Eu já estava deitada em uma maca numa ambulância quando recobrei meus sentidos.
Anna estava sentada na borda, segurando minha mão.
Levantei rapidamente perguntando pelo Michael, Anna segurou meus ombros me obrigando a deitar.
— Calma, você tem que descansar. — Pediu ela com uma voz calma, colocando a mão no meu ombro.
Volto a deitar na maca.
— Michael, o Sebastian... o que aconteceu?
— Eles estão bem. — Afirmou ela. — O paramédico disse que está tudo bem, você pode voltar para casa hoje mesmo.
Passo as mãos no rosto, mas quando chego próximo ao meu olho algo dói, foi quando me dei conta que Sebastian havia me acertado um soco.
Fiquei algum tempo em choque.
Não foi a primeira vez que alguém me bateu, mas foi a primeira vez que o Sebastian fez aquilo. Eu sabia que não foi intencional, porém não deixou de me machucar, a culpa de tudo era unicamente dele, uma parcela minha por fazer aquelas coisas com Michael, mas nada justifica as atrocidades que Sebastian cometeu. Ainda não vira a lesão, porém constatei que deveria estar terrível.
— Você pode voltar para casa comigo, se quiser.
Assenti sutilmente.
Anna sorrir gentilmente enquanto acaricia meu braço.
Olho pela fresta da porta da ambulância, Sebastian estava lá gritando com alguém em romeno, completamente exaltado. Havia algumas pessoas curiosas do lado de fora, observando qualquer movimento grosseiro dele e tentando bisbilhotar o carro.
Encolhi os ombros e fitei o teto da ambulância, toda essa situação era extremamente humilhante.
Saí da ambulância usando um casaco dado por um paramédico. O caos do lado de fora estava menor, havia poucas pessoas e dois carros de polícia, avistei Sebastian sentado conversando com um policial, Michael estava ao seu lado segurando uma bolsa de gelo na cabeça, com o rosto cheio de sangue e inchado. Assim que me viu o Sebastian levantou vindo na minha direção, apertei o passo junto de Anna indo para o seu carro.
Entrei no banco do carona e Anna no do motorista, mas antes que ela desse partida Sebastian apareceu na minha janela dando duas batidas.
Olho para minhas mãos.
— Eu realmente não quero falar com ele agora. — Murmuro.
Anna assentiu e saiu do carro, eles começaram a discutir, pois, ele queria falar comigo, enquanto ela preferia que ambos ficássemos mais calmos antes.
Eu comecei a chorar, sentindo meu olho latejar e cada vez mais humilhada.
— Tenho que ouvir isso dela! Eu te conheço, você ama manipular as pessoas. — Ouço Sebastian dizer.
Anna passa a mão na testa, bufando.
— Jade está com raiva de você e não é por minha causa, é porque você é um valentão de merda! — Anna rebate.
Ela olha-me pelo vidro, eu sabia que por mais que não quisesse, tinha que fazer aquilo para saímos dali logo, ela não merecia ouvir por mim.
Puxo o capuz do moletom e abaixo o vidro, Anna volta para o carro e dessa vez eu que saio.
Olhei para o chão, não queria que ele me visse as lágrimas rolando pelo meu rosto.
— Me perdoe, eu juro que não queria fazer isso, não pensei que fosse você... — suplicou ele com o tom de voz de súplica.
Sebastian tenta segurar meu pulso, mas me recuo por impulso, com medo. Ele olhou para mim com os olhos vermelhos.
— Não é só isso, mas o soco foi a gota d'água, porque tá doendo até a minha alma. — Falo segurando o choro, mesmo com minha voz fraquejando.
— Por favor, não vá.
Levanto a cabeça na direção dele, Sebastian deu dois passos para trás surpreso com o que ele mesmo fizera no meu rosto, seus olhos dispararam. Eu ainda não vira o tamanho do estrago, mas pela reação dele deveria ter sido feio.
Ficamos alguns segundos com um silêncio ensurdecedor, meu corpo tremia de medo e frio, enquanto ele usava apenas a camisa social aberta com manchas do sangue do Michael.
— Preciso de um tempo, você sabe que não vou fugir, nem tenho para onde correr. — Enxugo minhas lágrimas com a costa da mão. — Só por favor, me deixa ir.
Entrei no carro sem mais nenhum protesto dele, assim que bati a porta Anna deu partida. Olhei para ele pelo retrovisor até seu reflexo ser um mero borrão. Apesar dos meus esforços, continuei chorando no banco do carro, Anna não se importava se minha maquiagem mancharia seu estofado caro.
° ° °
Anna morava em um chalé de dois andares tão afastado quando a mansão. A casa era toda de madeira maciça, próximo a uma montanha, assim era ainda mais frio do que eu estava acostumada e bastante isolado.
Ela colocou o carro na garagem e nós saímos, a mesma me levou para dentro, era quentinho e aconchegante, tinha uma prateleira com livros e um computador ligado em cima da mesa.
Anna tirou seu casado, fiz o mesmo cautelosamente, com o corpo tremendo de frio, pavor, tristeza e qualquer outra coisa.
— Fico aqui quando quero escrever, é minha válvula de escape e agora será a sua também. — Seu tom de voz era acolhedor. — Venha, vou preparar um banho quente para você.
Anna ligou a água da banheira para mim, no banheiro do quarto de hóspedes que eu ficaria. Observei tudo ao redor para me distrair, contei todas as janelas mais de duas vezes até ela finalmente sair do banheiro.
— Está pronto, pode ficar a vontade. Qualquer coisa me chama, vou pegar um saco de ervilhas pra a colocar no seu olho.
Assenti com um sorriso fraco e Anna saiu do quarto fechando a porta.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Perverso
Amei demais ❤️...