Perdição de Vizinho romance Capítulo 30

Resumo de Capítulo 29: Perdição de Vizinho

Resumo do capítulo Capítulo 29 do livro Perdição de Vizinho de Alê Santos

Descubra os acontecimentos mais importantes de Capítulo 29, um capítulo repleto de surpresas no consagrado romance Perdição de Vizinho. Com a escrita envolvente de Alê Santos, esta obra-prima do gênero Romance continua a emocionar e surpreender a cada página.

Então eu vi você e eu soube

Talvez seja porque eu esteja um pouco mais velho

Talvez seja por tudo que o passei

Eu gosto de pensar que é o jeito como se apoia no meu ombro

E como eu me vejo ao seu lado

Fire On Fire - Sam Smith

(...)

Justin

Naquele momento eu poderia dizer muitas coisas, ter ficado bravo com a situação — pois, não posso negar que senti raiva pelo ex dela — mas se tem algo que eu aprendi ao longo da vida, é que quando alguém está no estado em que a Ella estava, tudo que essa pessoa menos precisa é da explosão da pessoa que está ao seu lado.

Eu juro que queria confrontar o ex dela, saber a razão para ele ter voltado depois de tanto tempo e, se possível, expulsá-lo daqui. Faria qualquer coisa pela paz e felicidade dela. Qualquer coisa. Porém, se eu o fizesse sem o consentimento dela, estaria invadindo sua privacidade. Então, me contentei apenas em consolá-la e foi a melhor escolha que fiz. Tê-la, ali, em meus braços, era como se eu carregasse o meu mundo. Como se nada, nem ninguém pudesse atingi-la, porque estaria sendo protegida por mim.

Demorou algum tempo para que eu reconhecesse, para que eu admitisse, mas estou completamente apaixonado por essa mulher, eu a amo e estou disposto a tudo por ela. Sua felicidade é a minha.

Admitir isso para mim mesmo, é como tirar um peso dos meus ombros. Sinto como se o universo gritasse para mim que posso ser feliz, que posso acreditar no amor e me entregar a ele.

Após conseguir acalmá-la, nos despedimos, ela voltou ao trabalho e eu fui para casa. Aproveitei o restante do dia para organizar algumas coisas em meu apartamento. Assim que anoiteceu, eu a busquei e fomos malhar juntos. Vê-la naquele macacão de malha, ajustado ao seu corpo, mostrando cada uma de suas curvas, me deixou cheio de tesão. Tudo que eu mais queria era chegar em casa, despi-la e fodê-la com todo desejo que estava emanando de mim. E foi exatamente o que fiz, passamos praticamente a madrugada toda nos amando, como se não houvesse amanhã.

(...)

No dia seguinte, acordamos cedo e nos preparamos para ir trabalhar, fizemos a primeira refeição do dia juntos e saímos do apartamento dela. Como eu ainda iria passar em casa para trocar de roupa, antes de ir para o hospital, nos despedimos, encostados no carro dela. A prendi entre o meu corpo e o carro, colocando as mãos em cada lado, impedindo-a de escapar.

— Acho que isso não está dando muito certo… — falo, deixando a frase no ar.

— O que exatamente não está dando certo? Pode ser mais claro, por favor? — ela arqueia as sobrancelhas.

— Passar todas as noites e os finais de semana juntos… Toda essa correria na manhã seguinte… — receoso em dizer o que quero, acabo fazendo rodeios.

— O que quer dizer com isso, Justin? Acho que não estou entendendo muito bem.

Olho para baixo, balançando a cabeça e rio nasalmente, porque sei que estou me embolando todo.

— Ok. Lá vai! — volto a encará-la — Que tal morarmos juntos? 

Ella, inicialmente, não responde, abre e fecha a boca, parecendo estar sem saber o que dizer.

— Quer saber? Esquece, foi uma má ideia. 

— Calma, eu só fiquei assustada porque não esperava que me fizesse um convite como esse. Justin, eu amo estar com você, essa é uma das coisas mais preciosas da minha vida — ela fala, acariciando meu rosto e eu sorrio — Mas uma decisão como essa é muito importante, tem certeza que quer isso? Porque, uma vez morando juntos, não estarei disposta a sair.

— E quem disse que eu quero que saia? Ella, quero que faça parte da minha vida, que compartilhe tudo comigo, não só os momentos bons. Eu acho que… Te amo. — digo a última parte meio sem graça.

— Acha? — pergunta em um sorriso contido.

Bufo.

— Tá, tudo bem. Tenho certeza que te amo, quer que eu grite? Eu grito. Ella, eu te amo! — digo bem alto, erguendo a cabeça para o som da minha voz ecoar.

Ela dá uma gargalhada.

— Justin, para! — dá um tapa em meu braço.

— Precisa de mais alguma coisa para ter certeza do que sinto e do que quero? — a olho intensamente e ponho uma mecha de seu cabelo atrás da orelha.

— Nada mais é necessário ser dito, você é um príncipe com esse jeito único e especial. — ela põe a mão em meu peito.

— Então, o que me diz? Aceita meu convite? — inclino a cabeça, esperando sua resposta.

Ela não diz nada, apenas desliza a mão por meu peito, indo até minha nuca e me puxa para um beijo delicioso. Seus lábios tem gosto de lar.

Paramos o beijo e não consigo parar de sorrir.

— Eu também te amo, Justin. Como nunca pensei ser possível. Aceito a oferta, vamos dar esse passo em nossa relação. 

Nos olhamos intensamente e selamos esse momento com um beijo cheio de paixão e ternura, como se não houvesse mais nada, nem ninguém ao nosso redor.

Com muito custo, nos afastamos, nos despedimos e ela entra no carro. Vou até o meu apartamento sem conseguir parar de sorrir um segundo sequer. 

Já havia tomado banho na casa dela, então somente troco de roupa, pego meus pertences que são úteis no dia a dia e sigo para o hospital. 

No caminho, penso em como a vida pode ser louca e realmente surpreendente. Quando eu poderia imaginar que um dia teria outra pessoa em minha vida, que conseguiria amar outra vez e ser amado? Mas a vida é especialista em pregar peças em nós, quando menos esperamos, ela nos surpreende, a ponto de ser impossível fugir do que ela nos presenteia.

Com os pensamentos longe, não demoro a chegar ao meu destino. Estaciono o carro, pego minha maleta, meu jaleco e entro no hospital. Desejo bom dia a todos os meus colegas que passam por mim e caminho até a minha sala, passando pela enfermeira Amber.

— Algum paciente me aguarda, Amber? — lhe pergunto.

— Não, doutor Coleman. Sua agenda hoje está bem folgada, comparada ao habitual.

— Obrigado, estarei em minha sala, se precisar. 

Ela meneia brevemente a cabeça em concordância e eu sigo meu caminho.

Após deixar meus pertences, decido ir até o refeitório pegar um pouco de café — item esse, que já faz parte da minha rotina.

— Ora, se não é o garanhão. — enquanto coloco o café no copo, ouço a voz do panaca do meu amigo.

— Oi, Nando. 

— Como está o senhor? Posso saber? — pergunta em tom de brincadeira, se apoiando de lado no balcão onde fica a bandeja com café e mini copos descartáveis.

Dou uma risada ironica.

— Não parece, mas ok. Entre e fale o que tanto tem para dizer. — lhe dou espaço para entrar.

Ele senta e eu faço o mesmo, colocando o copo com café na mesa. Então, apoio os cotovelos sobre a mesa e cruzo os dedos.

— Prossiga. — digo sério.

— Acha que pode fazê-la feliz? 

— Como é? — me exalto um pouco.

— Exatamente o que ouviu… Acha que pode fazê-la feliz? — sua voz emana tranquilidade.

— Com que direito me faz uma pergunta dessa, depois do que fez com ela? Acha mesmo que pode vir até aqui despejar suas asneiras? Você não pode estar falando sério… — rio sem graça e recosto-me na cadeira.

— Nunca falei tão sério em toda minha vida. Olha, sei que fiz besteira quando traí aquela mulher, ela nunca mereceu isso e me condeno todos os dias por isso, mas sei que a fiz feliz enquanto estivemos juntos. E sei que se você deixar o caminho livre, ela voltará para mim. 

Franzo o cenho, surpreso com tamanha presunçosidade.

— Ella nunca deixou de me amar e eu sou louco por ela, só preciso de uma oportunidade para reconquistá-la. Sei que consigo. — ele não vacila a voz uma segundo sequer.

Parece realmente ter convicção sobre o que diz.

— Você perdeu a noção, não há outra explicação.

— Você não pode fazê-la feliz, não como fez com sua falecida noiva. Maria Julia, não é mesmo? — toca em meu ponto fraco e sinto o ódio subir a minha cabeça.

— Deixa ela fora disso, cara. — digo com o maxilar trincado.

Ele ri debochadamente.

— Anh… Vamos ver aqui o que temos — mexe numa pasta que só agora reparei estar segurando e retira alguns papéis de dentro — "Médico ortopedista perde sua noiva para o câncer", "Doutor Justin Coleman foi desatento, como médico, em não notar os sinais da doença de sua noiva."

Ele vai lendo algumas manchetes que saíram na época em que tudo aconteceu. Desenterrando meu passado. Tudo isso vai penetrando minha mente como um karma.

— "Justin Coleman, um dos maiores médicos ortopedistas de Brasília, deixa sua noiva morrer, por descuido."

Meu coração vai se despedaçando aos poucos, lembrando de tudo o que passei. Foi doloroso demais tudo aquilo, ver uma das pessoas que eu mais amava indo embora e, como se não bastasse, a mídia caiu em cima de mim.

— Então, doutor… Isso é o suficiente ou quer mais? — enquanto ele sorri cinicamente, o meu sorriso, minha alegria de mais cedo, vai indo embora aos poucos — Saia da vida dela, você não a fará bem, ou quer matá-la também? 

Tento dizer algo, mas a minha mente está um turbilhão de pensamentos. Dentro de mim, há um furacão de sentimentos frustrados.

— Espero que tenha entendido o recado. — ele deixa os papéis sobre minha mesa e sai.

Meu coração está dilacerado.

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