo sua privacidade. Então, me contentei apenas em consolá-la e foi a melhor escolha que fiz. Tê-la, ali, em meus braços, era como se eu carregasse o meu mundo. Como se nada, nem ninguém pudesse atingi-la, porque estaria sendo protegida por mim.

Demorou algum tempo para que eu reconhecesse, para que eu admitisse, mas estou completamente apaixonado por essa mulher, eu a amo e estou disposto a tudo por ela. Sua felicidade é a minha.

Admitir isso para mim mesmo, é como tirar um peso dos meus ombros. Sinto como se o universo gritasse para mim que posso ser feliz, que posso acreditar no amor e me entregar a ele.

Após conseguir acalmá-la, nos despedimos, ela voltou ao trabalho e eu fui para casa. Aproveitei o restante do dia para organizar algumas coisas em meu apartamento. Assim que anoiteceu, eu a busquei e fomos malhar juntos. Vê-la naquele macacão de malha, ajustado ao seu corpo, mostrando cada uma de suas curvas, me deixou cheio de tesão. Tudo que eu mais queria era chegar em casa, despi-la e fodê-la com todo desejo que estava emanando de mim. E foi exatamente o que fiz, passamos praticamente a madrugada toda nos amando, como se não houvesse amanhã.

(...)

No dia seguinte, acordamos cedo e nos preparamos para ir trabalhar, fizemos a primeira refeição do dia juntos e saímos do apartamento dela. Como eu ainda iria passar em casa para trocar de roupa, antes de ir para o hospital, nos despedimos, encostados no carro dela. A prendi entre o meu corpo e o carro, colocando as mãos em cada lado, impedindo-a de escapar.

— Acho que isso não está dando muito certo… — falo, deixando a frase no ar.

— O que exatamente não está dando certo? Pode ser mais claro, por favor? — ela arqueia as sobrancelhas.

— Passar todas as noites e os finais de semana juntos… Toda essa correria na manhã seguinte… — receoso em dizer o que quero, acabo fazendo rodeios.

— O que quer dizer com isso, Justin? Acho que não estou entendendo muito bem.

Olho para baixo, balançando a cabeça e rio nasalmente, porque sei que estou me embolando todo.

— Ok. Lá vai! — volto a encará-la — Que tal morarmos juntos? 

Ella, inicialmente, não responde, abre e fecha a boca, parecendo estar sem saber o que dizer.

— Quer saber? Esquece, foi uma má ideia. 

— Calma, eu só fiquei assustada porque não esperava que me fizesse um convite como esse. Justin, eu amo estar com você, essa é uma das coisas mais preciosas da minha vida — ela fala, acariciando meu rosto e eu sorrio — Mas uma decisão como essa é muito importante, tem certeza que quer isso? Porque, uma vez morando juntos, não estarei disposta a sair.

— E quem disse que eu quero que saia? Ella, quero que faça parte da minha vida, que compartilhe tudo comigo, não só os momentos bons. Eu acho que… Te amo. — digo a última parte meio sem graça.

— Acha? — pergunta em um sorriso contido.

Bufo.

— Tá, tudo bem. Tenho certeza que te amo, quer que eu grite? Eu grito. Ella, eu te amo! — digo bem alto, erguendo a cabeça para o som da minha voz ecoar.

Ela dá uma gargalhada.

— Justin, para! — dá um tapa em meu braço.

— Precisa de mais alguma coisa para ter certeza do que sinto e do que quero? — a olho intensamente e ponho uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

— Nada mais é necessário ser dito, você é um príncipe com esse jeito único e especial. — ela põe a mão em meu peito.

— Então, o que me diz? Aceita meu convite? — inclino a cabeça, esperando sua resposta.

Ela não diz nada, apenas desliza a mão por meu peito, indo até minha nuca e me puxa para um beijo delicioso. Seus lábios tem gosto de lar.

Paramos o beijo e não consigo parar de sorrir.

— Eu também te amo, Justin. Como nunca pensei ser possível. Aceito a oferta, vamos dar esse passo em nossa relação. 

Nos olhamos intensamente e selamos esse momento com um beijo cheio de paixão e ternura, como se não houvesse mais nada, nem ninguém ao nosso redor.

Com muito custo, nos afastamos, nos despedimos e ela entra no carro. Vou até o meu apartamento sem conseguir parar de sorrir um segundo sequer. 

Já havia tomado banho na casa dela, então somente troco de roupa, pego meus pertences que são úteis no dia a dia e sigo para o hospital. 

No caminho, penso em como a vida pode ser louca e realmente surpreendente. Quando eu poderia imaginar que um dia teria outra pessoa em minha vida, que conseguiria amar outra vez e ser amado? Mas a vida é especialista em pregar peças em nós, quando menos esperamos, ela nos surpreende, a ponto de ser impossível fugir do que ela nos presenteia.

Com os pensamentos longe, não demoro a chegar ao meu destino. Estaciono o carro, pego minha maleta, meu jaleco e entro no hospital. Desejo bom dia a todos os meus colegas que passam por mim e caminho até a minha sala, passando pela enfermeira Amber.

— Algum paciente me aguarda, Amber? — lhe pergunto.

— Não, doutor Coleman. Sua agenda hoje está bem folgada, comparada ao habitual.

— Obrigado, estarei em minha sala, se precisar. 

Ela meneia brevemente a cabeça em concordância e eu sigo meu caminho.

Após deixar meus pertences, decido ir até o refeitório pegar um pouco de café — item esse, que já faz parte da minha rotina.

— Ora, se não é o garanhão. — enquanto coloco o café no copo, ouço a voz do panaca do meu amigo.

— Oi, Nando. 

— Como está o senhor? Posso saber? — pergunta em tom de brincadeira, se apoiando de lado no balcão onde fica a bandeja com café e mini copos descartáveis.

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