Fernando se levantou de súbito, a cadeira girando e batendo contra a parede. As mãos tremiam de raiva, mas o que o dominava era o medo. Um medo como nunca havia sentido.
— Se você encostar um dedo nelas, Walter… eu juro que eu te mato! — rugiu, a voz carregada de ódio.
— Calma, calma… — Walter interrompeu, com aquela frieza que parecia se divertir com a aflição dele.
— Eu não vou fazer nada com elas , claro se você fazer exatamente o que eu disser.
O silêncio do outro lado foi interrompido pela voz abafada de Bianca, implorando:
— Fernando, não venha! Não faça o que ele disser!
Mas logo veio o som seco de um tapa e o choro desesperado de Valentina.
Fernando quase deixou o telefone cair. A imagem mental da esposa sendo agredida e da filha apavorada incendiou cada fibra do seu corpo.
— Maldito! — urrou, a voz quebrando. — Se você tocar nelas, eu acabo com você!
— Se você continuar me ameaçando — Walter disse, a voz baixa e molhada de desprezo do outro lado da linha
— vou ficar muito zangado, Fernando. E quando eu fico zangado, acabo fazendo coisas das quais depois me arrependo. Coisas que não quero fazer.
O som daquelas palavras comprimiu o peito de Fernando como uma prensa. Ele sentiu a sala girar, igualmente dominado pelo ódio que já fervilhava e por um medo novo, mais racional, que vinha da responsabilidade absoluta pela vida da mulher e da filha. Respirou fundo, controlando a ira que dizia para ele fazer loucuras — atacar sem pensar, encontrar Walter e acabar com tudo ali mesmo — e ao mesmo tempo escutou o tom cortante do sequestrador, que não deixava espaço para ingenuidades.
— É simples — continuou Walter, com uma calma cruel, como se estivesse descrevendo uma receita de bolo.
— Eu vou te mandar um endereço. Você vai até lá, sozinho. Vai fazer o que eu pedir. Não chame polícia, não traga ninguém. Se você tentar forçar ajuda, se organizar um resgate improvisado, se fizer algo estúpido… você estará assinando a sentença delas. — Ele pausou, e na pausa havia o som do prazer que alguém sente quando está no controle.
— Chegou a hora de acertarmos as contas, Fernando. Não tente fingir que não entende.
A frase “chegou a hora de acertarmos as contas” soou como sinos de funeral. Fernando sentiu o mundo encolher ao redor dele; por um segundo, foi só o telefone, a voz de Walter, e um silêncio que cheirava a chumbo. Havia, naquele comando, uma história inteira de ressentimentos, de escolhas e consequências, mas agora não eram lembranças — eram um ultimato.
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