Ainda incrédulo, Victor pega novamente as fotos de Marina e as observa, uma por uma, como se estivesse tentando encontrar algum defeito, algum sinal de manipulação digital. Mas, por mais que procure, cada detalhe parece real demais para ser uma montagem.
— Não pode ser verdade — murmura para si, enquanto sente a voz embargada.
A confusão em seus olhos é evidente, e ele não encontra palavras para expressar o turbilhão de sentimentos que o invade: raiva, dúvida, descrença. Novamente em suas mãos, a escritura com o nome de Marina parece um soco no estômago. Ele se pergunta como o pai teria conseguido informações pessoais tão detalhadas, já que a empresa era notoriamente rígida com a privacidade dos dados dos funcionários.
Percebendo o quanto o irmão está perturbado, Rodrigo aproxima-se e pousa uma mão solidária sobre o ombro dele.
— Victor, calma. Acho melhor você respirar fundo e pensar com mais clareza. Evite agir por impulso — aconselha em voz baixa, tentando impedir uma reação explosiva.
Victor lança um olhar duro para o pai, que o encara com uma expressão impassível, quase fria. A vontade de socá-lo cresce dentro dele, mas se controla, ainda que seus punhos estejam cerrados.
A tensão é quase sufocante. Joana, que acompanha cada segundo daquilo com uma mistura de repulsa e incredulidade, toma a escritura do apartamento nas mãos do filho e lê o endereço. Seu olhar endurece e ela decide que é hora de agir.
— O que não deveria acontecer já aconteceu. Agora é a hora de cortarmos o mal pela raiz — declara, com voz tensa. — Não sei como a nossa família vai sobreviver a isso, Xavier, mas pode ter certeza de uma coisa: essa mulherzinha não sairá vitoriosa depois do que fez. Eu mesma vou até esse apartamento e resolverei tudo isso agora.
Sem esperar resposta, Joana se vira e sai do escritório com passos firmes e pesados, a raiva transforma cada movimento seu. A ideia de que Marina conseguiu enganar seu marido e agora seu filho a corrói por dentro, e sua vontade é fazer um escândalo que destruísse Marina de uma vez, mas, ciente de sua posição social, se controla. Fará isso com discrição.
Ela atravessa a porta da frente da casa e se dirige à garagem, onde chama o motorista em voz alta.
— Adriano!
Rapidamente, um homem alto, de pele clara e cabelos escuros, de aproximadamente quarenta anos, se aproxima.
— Sim, senhora Ferraz? — responde ele, inclinado levemente a cabeça em deferência.
— Preciso que me leve até um endereço — diz ela com a voz cheia de determinação.
Adriano, ágil, abre a porta do carro para que Joana entre. Ele contorna o veículo e já está prestes a entrar quando Victor aparece e o interrompe.
Finalmente, o elevador se abre no andar desejado, e eles caminham até a porta do apartamento. Victor para diante do botão da campainha, seus dedos ficam paralisados a centímetros de apertá-lo, enquanto o coração martela contra o peito. Ele não sabe se quer abrir a porta para a verdade ou fugir dela para sempre.
— Não tema a verdade, filho — Joana diz, colocando a mão dele na campainha e apertando. — É melhor encerrar isso de uma vez do que viver com mais mentiras e ilusões.
O som da campainha ecoa do outro lado, e Victor sente os batimentos acelerarem ainda mais. Cada segundo entre o toque e o girar da maçaneta parece uma eternidade. Seu coração murmura uma última súplica, uma oração muda.
— Que não seja ela, por favor… — sussurra, como um último apelo ao que ainda resta de sua fé.
Mas quando a porta se abre, o que ele vê é algo que destrói seu mundo. Marina está ali, de pé, usando um dos seus baby-dolls curtos, os cabelos soltos e ainda úmidos indicam que havia acabado de sair do banho. Os olhos dela, ao encontrarem os dele, ampliam-se num misto de choque e confusão.
— Victor… — murmura ela, com voz trêmula. Seu rosto reflete uma surpresa genuína, quase assustada.
Victor sente seu peito desmoronar. Ele fica imóvel, apenas olhando para ela, tentando entender, tentando encontrar algum sinal de que o que vê é uma ilusão, uma confusão de seus próprios medos. A dor é excruciante e a realidade se desdobra diante dele com uma intensidade cruel.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...