Procura-se um pai romance Capítulo 6

Pela manhã caminhei até a cozinha com os pés descalços, sentindo o geladinho do chão de mármore. No calor que fazia hoje, era exatamente o que eu precisava.

Vejo meu pai com o jornal aberto, e a xícara de café a sua frente na mesa. As fumacinhas dançavam no ar e deixava um aroma maravilhoso.

- Bom dia, princesa. - Falou quando abaixou o jornal e dobrou em duas partes. - Dormiram bem?

Lembrei-me do Marco dormindo no pequeno sofá cama do quarto, com o rosto relaxado e as costas nua sendo iluminada pelo Sol. Engoli seco com a vontade de toca-la.

- Sim, papai. - Beijei o alto da sua cabeça e ele sorriu. - O que temos para hoje?

- Claro que você sabia que sua mãe faria uma tour pela cidade, não é? - Deu uma risada gostosa.

- Sem dúvidas. - Respondi olhando pela janela acima da pia enquanto pegava um copo.

Céu azul, brisa boa e o típico maravilhoso dia de verão. Aquela cidade era o paraíso.

- Bom dia. - Escuto a voz rouca e minhas costas endurece.

A atração que eu estava sentindo por ele parecia intensificar toda vez que ele se mostrava prestativo.

Talvez eu esteja acreditando na minha própria mentira e achando que a vida pode ser um contos de fadas.

Virei com o copo na mão e o segurei firme para não derrubar. Marco está sem camisa e vestindo apenas uma calça de moletom preta.

Suas entradas são bem marcadas na ponta da calça, seu abdômen definido e o peitoral desenhado. Seu braço abaixa após coçar os cabelos negros bagunçados e me dá um sorriso preguiçoso.

Ele é muito...

- Já tive minha época assim. - Papai falou nostálgico. - Em forma!

- Você está ótimo, Hugo. - Andou até onde eu estava e pegou o copo da minha mão. Nossas mãos se tocaram e eu quis acreditar que não fui só eu que senti o corpo esquentar. - Obrigado. - Agradeceu brincalhão, sabendo que o copo não era pra ele.

- Ah, garoto. Depois do casamento a única coisa que nós ganhamos é quilos e paciência.

- Paciência? - Puxou a cadeira para se sentar.

Para de olhar pra ele, Amélia. Pelo amor! Só para.

- Claro! Ou acha que com a paciência de hoje em dia você vai conseguir lidar com uma mulher diariamente?

- E é fácil lidar com vocês, não é? - Retruquei, me juntando a eles na mesa.

- Claro que é. Deixa o nosso futebol e a cerveja que não queremos guerra com ninguém, filha.

- Ah tá! - Minha mãe entra com sacolas nas mãos. Provavelmente foi às compras - E a casa, filhos, comidas e bem estar da família é com a mulher, não é Hugo?

- Não disse isso, querida. - Abaixou a voz e tomou um gole do seu café. Vejo seus lábios esticarem em um sorriso provocativo.

Marco se divertia com a discussão amigável da manhã. Sorria e interagia com eles como se fossem grandes amigos, ele tinha esse poder com as pessoas. Era incrível como parecia se encaixar em qualquer lugar.

Ele não se deu ao trabalho de chamar meus pais por senhor ou senhora, ele simplesmente apertou a mão e abraçou. Não tremeu, não se importou de descer sem camisa e da risada com a boca cheia como se fosse da família.

Seus olhos me encontram e o castanho se ilumina, sinto vontade de abraçá-lo e dar um beijo no seu ombro. Mas lembro-me de que tudo isso não passa de uma mentira.

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