– Mãe, vó, o que vocês fazem aqui? – Pergunto observando as mulheres. Minha vó está confortável no sofá, fazendo alguma peça de tricô, enquanto minha mãe aparenta estar mudando de canal a todo o momento procurando alguma coisa para ver na tv.
– Ora, te visitando. Já falei sobre isso, querida. – Disse minha mãe como se eu fosse uma mulher com Alzheimer e precisasse ser lembrada do porque elas estavam ali.
– Não. – Disse enquanto tentava parecer tranquila na frente do estranho, o que, claramente, eu não estava. – Eu quis dizer, o que vocês estão fazendo aqui, no meu apartamento? Vocês não iam chegar só daqui quinze minutos? – Perguntei como se fosse óbvio. Dessa vez, foi minha vó que respondeu.
– Adiantou o ônibus. E você não preza pela sua própria segurança. Diga-me senhor, você sabe que sua namorada deixa a porta do apartamento aberta quando vai sair para fazer seja lá o que for? – Perguntou vovó carrancuda. O olhar quarenta e três dela era de dar medo, ainda mais dado a Alexander, que Jesus! Não tinha nada a ver com a situação e estava ali, servindo de cristo para ser crucificado.
Maldito momento que fui aceitar essa loucura toda.
– Ah, eu... – Começou Alexander e eu só conseguia imaginar o quão louco seria falar para a minha mãe e a minha vó que eu deixei um desconhecido entrar em casa.
– Eu não sabia que a Sara fazia isso. Por que você é tão descuidada assim, amor? – Ele perguntou me fazendo arquear a boca e paralisar por um instante.
– Como é que é? – Perguntei ainda sem fala. Minha voz saiu mais aguda do que imaginei que sairia, mas, o pior de tudo, era ver que ele dava asas para o que minha mãe e minha avó pensavam, transformando todos os sonhos delas em realidade.
– Ah, mas você nem imagina. A começar pelo fato de que ela nunca falou de você. – Continuou minha vó sendo mais sensível que uma cabra.
Será que eu nunca falei dele porque ele nunca existiu até hã, alguns minutos atrás, minha vó querida?
– Não acredito! – Exasperou Alexander, fingindo-se de ofendido. Meu Deus, ele era um ator mesmo, não pode ser. Por que agir tão fantasmagoricamente bem assim, só podia o fazer ser duas coisas: Uma pessoa muito boa no que faz ou quem sabe, um assassino.
A ideia me fez o olhar mais minunciosamente. Okay. O guarda não mentiria para mim, não é mesmo? Não faria eu deixar um assassino entrar em casa? O meu porteiro não teria ficado tão boquiaberto com essa opção, não é mesmo? Alguém me diz que não, que só posso estar delirando.
– Mas sabe, faz parte da Sara. Sabe o que acho também? Que ela com certeza inventou para vocês de que amanhã não vai poder dar atenção a vocês porque terá que cozinhar para se tornar chefe. Não é? – Aquilo me fez sair do sem fala, para o completamente falante.
– Mas isso é verdade! – Exasperei. Meu Deus, o que estava acontecendo com a minha vida? O que esse estranho estava fazendo? Só podia querer que elas mudassem de ideia e achassem que eu não era o que demorei anos para mostrar que era: Ocupada!
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