– Mas Sara... – Ela umedeceu os lábios venenosos. – Ainda continua com aquelas ideias malucas? – Perguntou e Alexander me encarou. Eu quase consegui dizer “eu te avisei”, pois o tinha dito o quanto minha família não aprovava a forma como eu levava a vida. E Susana parecia fazer sempre questão de deixar isso bem claro.
– Sim, Susana. Na verdade, eu sou a chefe do restaurante do Ale. – Disse o que fez Susana vir a me encarar. Eu sabia que havia mais veneno a sair dela, mas vovó cortou.
– O que uma boa cama não faz. – E todos começaram a rir enquanto eu não sabia onde enfiar a minha cara! Todos agora zoando de mim na minha frente! Onde tinha ido parar o pudor? Eu queria esconder o meu rosto em algum lugar, pois eu já não mais aguentava a forma como todos me criticavam. Alexander, para minha surpresa, tentou modificar o clima.
– Sara não me conquistou por isso. Ela é muito especial. Ela é corajosa, sabe o que quer e como quer, é muito decisiva no que quer e faz pratos fantásticos. Além disso, é alguém que luta para ser o que quer e eu a admiro muito pelo que ela é. – Ele disse me encarando. Fiquei a encará-lo, pois sabia que se voltasse a atenção a minha família, a única coisa que eu conseguiria fazer seria chorar e reclamar de todos.
E depois mamãe perguntava porque eu odiava aparecer em qualquer festa comemorativa que havia ali. Será que não havia explicação, de fato?
– Ah, como é o amor. – Disse Aninha chamando a atenção para ela. Por que era o que ela gostava de fazer também. Dizer que era melhor do que todos. – Eu e o Jorge também somos assim. Jorge diz que admira muito como eu consigo tirar ótimas fotos com esse meu corpo, não é mesmo, meu cute cute? – Pergunta Aninha fazendo uma voz de criança e eu só consigo arquear a sobrancelha pensando algo como ‘ o que diabos foi isso?’
– É verdade. No começo é assim. Espera vir as crianças. – Disse Matheus. De alguma forma, de todos ali, era o que eu melhor me entrosava. Embora boa parte do tempo o assunto fosse as crianças, Matheus e Yasmim eram os que eu melhor conversava, pois eles, ao menos, não tinham palavras ruins a despejar em ninguém. Estavam sempre de boa com a vida, ainda que com muitas olheiras em virtude das crianças.
O assunto começou a se desfazer. Mas eu sabia que uma hora ou outra ia voltar. Bastava que Aninha calasse a boca, era o que todos queriam, afinal. Assim, eles voltariam com as perguntas terríveis a minha pessoa, isso se vovó já não respondesse por mim, me deixando ainda mais transtornada.
– Sim, Marilene. Já deu. Oras essa, a nova juventude é assim. – Disse vovó num momento que a conversa não estava mais tão alta. Ainda que eu não tivesse certeza que vovó estava falando de mim, eu podia jurar que era e estava quase a corar com isso. Mas meu Deus, não havia outro papo que não fosse eu? E onde estava esse almoço que parecia não se aprontar nunca? Não ficava pronto nunca?
– Mas, me diga, Alexander, você aceita que a sua futura esposa trabalhe numa cozinha? Não é muito cheio, muito cansativo? – Voltou a perguntar Susana. O veneno voltando a destilar. Suspirei. Alexander parecia estar com muita paciência e muito bom humor, já que ele logo respondeu:
– De maneira alguma! É bom que ela trabalhe bastante assim. Daí ela já vai estar calejada para o round 2, não é mesmo, chuchu? – Perguntou Alexander piscando para mim. Agora, até Alexander querendo me deixar morta de vergonha voltando a falar de assuntos que ele era especialista: Qualquer assunto que envolvesse sexo.
– Mas... – Começou Susana, mas Alexander interrompeu-a.
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