Fui boa parte do caminho rezando.
Depois de dizer para Alexander por onde eu morava, eu só conseguia sentir que a qualquer momento eu ia ser levada para um local obscuro e seria violentada. Claro, minha mente completamente insana. Estava tremendo, ainda que eu imaginasse que fosse por conta do frio que a chuva tinha me deixado e não do medo.
Por algum tempo, ele não disse nada e eu só conseguia olhar fixamente o caminho, percebendo que ele realmente seguia o caminho fielmente até a minha casa. Mesmo assim, ainda havia alguma coisa dentro de mim que gritava para que eu abrisse a porta e saísse correndo.
Mas eu só faria isso se não estivesse chovendo, o que era o caso.
Maldito Dobby. Obrigada por ter me abandonado com esse homem muito bonito e famoso, que aparentemente eu não conhecia.
– Está com frio? – Perguntou Alexander começando uma conversa. Balancei a cabeça negativamente, mais para me fazer de forte, muito embora eu soubesse que se falasse alguma coisa, ia demonstrar o frio que sentia com o bater de dentes.
– Sei. – Disse Alexander aparentemente se divertindo com a minha coragem tola, já que mal falou isso e aumentou o ar para vinte e cinco graus. Me senti mais aliviada de que finalmente ia ficar quentinha.
– Me desculpe por estar molhando o seu banco. – Disse um pouco envergonhada, porque, na verdade, essa era a realidade.
– Não se preocupe. – Ele disse virando o rosto rapidamente na minha direção e piscando. Voltei minha direção para a estrada, mais para não corar, do que, de fato, estar prestando atenção por onde íamos.
– Então.... Você me conhece? – Ele pergunta ainda sorrindo, parecendo se divertir às minhas custas. Eu não acho graça.
– Não. Não assisto televisão. Em que canal você costuma passar? – Pergunto fazendo Alexander soltar uma longa gargalhada, achando graça da minha tontura. – O que foi? – Pergunto ainda um pouco ofendida. Ele balança a cabeça negativamente.
– Não é nada, não se preocupe. – Riu mais um pouco para finalizar. – Mas é que eu nunca conheci alguém que não me conhecesse. – Ele disse risonho. Revirei os olhos.
– Bem-vindo ao meu mundo. – Brinquei o fazendo sorrir sugestivamente.
– Também é famosa e eu não te conheço? – Ele pergunta e eu nego.
– Não sou famosa e ninguém me conhece, mas cozinho muito bem por sinal. – Faço-o rir enquanto ele balança a cabeça concordando, antes de me perguntar:
– Trabalhas em algum restaurante? – Não sei se é o certo eu falar onde trabalho, mas diante das circunstancias de que ele está me levando para minha casa – algo mais íntimo do que isso eu não sei se existe – eu acho que não há nada demais de eu falar onde eu trabalho.
– Sim, nas redes Falcão. – Comento e pareço ter a atenção dele. Não é por menos. É uma das redes mais conhecidas da região, todo mundo um dia pelo menos, quer comer nelas.
– Ah, é? Chefe? – Ele pergunta interessado e eu me sinto humilhada ao falar a verdade.
– Mais ou menos. Vou fazer o teste amanhã. Se eu conseguir... – Comunico e ele parece concordar com um pequeno sorriso no rosto.
– Tenho certeza de que quem vai te julgar vai gostar do prato com linguado. – Ele diz e eu dou de ombros, já que não fiz o teste para saber se vai realmente ficar assim tão bom, então não posso concordar com ele antes disso. Mas tento ser simpática, dando alguma esperança para ele:
– Tomara que sim. – Voltamos ao silêncio que havia antes.
Eu não moro muito longe, mas, aparentemente, por conta da chuva, muitos locais estão com transito parado, fora os semáforos, que estão aqui e acolá transformando tudo num inferno.
– Você é daqui de São Paulo mesmo? – Ele pergunta e eu nego, um pouco desconfortada com as perguntas.
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