Perdição de Vizinho romance Capítulo 7

Ella

Demorei um pouco para pegar no sono, na noite anterior. Porque, por alguma razão, minha mente parecia estar em alerta. Ficava recordando várias e várias vezes a imagem do Justin salvando a mim e meu gatinho da árvore assassina. E quando caí naquele peitoral? Meu corpo se acendia somente em lembrar. Minha boca se enchia de água, pensando quando reparei no volume em sua bermuda… 

Um calor terrível tomou conta do meu corpo e, mesmo querendo evitar, tomando banho gelado, não consegui. Foi mais forte que eu.

Quando percebi, lá estava eu, mais uma vez me tocando e pensando no meu vizinho gostoso.

Mas nada disso superou a forma como ele me tratou após me salvar. Jamais pensei que meu vizinho cafajeste, que vive dando festas e enchendo a casa de mulheres, seria tão prestativo, a ponto de não me permitir nem mesmo pegar um gelo para fazer uma mísera compressa. 

Devo admitir que estou bastante surpresa. 

A luz do sol invade meu quarto, me fazendo abrir os olhos. Como pode uma pessoa que trabalha a semana inteirinha, às vezes até aos sábados, não conseguir acordar mais tarde durante os domingos? Isso chega a ser um absurdo.

Só queria conseguir dormir mais, recuperar o tempo perdido e o estresse da semana. Já que tudo que consigo fazer ao chegar do trabalho é tomar banho, comer e dormir. 

Depois de relutar por algum tempo, tentando permanecer na cama, finalmente decido levantar e tomar um banho ou passarei o resto do dia parecendo uma múmia. Ao pisar no chão, sinto uma leve fisgada no pé, nada muito intenso. Só um certo incômodo, o que me lembra tudo que aconteceu noite passada.

Como hoje é o dia nacional do almoço em família — apesar de estar em falta com meus pais ultimamente. Escolho uma roupa casual, um vestido estampado, justo na parte do busto com alças finas, uma pequena abertura em cada lado, na direção dos cotovelos e solto da cintura para baixo. Seu comprimento indo até um pouco acima do joelho. 

É um dos meus modelitos preferidos por se ajustar bem as minhas curvas. Se bem que fui muito abençoada com curvas, então, isso não é algo que me preocupe. Faço uma maquiagem básica, destacando os lábios com um batom vermelho e arrumo alguns pertences, como celular e chave do carro, numa bolsinha de mão.

Dou uma última olhada no espelho, me agradando com o que vejo, pisco rapidamente para a imagem refletida nele e profiro meu mantra diário.

— Você é linda, maravilhosa, poderosa, perfeita e nada nesse mundo pode te abalar. 

Fecho os olhos, absorvendo essa mensagem, convencendo a mim mesma sobre o que acabo de falar.

Nunca fui uma mulher de autoestima baixa, muito pelo contrário, mas depois da traição do Marcelo e, principalmente, quando ele me deixou por uma vagaba qualquer, isso me afetou bastante. Especialmente psicologicamente.

Abro os olhos, respiro fundo, soltando o ar que se acumulou em meu pulmão ao inspirar. Tenho a impressão de ter visto uma mulher seminua pela janela do Justin, mas não tenho certeza. Porém, se tratando dele, tudo é possível.

Caminho para fora do prédio e, constato que realmente Justin estava acompanhado, pois, vejo-o se despedindo de uma mulher — que acabou de entrar em um carro de aplicativo. Procuro não dar bola a esse fato, mesmo sentindo um certo incômodo. Me recuso a sentir ciúme ou qualquer sentimento semelhante, se tratando desse cafajeste.

Antes de entrar em meu carro, vejo meu vizinho me encarando descaradamente, noto seus olhos percorrendo todo o meu corpo e mirando meus seios apertados no pequeno decote do vestido. O que me deixa puta da vida, porque ele estava acompanhado de uma mulher há pouco, aparentemente se despedindo da noite que tiveram e, mesmo assim, o sem vergonha não deixa de me olhar.

Ele sorri de canto, semicerrando os olhos de forma bem sexy. Isso me deixou tão desconcertada, que teria arrepiado até os pelos da minha buceta, caso não estivesse depilada.

Balanço a cabeça para os lados, tentando desviar meus pensamentos do Justin, fingindo que seu gesto não me deixou de calcinha molhada e entro em meu carro. Coloco a chave na ignição, dando partida, porém, antes de finalmente cair na estrada, estico a mão, apertando o botão liga/desliga no rádio.

Está tocando a música Naughty Girl — Beyoncé. 

Piso no acelerador, mexendo o corpo ao som da música, batucando a mão no volante e, por vezes, tirando ambas as mãos, balançando-as no ar. 

Nesse ritmo, não demoro a chegar ao meu destino. Um lugar maravilhoso e aconchegante desde a entrada. Por se tratar de um condomínio fechado, daqueles que as casas têm um modelo padrão, buzino para o porteiro, pondo a cabeça para fora da janela, assim ele consegue me identificar e liberar minha entrada.

Dirijo mais um pouco, com a velocidade reduzida e paro em frente a casa dos meus pais. Toda trabalhada em tons de branco e cinza, com uma sacada linda no primeiro andar, um jardim na frente e garagem com espaço para dois carros. Estaciono o meu.

Coloco a chave na porta, abrindo-a e sou recebida com um largo sorriso do meu pai. 

— Minha princesa! — ele me abraça e beija meus cabelos.

Faz isso desde que eu era uma menina.

— Oi, papai. Como está o senhor? — pergunto em meio ao abraço.

— Estou bem. Deixe-me ver você, está maravilhosa, ainda mais bonita do que na última vez que nos vimos. — seus olhos brilham. 

— O senhor é um príncipe. Deveria fazer tutorial de como um homem deve tratar uma mulher. — ele ri, me levando a rir também.

— Não vale porque você é minha filha.

— Nessa você me pegou. — dou de ombros, sorridente.

— Mas pensarei a respeito, porque para outro homem conquistar minha princesa, tem que ser como eu. Bem diferente do crápula do seu ex. 

— Não aceito menos que isso. — pisco para ele.

— Vem, vamos ver sua mãe, ela estava ansiosa para te ver hoje. — põe a mão em meu ombro e caminhamos juntos.

— Hum… O cheiro está delicioso. — aspiro o aroma de comida boa e bem feita, no ar.

— Quanta saudade, minha filha. — mamãe limpa a mão no pano de pratos preso no avental que está usando e se aproxima de mim para um abraço.

— Ah, mamãe… Senti tanto a sua falta. De vocês dois. — suspiro pesadamente, sentindo o calor do seu corpo.

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