Procura-se um pai romance Capítulo 12

- Mas não é Natal. E quando você comprou? Ficamos juntos o tempo todo.

- Seu pai. - Os lábios esticaram em um sorriso travesso - Eu vi enquanto sua mãe nos levou para caminhar, e disse a ele. Bom, quis ser prestativo e buscou pra mim. Pra você. - Esticou a pequena caixinha de veludo azul marinho.

Em cima, a assinatura da joalheria que tinha na cidade. Uma das mais caras e procuradas, uma franquia que acidentalmente deu certo em uma cidade pequena com poucos habitantes.

Ele pegou na minha mão, provavelmente por perceber que eu estava intacta e surpresa, esticou meu braço e colocou a caixinha na minha palma, fechou a minha mão com a sua por cima. Transferi meu olhar para os castanhos que novamente já me olhavam curiosos.

- Abre. - Pediu baixinho.

Suas mãos soltam das minhas e eu lamento internamente por isso. Abro a caixinha e minha vista embaça no mesmo instante.

Era um colar fino de ouro, acompanhado de um pingente de bebezinho e ao lado um relicário. Ver aquele pingente mexeu emocionalmente comigo, ver que ele pensava no bebê também.

- Marco. - Uma lágrima solitária escorre pelo meu rosto enquanto olhava o seu presente delicado.

- Aqui dentro - Abriu o relicário. - Você perguntou onde eu estava na noite em que tudo aconteceu, então peguei uma foto minha e a Gabi me mandou uma sua, um amigo meu é um gênio do Photoshop e conseguiu juntar nós dois em um abraço. - Sorrio com mais lágrimas no rosto ao ver a montagem de nós dois dentro do relicário.

Sua mão cobre parte do meu rosto e nós nos olhamos.

- Não estávamos juntos aquela noite - Começou, próximo o suficiente para sussurrar e eu ouvir perfeitamente - Mas eu queria estar. E no dia que você se sentir sozinha, ou arrependida daquele dia, abra o relicário. - Beijou a minha testa demoradamente. Sinto a sua respiração pesada no alto da minha cabeça.

Me senti confortável e com o coração aquecido, seus lábios ainda estavam próximos a minha testa, mas ele apenas apoiava seu rosto aspirando o cheiro do meu cabelo. Fecho os olhos sentindo cada milésimo desse momento, imaginando que aquela foto era real e que tudo o que estava acontecendo era verdade. Me permiti mergulhar nessa loucura e levantei um pouco o meu rosto.

Seus olhos encontraram os meus e seu polegar acariciou o meu rosto.

- Você não tem noção do quanto eu quero isso. - Confessou, como se tirasse um peso das costas. Mas uma careta triste em seu rosto me fez entender que aquele beijo não aconteceria.

- Por quê? - Perguntei, questionando os meus pensamentos. Porém ele entendeu.

- Eu estava lá... Eu estava na festa, Amélia. Nós nos conhecemos lá. - Afastei o rosto dele e dei alguns passos pra trás - A Gabi me chamou para ajudar, você estava dormindo praticamente desmaiada e ela não conseguia te carregar.

Minha cabeça doeu ao tentar lembrar daquela noite, tudo era um borrão preto e a voz do Marco começou a ser distante. Na minha mente tentava imaginar toda a cena que ele descrevia.

- Coloquei você no carro e levei vocês pra casa. - Continuou, tentou se aproximar e eu evitei. Seus ombros caem desapontados - Eu sei quem ele é, Amélia. Eu vi ele saindo do quarto umas horas antes. Eu disse a Gabi, e ela me pediu para deixar que ela contasse quando achasse que era a hora certa. Amélia, por favor... - Segurou no meu pulso e eu puxei pra trás, evitando o toque.

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