Perverso romance Capítulo 39

Sebastian seguiu o caminho inteiro bufando feito uma criança, eu segurava o riso virando o rosto para o outro lado. Jamais pensei que uma simples calcinha fosse tirá-lo tanto do sério, e estava adorando ver suas veias latejando no pescoço.

Permaneci calada, às vezes arrumava os cabelos pelo espelho do banco do carona ou abria mais as pernas propositadamente, não queria que ele esquecesse que eu usava apenas o vestido naquela noite. Apesar de arrepios subirem na minha espinha só de lembrar dos seus lábios me devorando, conseguia me manter restrita aos seus toques, afinal já estava um pouco saciada.

Chegamos em frente a um grande salão, este ficava mais próximo à cidade. Duas lanternas gigantes iluminavam a porta de entrada com dois seguranças de cada lado, ambos vestidos de preto, havia também um tapete vermelho percorrendo o caminho até a entrada das grandes portas.

Sebastian estacionou o carro, assim que desligou o motor olhou para mim com uma sobrancelha arqueada, ignorei sua investida e sai do carro batendo a porta. Ele saiu logo em seguida batendo com mais força ainda. Arrumava o batom dentro da minha Clutch Channel quando Sebastian tocou meu cotovelo, roubando minha atenção.

— Jade, por favor...

Reviro os olhos com força.

— Posso até levá-la de volta, mas pelo céus, diga-me algo. — Implorou ele.

— Não queria colocar a droga da calcinha, vai ficar choramingando por isso até quando? — Pergunto ríspida.

Ele solta meu cotovelo, visivelmente decepcionado.

— Não esqueça que quem fodia com outras garotas era você. — Olho bem para ele — a semanas atrás não se importava nenhum pouco com o que eu fazia, o que te fez mudar isso?

Seus lábios abriram-se, mas ele nem sequer disse uma palavra antes de sermos interrompidos por um homem branco de nariz grande que veio cumprimentar Sebastian. Ele me puxou com tanto força para o seu lado que colidirmos. Forcei um sorriso fingindo que o pisão em seu pé não foi proposital.

— Vamos? — Perguntou o homem sorrindo.

Entramos no salão com música ardendo os tímpanos, havia muita gente estranha com roupas extravagantes e homens que me olhavam dos pés a cabeça. Por um momento pensei que ter vindo sem calcinha foi uma péssima ideia, principalmente com tantas escadas para subir.

Do lado de dentro mais parecia uma balada, luzes cortavam o salão, havia muita fumaça e mesas de jogos de cassino. Um verdadeiro inferno.

Sebastian me puxou para uma roda de pessoas ao redor de uma mesa de poker, dentre eles estava Anna, ela usava um vestido tubinho preto singelo e um coque baixo, Michael também estava lá, com uma camisa social aperta até o peito e os cabelos bem cortados, mal evitava olhar para mim e quando Sebastian notava, desviava.

Peguei uma taça de bebida, teria que estar bêbada para aturar aqueles amigos dele de nariz em pé. Sebastian não apostava, ele mal olhava para a mesa, parecia estar aqui para negócios, quando ele afrouxou sua mão da minha cintura me afastei um pouco olhando ao redor. No centro havia uma pista de dança, do outro lado, um bar, o barman encantava as pessoas fazendo malabarismos com as garrafas e coquetéis.

Dei um gole da bebida, a mais amarga que já tomei.

— Está linda, Jade. — Anna fala próximo a mim.

Encontrei seus olhos escuros com um sorriso amarelo nos lábios, não nos vimos desde quando ela previu o futuro e eu fui arrogante acreditando Sebastian havia mudado por minha causa.

Uma verdadeira idiota.

— Obrigada, você também. — Retribuo o elogio no mesmo tom, ela realmente era uma mulher encantadora. Olhei para a bebida na minha taça, completamente envergonhada. — Olha, eu queria te pedir desculpas por aquele dia...

Ela fez um gesto com a mão.

— Eu também não me ouviria se fosse na época que namorava ele. — Ela suspira — a maneira que falei com você também não foi nada gentil.

— Tudo bem.

Ambas olhamos para o Sebastian que ria de algo que um homem estranho falou.

— Sebastian me magoou, mas eu fui ingênua demais.

Ela maneia a cabeça para o lado.

— Esse é o dom dele. — Suas palavras saíram em forma de conforto, Anna queria que eu sentisse que ela também sofrerá, mesmo que nossa relação com ele tenha sido diferente. A mesma volta a olhar para mim — lembre-se, estou sempre disposta a te ajudar.

Anna saiu de perto de mim, apertando meu ombro. Fiquei paralisada enquanto sentia o seu toque esvair, observando Sebastian de longe. Por que meu coração tinha que se apaixonar justo por ele? Sebastian nunca foi gentil comigo, ele nunca chegou nem aos pés do que Ethan foi, mas mesmo assim ainda o olho com ternura. Seus olhos cinzas encontram os meus por segundos e eu desviei virando as costas, ignorando as palpitações do meu peito.

Tomei o resto da bebida em apenas um gole, bêbada conseguiria me sair melhor daquela situação.

[...]

A noite se arrastava, a música ao redor era tão chata quando as conversas com os amigos do Sebastian.

Levando da cadeira já meio zonza, segurando na mesa para não cair.

— Aonde vai? — Perguntou Sebastian.

— Quero mais bebida.

Vou até o bar, vendo as coisas ao meu redor girando, mas ainda conseguia manter a linha sóbria.

Pedi um martíni do barman, em menos de um minuto já estava na minha mão.

Na hora de voltar para a mesa, eu não sabia ao certo, talvez fosse coisa da minha cabeça, mas havia uma loira sentada no meu lugar, agarrada no braço do Sebastian. Minhas sobrancelhas se juntaram, e eu caminhei mais depressa até lá. Quando cheguei, meu rosto pegou fogo, Lola estava ao lado dele acenando-me, com aqueles seios cirurgicamente perfeitos em cima do Sebastian.

Segurei firme a taça, por sorte o vidro não quebrou na minha mão.

Engoli toda a vontade de gritar com o Sebastian e ir embora dali, apesar das outras mulheres na mesa me olharem com pena, cochichando, ainda assim não podia me descabelar por algo que tinha certeza que iria acontecer.

Claro, Sebastian chamaria Lola aqui para me fazer passar vergonha, ele adorava me machucar, parecia que esse era o único motivo que me mantinha presa a ele.

Ao invés de sentar em uma cadeira vazia, dei meia volta na direção oposta, indo para qualquer lugar longe dali.

Atravessei a multidão colidindo com as pessoas, estava tão atordoada que mal percebi quem estava a minha frente.

Meus olhos secos não queriam chorar, ao invés disso, sentia ódio, puro e genuíno do Sebastian, ele sabia que a Lola sempre me afetou de uma maneira diferente, mesmo tendo até minha alma presa a ele, parecia não ser o suficiente. Me humilhar, zombar de mim era divertido, ver meu coração destruído e meus olhos vermelhos alegravam aquele humor sádico dele.

Em uma parte mais afastada, onde só podia ouvir o som abafado, joguei a taça na parede, os cristais se desfizeram em milhões de pedaços, quase acertando o Sebastian que vinha logo atrás de mim. Pedi aos céus e inferno que pelo menos um caco atingisse seu rosto, queria que ele também se sentisse machucado, embora não fosse o suficiente do que já me fez passar.

Sebastian cobriu o rosto com os antebraços, assim que abaixou olhou pata mim e em seguida para os restos da taça estilhaçados no chão.

Virei para frente, encarando um canto qualquer.

— Vai embora daqui.

— Jade...

— Sai daqui! — Volto para ele. Minha voz saiu tão rancorosa que assustou até a mim. Olhei para meus pés. — Você já sentiu algo por mim além de qualquer sentimento ruim?

Ele não responde, mas assentiu devagar.

— Então por que me machuca? — Umedeço os lábios — Sebastian, você chamou ela aqui somente para me ferir. Você é a pior pessoa que eu já conheci, e olha que o meu mundo é repleto de pessoas terríveis.

— Eu não a chamei.

Sorrio sarcástica.

— Então quem chamou? Deve ter sido uma acaso, ela sem querer esbarrou os peitos em você! — Esbravejo.

Sebastian passo as mãos no rosto com força.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Perverso