Sarah fica intacta, os olhos congelados e a boca entreaberta, igual ao meu pai. Ela puxa uma cadeira, levemente e senta ao lado dele, os dois pareciam ter visto um fantasma.
- Vocês ... - Papai começou, mas logo parou. Estava sem palavras.
- Minha filha, mas vocês só namoram.
Nem o pai do meu filho ele é, mãe.
Meu peito aperta angustiado e eu luto para não chorar na frente deles. Só quero que esse dia acabe, mas presumo que estraguei o Natal deles.
Estraguei o meu também. Na verdade estraguei grande parte da minha vida.
- Eu vou me casar com ela. - Marco quebrou o silêncio, meus olhos marejaram. - Não por obrigação, já planejava isso há um tempo.
- Garoto - Pela primeira vez meu pai tira os olhos de mim, e transfere para o Marco -, vocês fazem ideia do que estão fazendo?
- Papai. - Pedi chorosa. Não queria que ele ouvisse uma bronca que não merecia.
- Vocês me batem mais velho! - Bateu na mesa eufórico e gargalhou alto, minha mãe abre um sorriso e percebo que as lágrimas dos seus olhos são de emoção. - Vem cá! - Ele puxa Marco para um abraço.
- Ah, minha menininha! - Mamãe abre os braços e nós abraçamos. Eu preciso tanto disso que me desmancho em seu ombro. - Você será uma mãe incrível, eu tenho certeza disso. - Segurou meu rosto, limpando as minhas lágrimas enquanto as dela escorria. - Vocês vão formar uma família maravilhosa. Eu te amo, tá bom?
- Vem aqui minha garota! - Papai brutalmente me puxa para um abraço. - É bom ele ser maravilhoso pra vocês, se não eu pego minha espingarda. - Sussurrou, mas pude notar sua voz embargada.
- Estou tão assustada, pai.
- Eu sei. Eu sei, filha. - Beija o alto da minha cabeça e sorri emocionado.
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