Quando é avisado de que o jantar está pronto, Victor solta um leve suspiro, antes de vestir uma camisa casual e sair de seu quarto. Descendo as escadas lentamente, ele sente o cheiro familiar da comida caseira preparada pelos chefs da família, um contraste curioso com o clima tenso que paira no ar.
Ao entrar na sala de jantar, encontra toda a família já reunida em torno da longa mesa de madeira escura. A iluminação dourada do lustre reflete nos pratos de porcelana impecáveis e nos talheres de prata dispostos com perfeição. Ele avança em silêncio e ocupa seu lugar, sentindo os olhares dos familiares pesarem sobre ele. Sua mãe lança um sorriso quase forçado, tentando aliviar o ambiente.
— Bem, que bom que você chegou, querido — comenta, num tom afável, enquanto pede que um dos empregados sirva sua taça com vinho. — Estávamos esperando você para começarmos.
Victor apenas assente, pegando o guardanapo de tecido e colocando-o sobre o colo, sem dizer uma palavra. Ele nota Xavier, mantendo os olhos baixos, enquanto Rodrigo e Valentina trocam olhares discretos, tentando decifrar o clima.
Joana, percebendo o silêncio desconfortável, tenta animar a conversa.
— Vocês souberam que minha amiga Clara fará uma exposição de arte no próximo sábado? — diz ela, olhando para Valentina e Rodrigo. — Quero muito a presença de vocês comigo. Será uma oportunidade maravilhosa de prestigiar o trabalho dela.
Rodrigo limpa a garganta, parecendo um pouco constrangido.
— Possivelmente não será possível, mãe. Valen e eu estaremos ocupados com a escolha do nosso apartamento — explica, lançando um olhar cúmplice para a noiva, que sorri em concordância.
Victor vê a abertura perfeita para uma provocação e não a desperdiça. Ele se recosta na cadeira, deixando um sorriso frio aparecer em seus lábios.
— Que pena que meu pai resolveu presentear outra pessoa com aquele apartamento. Aquele lugar seria perfeito para vocês dois — alfineta, deixando suas palavras escorrerem com sarcasmo.
A tensão na mesa aumenta imediatamente. Xavier, que até então se mantinha em silêncio, remexe-se desconfortavelmente na cadeira, seus dedos tamborilam levemente na borda da mesa, enquanto lança um olhar de tristeza para o filho.
Joana, percebendo o desconforto do marido, rapidamente tenta mudar o rumo da conversa.
— Tenho certeza de que o apartamento que eles mesmo escolherem será muito melhor do que aquele, Victor. — Sua voz é doce, mas carrega uma ironia velada. — Vamos deixar aquele tipo de lugar para… bem, pessoas de pouco valor — conclui, lançando um olhar significativo para o casal Rodrigo e Valentina.
O silêncio de Xavier é ensurdecedor. Ele evita o olhar de todos, focando-se no prato à sua frente, claramente envergonhado pela conversa que tomou um rumo tão pessoal.
Tentando retomar o controle da situação, Joana volta a olhar para o filho mais novo.
— Bem, creio que você irá comigo à exposição, não é mesmo, Victor? Não me fará essa desfeita, fará? — pergunta, com um sorriso que tenta parecer inocente, mas é evidentemente calculado.
Victor ergue uma sobrancelha, deixando o seu olhar cheio de sarcasmo.
Ele deixa o silêncio pairar por alguns segundos e antes de responder, um sorriso enigmático surge em seus lábios.
— A senhora tem razão, em algumas coisas, mãe. Depois dessa desgraça que aconteceu, talvez seja hora de encontrar alguém de valor — confessa, surpreendendo todos à mesa, inclusive Xavier, que lhe lança um olhar curioso.
Joana sorri amplamente, satisfeita com a aparente rendição do filho.
— Fico feliz que pense assim, querido. Tenho certeza de que faremos boas escolhas juntos — responde, cheia de entusiasmo.
— Não quero que interfira — anuncia, com voz cortante. — Quando eu sentir que for a hora, eu mesmo trarei alguém para esta casa.
Rodrigo, por outro lado, estreita os olhos, analisando o irmão com atenção. Ele percebe o tom de ironia escondido nas palavras de Victor, mas escolhe não interferir, curioso para ver aonde aquilo levará.
Por sua vez, Victor termina sua taça de vinho e desvia o olhar para o pai, que permanece em silêncio. Internamente, Victor comemora o desconforto do pai, mas mantém a expressão controlada, sabendo que ainda há muito a ser desvendado antes que possa confrontá-lo de fato.
— Mas não quero que se preocupem com minha escolha — diz Victor, com um tom sarcástico e um sorriso irônico no rosto. — Antes de dar qualquer passo mais sério, farei questão de trazê-la aqui para que a analisem com cuidado. Afinal, não quero correr o risco de me envolver com uma mulher que já tenha passado pelas mãos do meu pai.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...