Perverso romance Capítulo 10

Eu estava frente a frente com o homem que meses atrás me fez uma promessa, agora eu sentia um misto de sentimentos tristeza, felicidade, um pingo de esperança e muita raiva. Heitor me olhava como se eu fosse um bolo de notas altas, enquanto eu não decidi o que expressar. Ele não mudou desde que nós conhecemos, na verdade, atrás dessa mesa parecia ainda mais rígido, demonstrando seu poder, eu estava certa, ele não era qualquer pessoa.

Meus olhos buscavam um ponto para concentrar enquanto o silêncio entre nós só aumentava.

— Estou confusa. — levo a mão até a testa. — Você... me comprou?

— Não foi exatamente o que aconteceu.

Não conseguia me concentrar em respirar.

Ele atrás dessa mesa parecia ainda mais rico, usando uma camisa social, provavelmente da Burberry enrolada até os antebraços e uma calça social preta. Eu comecei a prestar atenção no padrão de homens que iam à boate, sempre vestiam roupas de marca, o que diferia Heitor dos outros era a juventude.

— Sinto muito pela demora, tive contratempos.

— Não esperava que você realmente fosse me ajudar.

Vejo a expressão dele mudando após a minha última palavra, foi a partir daí que percebi que eu não sairia dali com facilidade, essas pessoas não faziam favores. Ele coça a têmpora com o mindinho.

— Sente-se. — Pediu.

Não obedeço. Permaneço com os pés cravados no seu carpete preto, possivelmente sujando ele.

— Afinal quem é você? Sebastian ou Heitor? Mentiu até seu nome.

Ele levanta o olhar endireitando os ombros largos.

— Me chamo Sebastian. Sebastian Stan.

— Quem é Heitor?

Deu de ombros.

— Eu não posso simplesmente dizer meu nome a qualquer pessoa. E você precisava descer daquele parapeito.

Meu olho treme.

Eu queria ultrapassar aquela mesa que nos separava e cravar minhas mãos em seu pescoço, esganá-lo, queimá-lo vivo se fosse possível. Se ele não tivesse aparecido no terraço nada disso teria acontecido, Ethan estaria vivo e Gisele bem, nem sei o que May fez com ela depois que me apagaram.

Cerro meus punhos.

— Não tinha o direito, Heitor ou Sebastian, seja lá como se chama!

Vejo seu peito descer e subir.

Ele desvia o olhar e começa a andar pela sala parando de frente para mim a polegadas de distância.

Me forcei a encará-lo, embora sua respiração tivesse batendo em meus olhos. Sebatian — ou Heitor — não moveu um músculo.

— O que fiz foi tentar te ajudar, o que aconteceu depois não foi culpa minha. — Ele me olha dos pés a cabeça — não parece muito diferente do que você fez.

Sinto meus olhos encherem de raiva, não pude controlar as lágrimas que apareceram, mas me mantive rígida.

— Então... — minha voz sai embargada — você sabe.

— May me explicou sua situação com o tal faxineiro.

— Não fale dele...

— Vai fazer o quê? Se jogar da janela do seu quarto?

Sebastian não parecia se abalar com as minhas palavras ou com lágrimas descendo dos meus olhos, muito pelo contrário, sua expressão ficou ainda mais severa.

— Tentou ajudar sua amiga, não foi? Talvez agora ela esteja tão ferrada quando você. — Continuo — parece que estamos no mesmo barco, Jade.

— Acha mesmo que me ajudou? — Me aproximo mais. — Ter me convencido de descer só pirou mais as coisas. Não seja presunçoso.

Deu de ombros mais uma vez.

— Prometi que tiraria você daquele buraco, não que sua vida seria melhor.

Olho para o chão, buscando juntar minhas forças.

— Por que tenho a sensação de não estar realmente livre?

Ele suspira e olha para mim de soslaio colocando as mãos nos bolsos.

— Porque você não está.

Fecho meus olhos, eu não podia chorar na frente dele, já derramei muitas lágrimas nos últimos dias, não tinha mais nada guardado.

Sinto ele dando a volta em mim e por fim parando atrás de mim, abro meus olhos tentando ve-lo pela visão periférica.

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