Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 151

É uma manhã ensolarada de sexta-feira, e Marina está em frente ao espelho, ajustando os últimos detalhes de sua roupa. Embora esteja exausta com a rotina dos últimos dias, há uma segurança tranquila em seus movimentos. Desde que chegou à cidade para ficar com a avó, ela, os pais e um primo têm se revezado para garantir que a idosa nunca fique sozinha no hospital. O avô, apesar de se esforçar para ajudar, é um homem de idade avançada e não pode passar muito tempo fora de casa, tornando a responsabilidade ainda maior para os demais.

Marina prende os cabelos em um coque simples e verifica se a bolsa está organizada com os itens de que pode precisar, dentre eles, um livro para ler enquanto acompanha a avó é essencial.

— Estou indo, nos vemos à noite — diz ela, se aproximando do avô e dando um beijo no rosto dele.

— Vai com Deus, meu amor, dê um beijo na Lurdes por mim — Seu avô, Antônio, responde.

Daniela aparece próximo à porta da cozinha e se despede da filha.

— Nos deixe informados de tudo.

— Não se preocupem — responde Marina, abraçando-a rapidamente antes de sair.

O caminho até o hospital é tranquilo. Apesar do cansaço emocional dos últimos dias, ela se agarra à fé de que a avó sairá dessa. Quando chega ao hospital, caminha em direção à recepção, onde a enfermeira de plantão já a conhece.

— Bom dia, Marina. Tenho uma notícia boa para você — diz a enfermeira, com uma expressão calorosa.

Marina sente uma boa intuição no momento.

— Sua avó foi transferida da UTI para um quarto esta manhã. Ela está se recuperando bem — informa a enfermeira.

Num alívio imenso, Marina solta o ar que nem percebe estar prendendo e sente os olhos se encherem de lágrimas.

— Graças a Deus! — murmura, sorrindo. — Obrigada por me avisar.

— Claro. Você pode ir vê-la agora. Ela está na ala 2 — completa a enfermeira.

Agradecendo novamente, ela segue pelo corredor em direção ao quarto da avó. Cada passo parece mais leve, e a esperança cresce em seu coração. Ao entrar no quarto, encontra-se com o pai, que havia passado a noite ali.

— Bom dia, pai, como ela está hoje?

— Bem melhor, só de ter saído da UTI já é um avanço — José responde. — Mas o médico disse que ainda é necessária muita cautela.

— Pode ir para casa e não se preocupe, qualquer novidade eu aviso.

José se despede e sai dali, com uma expressão cansada.

Como a avó continua dormindo, Marina se senta numa cadeira de ferro desconfortável que tem ao lado da cama e envia uma mensagem para Victor, contando as últimas atualizações sobre a avó.

Depois, fica ali, parada, observando o quarto amplo, com espaço suficiente para acomodar quatro leitos, mas a presença de três outros pacientes, além da avó dela, faz o ambiente parecer menor e ligeiramente claustrofóbico. Cortinas finas e desgastadas separam os leitos, oferecendo apenas uma leve sensação de privacidade, enquanto o som constante das máquinas, tosse de alguns pacientes e murmúrios de conversas deixam o ar fechado.

— Vovó! — diz Marina, deixando um beijo na testa dela. — Estou aqui para o que precisar.

Alguns minutos após, um médico alto, negro e bem comunicativo entra na sala, visitando todos os pacientes até chegar na avó dela.

— A melhora dela é significativa — diz o médico, com um tom encorajador. — No entanto, ainda são necessários alguns cuidados específicos que, infelizmente, no SUS podem demorar mais para serem realizados do que gostaríamos.

— Me diz o que ela precisa e onde posso fazer esses acompanhamentos, que darei um jeito de arcar com os custos — diz ela, num tom de voz firme.

Do outro lado da linha, há um silêncio breve.

— Marina, você pediu dinheiro emprestado para ele? — José finalmente responde, subindo o tom de voz. — Como pôde fazer isso sem me consultar? Não quero que você fique devendo favores a ninguém, especialmente a ele!

— Pai, eu sei que não deveria ter decidido isso sozinha — admite, rapidamente. — Mas não havia tempo. A vovó precisava dessa transferência imediatamente. Não se preocupe com nada, eu mesma pagarei cada centavo para o Victor.

José solta um suspiro pesado, mas não diz nada de imediato. Mesmo assim, ela pode imaginar a expressão que ele deve estar fazendo.

— Mari, eu entendo que fez isso pela sua avó, e por isso não vou te culpar. Mas você precisa ser mais cautelosa com essas decisões.

Ela conversa um pouco mais com o pai até conseguir acalmá-lo.

Às oito da noite, ela se despede da avó, trocando de lugar com o seu primo que ficaria acompanhando a idosa na madrugada.

Visivelmente cansada, sai do hospital em direção ao ponto de ônibus, mas um táxi para em frente ao local e um homem alto de aparência nobre e imponente desce dele.

— Victor! — diz ela, sem acreditar no que vê.

Seu olhar se encontra com o dele, que rapidamente caminha em sua direção.

Antes de dizer qualquer coisa, Victor já a segura pela cintura e afunda sua cabeça nos longos cabelos dela.

— Ah, loirinha, eu estava com tanta saudade — sussurra em seu ouvido.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)