O meu celular não parava de soltar um barulho terrivelmente estridente e alto, tocando Mamma Mia como forma de dizer que alguém estava me ligando. Tentei ignorar o barulho enquanto ficava a pensar quem estava me ligando tão cedo. Afinal, eu podia jurar que não fazia mais do que duas horas que eu tinha me deitado.
– Atende essa porcaria logo, Sara! – Gritou minha mãe mal-humorada no colchão próximo do meu. Eu tinha cedido a minha cama para vovó, de forma que eu e minha mãe estávamos em desconfortáveis colchões de ar que eu tinha de emergência em casa.
– Ta bom. Já vou. – Respondo ainda molenga pegando o celular. Ao menos eu não tinha acordado mamãe e vovó quando cheguei. Se bem que elas tinham o sono bem pesado. Acho que eu precisaria gritar para algo como isso acontecer. De qualquer forma, estava mais que grata por elas não poderem me encher e bombardear de perguntas.
– Alô? – Pergunto sem antes ver quem estava me ligando. No segundo seguinte ouço uma voz afeminada dizer:
– Bom dia, docinho. Estou falando com Sara, não é mesmo? – Pergunta e eu fico um pouco confusa por alguns segundos. Não fazia ideia de com quem eu estava falando, mas, aparentemente, essa era uma das pessoas que insistia em arrumar um apelido para mim. Como assim? Agora todo mundo achou que eu merecia um apelido??
– Depende. Se você não estiver querendo me matar. – Comento ainda com sono, tentando esfregar uma das minhas mãos no rosto para afastar o sono que se fazia presente em mim. Acabei fazendo a mulher do outro lado soltar uma risada abafada enquanto me respondia, alegremente:
– Então você não perde o humor mesmo com sono. – Ela refletiu como se estivesse me avaliando. Fiquei confusa novamente enquanto não pude deixar de perguntar:
– Com quem eu estou falando?
– Ah, me desculpe, esqueci de me apresentar. Eu sou a Mara, secretária pessoal do Sr. Alexander. A gente tem alguns compromissos marcados. Estarei te esperando embaixo do seu prédio daqui vinte minutos, pode ser? – Ela me perguntou e eu apenas arregalei os olhos, congelada por alguns segundos.
– Vinte minutos o que? – Confesso que quase gritei, o que fez minha mãe me xingar logo em seguida.
– Sai desse quarto com esse telefone, Sara! Que inferno! – E sim, minha mãe sabia ser bem boca suja quando estava se referindo ao seu sono sagrado. Mas acho que todo mundo é assim na hora do sono e da fome.
– Ta bom. – Respondi já seguindo como um foguete para a minha sala. Aparentemente Mara esperou alguns segundos para continuar falando.
– Sim. Vinte minutos. Temos muitas coisas a fazer. Até mais, docinho. – Ela disse desligando na minha cara. O que só me deu tempo para continuar bem confusa e depois perceber que eu tinha o tempo cronometrado para sair de casa. Isso sim era um inferno.
Corri para o meu quarto nas escuras e tentei encontrar a primeira roupa que consegui no escuro. Afinal, não podia tentar acordar minha vó e minha mãe, não depois de quase ter sido alvo de um olhar mortal da minha mãe. Por essa razão, quando entrei no banheiro para voar num banho rápido, que percebi que eu sempre seria o azar em pessoa e sempre acabaria escolhendo os piores momentos para me humilhar ainda mais. Como o que eu estava prestes a fazer naquele momento ali.
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