Só Minha! Volume 1 da Trilogia Doce Desejo romance Capítulo 8

Na sala de refeições, Jenny trouxe louças e talheres. Entregou uma pilha com pratos de porcelana para a amiga e segurou um dos pratos que quase caiu. Observou Nicole enquanto colocava a mesa.

― Você está tensa! Deixa, eu termino de arrumar.

Nicole aproximou-se da janela. Espiou o pai que brincava com o filho e um cão da raça labrador, que Jenny e Lana adotaram.

― Vocês conversaram?

Jenny olhou para a amiga que mais parecia uma estátua.

― Um pouco! Falamos sobre o trabalho dele, sobre as viagens que ele fez e sobre o Alex.

― Por que você está nervosa? Tenho certeza que ele não roubará o Alex de você.

― Meu filho não desgruda do Alexander, eu acho que estou com ciúme do meu bebê.

― Isso é coisa de momento. Alex está empolgado com o pai, deixa eles curtirem. ― Jenny organizou os talheres. ― E quanto ao seu trabalho?

― Pedi as minhas férias. Meu filho precisará de mim nos próximos dias, tem muita coisa acontecendo, eu não quero deixá-lo sozinho.

― O almoço está pronto!

Lana segurava uma travessa de espaguete com almôndegas.

― Tomara que apreciem comida italiana.

Os cachos escuros caíram no rosto da mulher com traços hispânicos e esconderam os olhos cor de âmbar.

― Hum, eu adoro! ― Jenny deu um beijo leve nos lábios da namorada. ― Você me conquistou pelo estômago.

Após servirem o almoço, Nicole apareceu na varanda e parou para admirá-los. Era incapaz de interromper aquele momento precioso. O som das risadas da criança era contagiante.

― O almoço está servido! ― Pousou a mão na cintura.

Alexander passou os dedos por entre os fios de cabelos que caíram sobre a testa. Arrumou os óculos e vislumbrou a imagem do corpo curvilíneo no tecido do vestido leve preto. Imaginar como seria a vida ao lado da mulher que tanto amava trouxe-lhe uma fagulha de esperança. Ele apostou corrida com o filho até a varanda da casa e permitiu que o menino vencesse.

― Sou mais veloz que o Flash.

Havia empolgação na voz da criança. Alex correu de um lado para outro da varanda.

― Venham logo, a comida esfriará. Lavem as mãos!

Durante o almoço, Nicole serviu uma porção do espaguete ao filho e logo depois ao ex, que tocou em suas mãos quando pegou o prato e a agradeceu. Jenny abriu uma garrafa de vinho seco.

― Mamãe, posso beber vinho?

― Não! ― A voz calma de Nicole negou.

― Pronto, suco de uva. ― Jenny colocou a caixinha de suco na mesa. ― Agora coma porque você tem que ficar forte.

― Igual ao meu pai?

― Tomara que não! Seu pai parecia um bambu de tão magro e alto. Se um vento passasse levaria ele para longe. ― Não conteve a ironia na voz.

― Olha quem está falando? A quatro olhos do oitavo ano.

― Quem é quatro olhos, mesmo? ― Gesticulou na direção do rosto de Alexander que ajeitava a haste dos óculos. ― As suas lentes pareciam com o fundo de uma garrafa.

― Isso é bullying, Jenny! ― Alexander abriu meio sorriso.

― Crianças não briguem! ― Lana caçoou.

O clima estava descontraído. Todos lembravam das zoeiras e das brincadeiras da época da escola. Falaram da fase franzina de Alexander na adolescência e de como Nicole era cega de amores por ele.

― Essa daí, só tem olhos para você! ― Comentou Jenny enquanto se servia da quarta taça de vinho. ― Um ano depois que acordou do coma, ela só queria trabalhar e cuidar do filho. Só falava em ir para França atrás de você.

― Jenny! ― O rosto de Nicole enrubesceu.

― Estou falando alguma mentira?

Jenny encarou Nicole e prosseguiu depois da amiga balançar a cabeça em sinal negativo.

― Na época, nós compramos as passagens para ir atrás de você ― confidenciou Jenny.

― Por que não foram? Eu as receberia lá e quem sabe conheceria o meu filho há mais tempo.

― Eu não tenho ideia de como a sua família descobriu. Nicky fez um acordo com sua avó e com os seus pais. Ela queria ficar com o filho e eu dependia da residência no hospital para obter avaliações positivas.

Alexander mexeu o pescoço para aliviar a tensão. Tomou um gole de água e em seguida encheu a taça de vinho.

― A sua avó deu uma boa quantia para a tia da Nicky comprar uma casa. Era para Joanna cuidar da Nicky até que ela se adaptasse ao Alex.

― Por favor, Jenny! ― Nicole intercedeu. ― Vamos falar de coisas boas.

Jenny pediu licença e saiu da mesa para buscar mais uma garrafa de vinho na adega, depois do pedido da amiga.

O estômago de Nicole embrulhava só por lembrar da tia. Ela sabia os motivos pelo qual Joanna a deixou, mas encontrou forças no filho para se reerguer e seguir com a vida.

Logo que terminou de ajudar o menino com a refeição, Nicole trocou olhares quando elevou o rosto em direção a Alexander do outro lado da mesa. Ela o conhecia o suficiente para entender aquele olhar desafiador.

― Eu vou ajudar o Alex a escovar os dentes. ― Prendeu o cabelo em um coque e se levantou. ― Com licença! Vem filho!

Assim que retornou à mesa com uma garrafa de Sauvignon Blanc, Jenny sentou-se na cadeira com certa dificuldade. Encheu a taça de Alexander e ofereceu à namorada, mas Lana negou com as mãos.

― O que a tia dela fez enquanto eu estive fora?

― Então, como eu estava contando, Joanna deixou eles numa casa pequena e sem móveis no subúrbio do Rio. Parece que ela fugiu com o restante do dinheiro.

Por quase uma hora os dois conversaram sobre tudo o que aconteceu no período em que ele esteve fora do país. Após o almoço, Lana se levantou e pediu que Alexander e Jenny tirassem a mesa e lavassem a louça

Eram quase duas horas da tarde, Jenny lavava a louça enquanto Alexander secava e guardava. Ele tinha uma certa dificuldade em realizar aquela tarefa. Enxugou um dos pratos meio sem jeito e prosseguiu com as perguntas, tinha certeza que Jenny lhe revelaria tudo o que precisava saber.

― Então quer dizer que a Nicole não casou, não tem namorado e é gerente na mesma loja em que trabalhava antes de nos casarmos?

― Não, não e sim! ― respondeu Jenny com a voz arrastada pelo vinho. ― Quando Alex fez dois anos, muitos de seus amigos ficaram paquerando Nicky, inclusive o meu primo. David prometeu assumir o seu filho e tudo mais. Eu só fiz isso durante o primeiro ano do Alex. Com o tempo eu desisti, a Nicky não gosta da coisa. Se é que você me entende. ― Sorriu com o canto dos lábios.

― Até tu Brutus? Estou bem servido de amigos.

Jenny desligou a água depois que terminou de lavar o último prato. Antes de sair da cozinha, ela guardou algumas louças e se aproveitou da boa vontade do amigo.

― Use esses músculos e tire o lixo, por favor!

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