Procura-se um pai romance Capítulo 10

- Que delicia! - Marco arfou satisfeito ao terminar de comer.

- Por isso eu não tenho mais a barriga em forma, garoto! Minha mulher me engordou ao decorrer dos anos.

- Ah, não foi a cerveja e o sedentarismo não, né Hugo?

- Querida, não estrague o elogio.

- Conheço alguém assim. - Marco me olhou e cutucou minha perna por debaixo da mesa. - Não posso estar falando algo bonito que ela dá uma voadora no meu peito.

- As mulheres dessa família são terríveis! - Disse meu pai ao Marco.

- Não somos não! - Mamãe defendeu - Você vai ver Marco, a convivência é mais fácil do que imagina.

Marco sorriu, mas não como sempre. Seu sorriso saiu um pouco triste, os castanhos não estavam tão iluminados. Eu fiz o mesmo, acho que naquele instante enquanto meus pais não percebiam, nós lamentávamos por isso tudo não ser verdade.

**

Assim que passamos pelo batente da porta do quarto, ele me puxou com a mesma agilidade que fechou a porta atrás.

Puxou meu corpo pela cintura e pressionou o dele contra, segurei a respiração ansiosa.

- Você não parou de me olhar. - Comentou.

Estamos perto demais, sinto seu hálito quente e refrescante bater contra o meu rosto, nunca ficamos tão próximos assim.

- Não teria percebido se não estivesse me olhando também. - Falei lentamente, soltando o ar.

O seu cheiro era incrível, além do perfume ele tinha um aroma natural, o corpo quente aquecia o meu e eu poderia jurar que o coração sairia pela garganta a qualquer momento.

Nossos nariz se encostaram, seus olhos fecharam. Os cílios escuros e cheios se aproximaram.

Um objeto começa a vibrar no seu bolso dianteiro, ele passa a língua entre os lábios um pouco irritado. Eu totalmente frustrada dou um sorriso de puro nervosismo.

- Pode atender. - Sugeri, e não sei ao certo porque.

- Não quero.

Ele retirou o celular do bolso para colocar em outro lugar, mas os seus olhos travaram na tela.

Meu estômago embrulhou e não foi pela gravidez ou a refeição, foi por saber que naquele visor o nome escrito era da mulher que ele amava.

- Tudo bem. Eu atenderia se fosse você. - Aconselhei após ele me olhar confuso.

- Mas...

- Tudo bem. - Engoli o ciúmes e o desespero de saber que estava entregando ele a ela de bandeja.

Entregando? Mas ele nunca foi meu, sempre foi dela.

- Amélia, eu pensei que...

- Não, por favor. - Interrompi um pouco irritada. Não com ele, mas comigo mesma.

Marco espreme os olhos, o celular torna a vibrar. Ele movimenta o seu maxilar de um lado para o outro. Os olhos transparecem o quanto ele está confuso com o que estou falando. Seus lábios se movem para dizer algo, porém desiste e fecham novamente.

Sem dizer nada ele abre a porta e sai, e pelo corredor posso ouvir ele dizer um "alô" curto e grosso.

O que estou fazendo? O que estou pensando?

Mentir para os meus pais e inventar tudo isso só para não ser julgada.

Massageio as têmporas estressada.

Em que mundo eu vivo que prefiro esconder a gravidez de uma pessoa? Por que achei que poderia dar conta disso sozinha?

Marco não vai estar aqui pra sempre, na realidade só vai estar nos próximos três dias.

Preciso tomar uma atitude madura no meio de tantas infantis.

Pego o celular e sento na cama enquanto procuro no contato da Gabi. Abro a janela da conversa e começo a digitar:

Vamos procurar o pai do meu filho.

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