Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 150

Andressa permanece em silêncio por alguns segundos, mesmo que a ligação com o seu amante ainda continue, ela não consegue encontrar palavras para dizer algo naquele momento. Sua mente está dividida, tentando processar o homem à sua frente, que, até então, não havia percebido sua presença. Sua postura rígida e o olhar fixo nele revelam o choque que a atinge inesperadamente.

— Está me ouvindo, Andressa? — Xavier pergunta do outro lado da linha, com a voz soando confusa.

Percebendo o que está fazendo, ela pisca, forçando-se a retornar à realidade.

— Claro, claro que estou ouvindo — responde apressadamente, tentando controlar o tom da voz, ainda lutando para se recompor.

— Quando chegar, tenho uma surpresa para você — continua Xavier, num tom provocante que normalmente a faria sorrir.

— Surpresa? — responde com uma voz ligeiramente animada, embora sua mente ainda esteja distraída pelo homem que acabara de entrar no ambiente.

— Sim, mas não te direi mais nada. Apenas espere por mim — ele insiste, claramente satisfeito com a ideia.

— Tudo bem, meu amor, estarei esperando por você — responde, forçando um tom de entusiasmo, enquanto seus olhos continuam a buscar pelo homem que desapareceu de suas vistas.

Assim que desliga o telefone, se vira mais uma vez, sentindo o seu coração bater descompassado. Ela examina rapidamente o ambiente, tentando localizar o homem que viu há pouco. Quando finalmente o encontra, sua surpresa é ainda maior: ele está parado, de pé, a poucos metros dela, e seus olhos agora estão cravados nos seus.

O tempo ao redor parece parar. O olhar dele é intenso, direto, como se tentasse decifrá-la. Uma onda de emoção atravessa seu corpo, num misto de nostalgia. Imagens de épocas passadas, como sorrisos inocentes, dias repletos de alegria e promessas, surgem em sua mente. Ela lembra da primeira vez que o viu no colégio, um jovem carismático que parecia ter o mundo aos seus pés. Ele foi o primeiro a fazê-la acreditar no amor, o primeiro a fazê-la sentir que o futuro poderia ser construído a dois… o primeiro em tudo. Mas a memória mais forte que tem é a despedida. Aquele dia em que ele lhe disse que iria estudar no exterior, prometendo se estabelecer na vida para os dois terem um futuro estável.

— Espere por mim — ele havia dito, segurando suas mãos com força, enquanto seus olhos enchiam-se de lágrimas. — Quando eu voltar, nunca mais nos separaremos.

E ela esperou. Por anos. Mas o tempo passou e a falta que ele fazia foi dando espaço para a carência, até que um dia, enquanto passeava pelo shopping, se esbarrou com Xavier. Quando aquele homem mais velho, com um grande poder aquisitivo, lhe mostrou um mundo cheio de luxos e ostentação, Andressa não pensou duas vezes, apenas mergulhou de cabeça em tudo, a ponto de deixar o seu primeiro amor, sem nenhuma explicação.

Agora, vê-lo ali, anos mais velho, com uma postura mais confiante e um olhar que parece tão surpreso quanto o dela, faz seu coração disparar e sua mente se encher de perguntas. O que ele está fazendo ali? Será que ele a reconheceu? Ou será que ela é apenas mais uma figura do passado que ele deixou para trás?

Sentindo o peso das suas escolhas, Andressa abaixa o olhar e decide focar no prato à sua frente, na esperança de que aquele sentimento que sente desapareça junto à presença daquele homem.

— Andressa? — A voz dele, mais grave do que se lembrava, interrompe seus pensamentos.

Ela fecha os olhos por um momento e respira fundo, antes de virar para encará-lo novamente.

— Leonel? — declara, com a voz trêmula.

A nostalgia e a dor de tudo o que um dia sentiram e perderam aparecem no ar, pairando entre eles como algo impossível de ignorar.

— Não acredito que seja você — ele se aproxima mais um pouco, embora pareça hesitante. — O que faz aqui?

Ela sorri, um pouco tímida.

— Estou de férias — explica.

Ele olha para os lados, como se estivesse em busca de alguém.

— É, eu estou… — pondera. — E você?

— Bem… eu moro aqui — responde sorridente.

— Claro — ela sorri, sentindo as mãos suarem. — Como me esqueci disso? — pergunta com um sorriso hesitante.

— Mas isso mudará em breve — revela Leonel. — Meus estudos acabam no próximo mês.

— Então, você retornará para o Brasil? — questiona, surpresa.

— Sim — exclama. — Eu disse que voltaria, não disse?

Sentindo o peso da pergunta, Andressa morde os lábios, como se sentisse culpada por algo.

— É, você disse que voltaria… — murmura, como se fosse uma reflexão para si mesma.

De repente, um silêncio se forma entre os dois, dando um lugar para que ambos ficassem imersos em seus pensamentos, como estivessem recapitulando cada promessa que fizeram no passado.

O garçom traz uma bebida para Leonel, que dá um gole de uma só vez. Seus olhos castanhos não desviam nem por um segundo dos de Andressa, que parece inquieta, numa tentativa absurda de tentar conter o nervosismo que a domina.

— Parece que os anos não passaram para você — comenta Leonel. — Está tão linda quanto o dia em que a vi pela primeira vez.

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