Perverso romance Capítulo 4

Tocava Toxic ao fundo enquanto Gisele fazia seu show de sensualidade, ela deslizava pelo pole dance com agilidade, rebolava como se fosse invertebrada, ia às vezes até a extremidade do palco para os homens colocarem notas altas dentro de seu sutiã, às vezes até na sua calcinha. Me perguntava como ela não caía usando botas tão altas, ou se o seu cabelo molhado grudado em seu rosto não atrapalhava sua apresentação.

Ethan observava o espetáculo de braços cruzados ao meu lado, olhava de relance para ele às vezes, me sentindo incomodada.

Dado momento ela desceu do palco e sentou no colo de um homem estranho, só por ela ter rebolado em seu colo, ele colocou um bolo de notas no meio de seus seios. Depois ela saiu e se aproximou de nós dando uma piscadela para Ethan. Ele sorriu, por que ele tinha que sorrir?

— Tem baba no canto dos seus lábios, Ethan. — Passo o dedo sobre a borda meu lábio.

Ele balança a cabeça.

— Não sei do que está falando.

Olho para ele incrédula.

— Não seja sonso.

Ele vira-se para eu sorrindo.

— Gisele não faz meu tipo, não chega nem perto, na verdade.

— Então qual é seu tipo?

Sua expressão muda para pensativo, demorou tanto tempo que eu quase fui embora.

— Garotas que enfiam um lápis na perna de um homem. — Respondeu de maneira estoica. Um formigamento tomou conta do meu rosto. — Não tem coisa mais sexy.

Pisco algumas vezes desviando o olhar dele. Ethan nunca havia sido tão claro, talvez fosse as margaritas que tomou mais cedo.

A música acaba, finalmente tirando os olhos dele de cima de mim. Gisele desceu do palco, agora veríamos quantos homens pagariam por ela essa noite. Não sabia como conseguia, por isso passei a admirá-la mesmo ela me odiando.

Esse era o momento que eu odiava, as meninas faziam de tudo por meras moedas, tudo isso por culpa da May.

Saí do salão sentindo meu estômago revirar, podia ser por comer apenas pão duro nos últimos dias ou por ver tudo aquilo acontecendo todas as noites.

Fui para um dos quartos ficar sozinha, esses momentos eu usava para escrever algumas músicas no caderno de notas velho que Ethan me deu, o escondia em um buraco na parede junto de lápis, mas hoje preferi arrancar as cascas das feridas no meu corpo. Doía, meu corpo inteiro ardia, entretanto, eu faria tudo para não precisar viver a mesma vida que as outras.

Olhei meu reflexo no espelho, minhas olheiras eram tão fundas que o verde dos meus olhos sumia. Era possível contar minhas costelas, minha pele não era tão pálida e seca antes de vir, por isso evitava me olhar no espelho.

A roupa que eu usava manchou de sangue, Maria me mataria, pois, era seu vestido.

Cansada, adormeci na cama que tinha no quarto.

Acordei com a porta sendo aberta, por sorte eu me escondi debaixo da cama antes que alguém pudesse me ver.

Pelas vozes era Gisele e um homem, ele fechou a porta com força em seguida jogou a em cima da cama com tanta força que fez as molas do colchão rangerem.

— Não pode ser, Gisele... — Resmungou o homem.

— Eu também não queria.

— Você tem certeza?

Ambos pareciam atônitos.

— Sim, fiz o teste mais de duas vezes. — Pela sua voz ela estava chorando.

— Vai dar um jeito de tirar essa criança!

Arregalei os olhos. Criança? Gisele estava grávida?

As coisas que aconteceram a seguir nunca mais sairiam da minha mente, Gisele levou vários tapas no rosto, foi asfixiada e humilhada pelo homem. Ela gritava enquanto ele estava encima dela.

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