As noites, que antes eram longas e carregadas de inquietação, agora se tornaram aconchegantes. Bianca e Fernando passaram a desfrutar do simples prazer de dormir lado a lado sem receios, sem o peso constante de um futuro incerto. O passado já não os aprisionava. Eles haviam sobrevivido, e, mais do que isso, haviam aprendido a viver de verdade.
Fernando se descobriu diferente. Já não era o homem que se deixava dominar pelo ciúme, que acreditava que podia perder Bianca a qualquer instante. Agora, quando a observava caminhar pela casa, sorrindo para Valentina, sentia apenas orgulho e gratidão. Ele tinha ao seu lado a mulher que amava, aquela que havia enfrentado tormentas sem jamais abandoná-lo, e por isso o amor só crescia.
Bianca também se transformara. A dor e o medo que um dia a deixaram fragilizada haviam dado espaço a uma força renovada. Ela sabia que a vida ainda poderia colocar obstáculos em seu caminho, mas tinha certeza de que, ao lado de Fernando, poderia enfrentar qualquer coisa. Ele era seu porto seguro, e a cada dia ela descobria novas formas de amá-lo — não pelo que ele representava, mas pelo homem que era, com suas imperfeições, sua intensidade, sua devoção à família.
Valentina, por sua vez, era a prova viva de que o amor renasce mesmo nas situações mais sombrias. A menina corria pelo quintal, inventava histórias com suas bonecas e, vez ou outra, surpreendia os pais com frases carregadas de uma sabedoria pura, típica das crianças.
— Papai, você e a mamãe são meus heróis — disse ela certa noite, quando Fernando a colocou na cama.
— Porque vocês sempre cuidam de mim e nunca deixam ninguém me machucar.Eu amo muito vocês.
Fernando sentiu o coração se apertar e beijou a testa da filha.
— Nós sempre vamos cuidar de você, meu amor. Sempre.
Bianca, que observava da porta, não conteve as lágrimas. Havia algo de mágico naquela vida simples que construíam juntos. Depois de tantos traumas, viver a normalidade era um presente inestimável.
As semanas se tornaram meses, e a cada dia eles se sentiam mais fortes. O julgamento de Walter se aproximava, e embora ainda houvesse tensão quanto a isso, Fernando e Bianca decidiram não deixar que essa sombra estragasse os momentos bons. Walter estava longe, e nada mais poderia alcançar a paz que, finalmente, era deles.
No aniversário de Fernando, a casa se encheu de sorrisos. Amigos próximos e familiares celebraram juntos, e a felicidade era quase palpável. Célia e Lúcio brindaram ao genro e à filha, emocionados por verem que a tempestade havia passado. Heitor e Laura chegaram de São Paulo com os gêmeos, Cecília e João Lucas, que logo encantaram a todos com seus olhos curiosos e risadinhas infantis.
A festa foi regada de abraços, música suave e boas lembranças. Bianca não tirava os olhos de Fernando, encantada com o homem que ele havia se tornado. Ainda era o mesmo intenso, ciumento em sua essência, mas agora sabia equilibrar seus sentimentos com a confiança que aprendera a cultivar. E esse amadurecimento só tornava seu amor ainda mais profundo.
À noite, quando todos já haviam ido embora e Valentina adormecera, Fernando e Bianca ficaram sozinhos. A casa estava silenciosa, iluminada apenas pela luz amarela que entrava pela janela. Eles se entreolharam, e não foi preciso dizer nada: sabiam que aquele era um momento especial.
O amor entre eles se traduziu em gestos, em carícias, em sussurros que preenchiam a noite. A cada toque, cada olhar, reafirmavam a promessa de nunca mais deixarem que nada os separasse. Depois, exaustos e saciados, ficaram abraçados, Bianca aninhada no peito dele, ouvindo as batidas firmes do coração que agora era também o compasso de sua vida.
Mas Bianca ainda tinha uma surpresa guardada. Com um sorriso tímido, ela se levantou da cama e caminhou até o guarda-roupa. Fernando a observou, curioso.
— Amor… o que você está aprontando? — perguntou, divertido.
Ela se sentou novamente na cama e colocou uma pequena caixa nas mãos dele.
— Eu sei que já te dei um presente hoje… aquele relógio que você tanto queria. Mas o melhor, eu deixei para agora, para esta noite.
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