É sexta-feira à noite e, após um longo banho, Victor caminha pelo corredor em direção à sala de jantar, sentindo uma incomum sensação de calma. Em sua mente, só dá Marina e os planos para um final de semana perfeito. Mal pode esperar para estarem juntos, e esse pensamento aquece seu coração. No entanto, ao passar em frente ao escritório do pai, percebe a porta entreaberta e nota algo errado, mas decide ignorar. Porém, a voz grave e autoritária de Xavier o faz parar.
— Victor, por favor, venha até aqui — chama Xavier, em um tom que não admite negativa.
Victor respira fundo, contrariado. Relutante, dá meia-volta e entra no escritório, onde os pais o aguardam, ambos com uma expressão rígida. A tensão no ambiente é quase notória, e ele já sabe qual será o assunto. Cansado de toda essa resistência à sua relação, encara ambos com um semblante gelado.
— Se for mais uma conversa cheia de baboseiras sobre a minha namorada, saibam que não vou ouvir — declara, tentando cortar o assunto pela raiz, com um tom gélido.
— Sente-se. Apenas faça isso! — ordena Xavier, interrompendo o filho.
Victor lança ao pai um olhar de irritação, mas quando olha para a mãe, nota algo que o deixa inquieto. Joana está com os olhos avermelhados, como se tivesse chorado, e ele sente um aperto no peito.
— O que houve? — ele questiona, suavizando a voz por um instante.
Joana permanece em silêncio, com o olhar triste e úmido. Ela faz um gesto para que ele obedeça ao pai. Confuso, Victor se senta, mas ainda mantém o semblante rígido.
— Filho, esta é a última vez que eu te peço — começa Xavier, com a voz pesada. — Por favor, se afaste da Marina.
Victor solta uma risada irônica, incrédulo.
— Já disse que não farei isso, já disse! — reverbera, enfático. — Se vocês não conseguem respeitar a minha escolha, então apenas me deixem em paz!
Ele tenta se levantar, mas sua mãe segura seu braço. Seus olhos estão inchados de lágrimas contidas, e mais uma vez ele sente uma ponta de pena.
— Diga logo, Xavier! — Joana o pressiona, com voz embargada. — O Victor já sabe que você é um canalha, então não prolongue mais.
Victor arregala os olhos, surpreso pela explosão da mãe. Ele a encara, sem entender completamente o peso de suas palavras. No entanto, Xavier permanece sério, sua expressão revela uma vulnerabilidade rara.
— Eu errei, Victor — começa Xavier, soltando um suspiro pesado. — Errei como marido, como pai e comigo mesmo — confessa, e seu olhar se perde, como se revivesse algo sombrio. — Eu sabia que todo erro traz consequências, mas nunca imaginei que as coisas chegariam a esse ponto.
— Pelo amor de Deus, pare de drama! Diga logo onde quer chegar! — vocifera Victor, enquanto a impaciência e o desconforto se intensificam.
Xavier encara o filho com seriedade antes de continuar.
— Há algum tempo, em um momento em que eu claramente não estava em meu juízo, conheci uma mulher — começa, com o rosto sombrio. — Ela era jovem, tinha uma beleza angelical, e sua conversa parecia tão inocente… — Ele faz uma pausa, tomando fôlego, como se o passado o sufocasse. — Ela me enredou com sua aparente simplicidade, e eu… cometi o erro de me envolver.
A cada palavra, o rosto de Victor endurece. Ele sente algo desconfortável crescendo em seu peito, como se uma onda escura estivesse prestes a tomar conta de tudo.
— No começo, eu não pensava no que estava fazendo, não pensava na minha família. Só conseguia pensar nela, na mulher que me fez esquecer de tudo o que eu sou. Mas depois de alguns meses, percebi a burrice que estava cometendo. Decidi colocar um fim naquela loucura. E foi aí que começaram os problemas.
Victor o encara, incrédulo, enquanto um sentimento de náusea cresce dentro dele. Ele não sabe onde aquilo parará, mas algo em seu íntimo o avisa de que o desfecho será devastador.
— Ela não aceitou o término — prossegue Xavier. — Passou a me ameaçar, e eu, arrogante como sempre, a ignorei. Achava que era apenas uma mulher ressentida. Mas percebi que ela não era tão inocente quanto aparentava. Eu descobri que ela havia se infiltrado na sua empresa… no seu escritório.
O ar se torna espesso e sufocante, e Victor sente uma pressão nas têmporas. Algo começa a se conectar em sua mente, mas ele se recusa a acreditar.
Determinado a não perder o controle, Xavier abre um envelope que está em cima da mesa e empurra em direção ao filho.
— Se não acredita, então olhe isso — diz, com um tom frio. — Ela exigiu o apartamento que comprei para Rodrigo e mais cinco milhões de reais.
Em um movimento brusco, Victor pega o envelope e examina os documentos. A escritura do apartamento traz o nome de Marina. Ele sente como se o chão se dissolvesse sob seus pés, mas sua mente recusa acreditar.
— Qualquer um pode forjar isso! — ele diz, deixando a voz carregada de incredulidade.
— Então olhe estas fotos — Xavier estende um segundo envelope. — Ela me mandou isso, para me provocar, achando que poderia conseguir novamente chamar a minha atenção.
Com as mãos trêmulas, Victor abre o envelope e vê várias fotos de Marina, em poses reveladoras, usando uma lingerie provocante, em cômodos do apartamento que ele visitou com o pai. As imagens parecem gritantes, cada detalhe é doloroso de encarar.
— Isso é montagem… — murmura, mas a voz agora sai trêmula, seus olhos ficam vidrados.
— Ela está te enganando, Victor — diz Xavier, cujo rosto é endurecido. — Marina é uma mulher ambiciosa e ardilosa. E só estou dizendo isso, porque não posso deixar que você caia no mesmo erro que o meu.
As palavras do pai soam como uma sentença, e Victor sente o peso esmagador da dúvida. Ele olha para a mãe e o irmão, que o encaram com um olhar cheio de tristeza.
— Se acha que é montagem, vá agora ao apartamento que visitamos. Ela já fez planos para morar lá assim que terminar de te enganar — finaliza Xavier, com uma expressão dura.
Victor sente que o chão está se desfazendo, e seu peito se aperta em uma dor inexplicável.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...