Meu celular começa a vibrar e no visor vejo que é uma ligação da Gabi. Graças a Deus, estava tentando falar com ela desde ontem.
Atendi enquanto saía do quarto, Marco estava no banho e com certeza ele seria o assunto da nossa conversa.
- Alô!! - Gabi da um grito histérico e eu assusto.
- Ta louca!?
- Aí até que enfim! Eduardo cismou de acampar no fim do mundo, não tenho sinal e ontem eu vi ele comendo um inseto, dizendo que era como se vivia na natureza. - Desabafou, ela e seus gostos peculiares para homem.
- Céus! Que horror! E você comeu?
- Óbvio que não! Trouxe minhas barras de cereais escondidas, mas estou quase picando e colocando ele na fogueira. Mas me fala, como tá o Marco!? Comportado?
- Ele é um amor, sério. Meus pais o adoraram.
- E você?
- Óbvio né - andava de um lado para o outro no corredor.
- Vocês transaram? - Direta e reta.
- Gabriela! Eu estou grávida! - Repreendi, mas já pensei nisso também.
- Mas não está morta, meu amor... E...el...gos...Amélia!?
- Gabi? O sinal! - Avisei, tentando escuta-la. Mas a ligação ficou péssima.
- Eu...odeio....o Edu..mato...INFERN...- A ligação caiu.
Voltei rindo para o quarto, mas meu sorriso sumiu ao ver o Marco com a toalha branca amarrada na cintura.
Dos cabelos negros ainda pingavam gotículas de água e seu corpo estava totalmente molhado. Ele virou ao perceber que eu estava ali e sorriu. Ele sempre sorri.
- Esqueci minha roupa, te chamei e não me respondeu.
- Estava telefone...- Balancei a cabeça - Estava falando com a Gabi no telefone.
- Ah é, como ela tá? - Perguntou animado e tudo que eu queria era me concentrar no assunto.
- Ótima. - Respondi sem pensar.
Eu estava ótima. Ela não. Ela estava vendo o ex-futuro-namorado comer inseto.
- Que bom, vou me trocar e descemos para jantar, ok?
Confirmei com a cabeça e ele foi em direção ao banheiro.
- Ah! - Parou no batente e virou o pescoço - Eu percebo quando você baba em mim.
Entrou no banheiro e meu queixo caiu. Todo o meu rosto esquentou e eu quis bater a testa na parede em desespero.
Mas a Gabriela me despertou uma certa dúvida:
Será que eu seria muito errada se me permitisse passar uma noite com o Marco?
Depois eu voltaria para o meu apartamento e trabalho e ele para a mulher dele. Pensar nisso fez com que o ar sumisse dos meus pulmões, mas era a realidade.
Eu precisava ver como o corpo dele se mexia, como as mãos me tocariam, precisava sentir o cheiro do seu pescoço e o gosto dos seus lábios.
Talvez depois do jantar...
Eu e a minha mãe nos movimentávamos pela cozinha em silêncio enquanto terminávamos de preparar o macarrão e a torta de pêssego. Preparamos a mesa para quatro, desviei os olhos para a sala quando escutei as altas risadas do meu pai e do Marco.
- Eles se gostaram, hum? - Ela disse, segurando um sorrisinho.
- É, eu acho que sim.
- A médica está viajando, não vai conseguir fazer o ultrassom, então assim que voltar comece o pré-natal! - Começou a tagarelar.
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