Sal, Pimenta e Amor(Completo) romance Capítulo 32

Acho que só porque Alexander pediu, vovó aceitou que ele cozinhasse. Não havia outra explicação que eu pudesse dar para algo assim. Alexander e eu então fomos para a cozinha e começamos a preparar então o almoço.

– O segredo de um frango caipira é deixar cozinhar bastante, com sal, pimenta e, como vovó costuma dizer, com muito amor, Ale. – Disse colocando sal no frango. Ale me entregou então a pimenta e eu só consegui rir pensando que tal como a pimenta, Ale sabia muito bem ser quente, ardente e diria até que afrodisíaco. Ele provavelmente não entendeu a minha risada, já que apenas continuou preparando os outros ingredientes.

Eu só conseguia admirar como nós nos dávamos bem na cozinha. Cada um parecia já saber do que o outro precisaria e conseguíamos nos entrosar de uma maneira sem igual. Enquanto estávamos ali, cozinhando, acabei lembrando de uma coisa e perguntei para Ale:

– Você não tem nenhuma rede Le Monde no seu nome, Ale? – Perguntei e Ale que cortava rapidamente uma cenoura, parecia até mesmo não olhar, me respondeu:

– Não ainda. Frederico não admite uma coisa dessas, Sá. – Ele respondeu e eu franzi o cenho logo em seguida sem compreender:

– Por que não?

– Por que ele acha que eu posso acabar desrespeitando ele e me auto tornando um chefe de cozinha. – Ale riu desse comentário. – Ele sequer sabe que fiz gastronomia, Sara. Acha que só fiz Administração. Eu fiz fora do país, fingindo que estava aproveitando a vida boemia fora do país. – E eu arregalei os olhos sem acreditar.

– Uou. Isso que é realmente não querer o filho trabalhando numa cozinha. Por que isso Ale? – Perguntei e ele só conseguiu dar de ombros sem saber ao certo também. Comecei a descascar uma batata enquanto agora Ale lavava algumas folhas.

– Meu pai tende a ser controlador, Sara. Tudo tem que ser conforme à vontade dele. – E dizendo isso Ale realmente parecia muito compenetrado em odiar o pai dele. Havia um brilho no olhar dele que era até mesmo... Ruim?

– Mas você já é maior de idade Ale. Tenho certeza que conseguiria montar seu próprio restaurante e fazer sucesso. – Disse sendo sincera, pois eu realmente acreditava que isso era possível. Ale bufou.

– Eu sei, chuchu. Eu sei. Mas há algumas coisas que eu já pensei para passar por isso. E acredito que logo conseguirei. – Ele disse com um sorriso no rosto, o que só me fez franzir o cenho sem compreender. O que afinal Ale tinha de plano na mente?

– E o que seria isso que você acha que vai conseguir? – Perguntei curiosa.

– Vou conseguir minha independência plena, chuchu. – E dito isso Ale deu uma gargalhada e completou: – Vamos, estamos quase terminando, já.

O almoço de fato já estava quase completo, deliciosamente feito. Esperava de verdade que todos gostassem, pois eu e Ale tínhamos realmente nos esforçado para tal. Tão logo terminamos já chamamos a vovó para comer. Assim que vovó tirou sua comida, os outros vieram atrás, famintos, querendo um pouco também.

– Parabéns, Ale. Está uma delícia. Um gostinho de mel, também, não é mesmo? – Perguntou vovó e Ale concordou. – Você também, Sara. Parabéns. – Disse Vovó e foi a única coisa que ela disse enquanto quase engolia o prato junto de tão saboroso que a comida parecia estar. Ri quando todo mundo passou a comer com gosto e o frango acabou sendo pouco para tantas pessoas que haviam. Mas não tinha problema, todos estavam comendo com ou sem frango e eu só consegui voltar minha atenção para Ale e sorrir.

Ele olhou para todos comendo e depois para mim e me lançou um sorriso. Um sorriso tão singelo e calmo que eu só consegui sorrir de volta enquanto assentia. Tínhamos feito um ótimo trabalho e vovó parecia estar muito feliz por isso nesse dia que era seu aniversário.

Tão logo terminamos de almoçar, todo mundo começou a trabalhar. Colocamos os carros estacionados na parte de trás da casa e começamos a arrumar a parte da frente da casa para a festa que aconteceria. Eu e algumas mulheres começamos a cozinhar algumas coisas, principalmente doces, e Ale foi ajudar os outros homens a pendurar lâmpadas e outras coisas mais na entrada da casa. Estava muito calor, mas todos trabalhavam perfeitamente bem, pois aquilo, de alguma forma, representava muito para a minha família.

– O seu boy tem um abdômen, Sara... – Ouvi Aninha comentar enquanto adentrava a cozinha sorrindo de uma maneira muito estranha. Arqueei a sobrancelha e fui obrigada a seguir as outras mulheres que estavam agora se esgueirando na janela da cozinha para ver o que Aninha falava. Por uma pequena fresta de sobra pude identificar o que Aninha falava.

Ale estava sem camisa e esticado pendurando uma lâmpada no bocal. Os músculos dele estavam todos distendidos, num formato de pecado sem fim. Havia ainda alguns gomos na barriga e eu fiquei pensando em que momento esse homem, e que homem! Conseguia arrumar tempo para malhar o corpo dessa maneira.

Ale era uma estrada cheia de curvas perigosas que, se não tomasse cuidado, a chance de se perder nelas era absurdamente grande. E, ao pensar nisso, só pude arregalar os olhos. Eu estava me deixando perder nessas curvas e, de alguma forma, eu não tinha arrependimento nenhum com isso.

– Ai, Jesus! – Disse titia e eu só consegui sorrir enquanto espantava a mulherada da janela para ver Ale.

– Vamos trabalhar, que esse aí já tem dono! – Disse brincalhona enquanto as mulheres reclamavam que queriam olhar mais um pouco. Ri enquanto dava uma última espiada na janela vendo que agora Ale tinha parado de colocar a lâmpada e parecia procurar alguma coisa, como se ele soubesse que estava sendo olhado.

A minha lerdeza só foi passar quando o olhar dele se encontrou com o meu e eu percebi que a tonta que ele estava procurando, que estava olhando ele ali, era eu! E para piorar as minhas bochechas corando violentamente, assim que os olhos de Ale se cravaram nos meus, ele piscou para mim, o que me fez afobada, sair da janela rapidamente, não sem antes dar uma de louca e derrubar algumas panelas no chão.

– Sara! – Gritou as meninas e eu só conseguia dizer:

– Desculpa, desculpa. – Disse pegando as panelas novamente. Mas já era tarde demais. Ale tinha me pego com o rosto vidrado nele e eu já nem sabia mais como fingir que não estava atraída por ele. Eu estava ferrada, já tinha percebido por fim.

A arrumação não demorou muito para ser concluída. O ruim foi a pouca quantidade de banheiros para tanta gente se arrumar. Acabei optando por esperar o pessoal enquanto mexia no meu celular, vendo as novidades.

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