Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 179

Quando chegam ao Brasil, Xavier se despede de Andressa antes mesmo de saírem do avião. O gesto, rápido e calculado, não deixa espaço para sentimentalismos. Ele já havia providenciado tudo para que ela permanecesse acessível, mas invisível: um apartamento em um dos prédios mais seguros e luxuosos da cidade. Discreto, moderno e estrategicamente localizado, o lugar seria o refúgio perfeito para as visitas dele, sempre que quisesse. Antes de sair, Xavier reforça uma única recomendação:

— Não saia daqui sem a minha autorização.

Andressa sorri, concordando com a cabeça.

— Não se preocupe, amor. Farei exatamente o que você pedir.

Mas, enquanto responde, seus pensamentos estão a quilômetros de distância. Mesmo aparentando obediência, ela já tem outros planos em mente.

Assim que chega ao apartamento, Andressa não consegue evitar admirar o espaço. É amplo, decorado com um luxo quase sufocante, repleto de detalhes que exalam sofisticação. Grandes janelas oferecem uma vista panorâmica da cidade, e cada cômodo parece ter saído de uma revista de design. Ainda assim, o ambiente faz com que ela se sinta mais como uma peça de um jogo de Xavier do que como alguém livre.

Determinada, pega o telefone assim que se acomoda. Discando o número de Leonel com dedos trêmulos de expectativa, ela sente o coração acelerar. Quando ele atende, sua voz soa familiar e reconfortante, despertando nela uma onda de emoções que tenta reprimir.

— Leonel? Já estou no Brasil, será que podemos nos encontrar?

Do outro lado da linha, Leonel parece ficar animado, como se estivesse esperando por aquilo há muito tempo.

— Claro. Diga onde e quando.

Eles combinam o encontro para a noite seguinte, em um lugar discreto onde poderão conversar sem interrupções. Após desligar, o coração de Andressa b**e tão rápido que parece sair do peito. Ela sabe que está prestes a cruzar uma linha, mas isso não a faz hesitar.

Naquela noite, deitada na cama enorme do apartamento, Andressa não consegue dormir. O encontro com Leonel ocupa todos os seus pensamentos. A expectativa, a ansiedade e o medo de como Xavier reagiria se descobrisse o que estava planejando, consumem sua mente. Mas, ao mesmo tempo, uma ideia se firma em seu coração: se tudo correr bem com Leonel, terminará com Xavier o mais rápido possível. Não precisaria mais viver no mundo oculto, com medo de que algum momento alguém descobrisse o que ela fazia. O tempo que ficou com Xavier já havia sido suficiente para conseguir tudo o que precisava naquele momento.

Na manhã seguinte, ela acorda ansiosa, esperando que a noite chegasse logo. Sabia que naquela noite, Xavier não apareceria por ali, pois ele estava ocupado demais com o jantar que Victor estava organizando em sua casa para apresentar a sua nova namorada. Enquanto se olha no espelho, ajustando a maquiagem e escolhendo o vestido perfeito, várias ideias passam por sua cabeça. Ela se pergunta como Leonel a receberá, o que ele dirá e, acima de tudo, como será reencontrá-lo depois do que conversaram por telefone.

Finalmente pronta, ela olha para si mesma no espelho e seus olhos brilham de expectativas e nervosismo.

— É agora ou nunca — diz, antes de pegar sua bolsa e sair pela porta.

Por conta de um engarrafamento, acaba se atrasando um pouco para o encontro. Quando finalmente chega ao lugar marcado, seu coração está acelerado, mas ela respira fundo para recuperar a compostura. Ao entrar no restaurante, vê Leonel já sentado à mesa, numa postura casual, mas os olhos atentos vagando pelo ambiente.

— Boa noite, Leonel — diz ela, aproximando-se com um sorriso discreto.

Ao vê-la, seus olhos parecem brilhar mais do que o normal. Ele se levanta rapidamente.

— Boa noite, Andressa — responde, cumprimentando-a com um beijo suave no rosto.

Com um gesto educado, ele puxa a cadeira para que ela se sente, esperando até que ela esteja acomodada antes de fazer o mesmo. O movimento é natural, mas demonstra um cuidado que ela não pôde deixar de notar.

— Está aqui há muito tempo? — Andressa pergunta, buscando quebrar o gelo enquanto coloca a bolsa sobre o encosto da cadeira.

— Não, acabei de chegar — responde ele, com um leve sorriso que ameniza o clima de formalidade.

Andressa solta um suspiro, relaxando um pouco.

— O trânsito estava horrível, por isso acabei demorando um pouco — confessa, enquanto pega o cardápio e o examina, mais para se ocupar do que por real interesse.

— Imaginei que algo assim pudesse acontecer — comenta Leonel, tranquilamente. — Essa cidade nunca facilita as coisas.

Os dois trocam um breve olhar e um pequeno silêncio se instala. Não é desconfortável, mas está carregado de algo mais. Andressa percebe que Leonel a observa com atenção, como se quisesse capturar cada detalhe daquele momento.

— É bom te ver — diz ele de repente, quebrando o silêncio, num tom baixo e sincero.

— Você estava mesmo falando sério quando disse que terminaria com ele para ficar comigo?

— Sim, estou sendo completamente sincera — diz, com firmeza.

Ele a olha intensamente por alguns segundos, analisando cada expressão dela, até responder:

— Então, termine com ele o mais rápido possível, Andressa, porque eu não suportaria te dividir com ninguém.

O alívio que Andressa sente ao ouvir isso é rapidamente substituído por um aperto no peito. Ela desvia o olhar por um momento antes de dizer, com um toque de hesitação:

— Só tem um problema…

Leonel franze o cenho, numa expressão mais séria.

— O que houve?

— Estou morando na casa dele. Se eu terminar, não terei para onde ir. Não posso voltar para a minha casa… — confessa. Ela sabia que voltar para casa significaria cruzar com Marina, e isso colocaria toda a sua farsa em risco.

Leonel a observa por um momento, mas a sua expressão suaviza, e ele segura a mão dela com firmeza.

— Não se preocupe com isso — diz ele, com um tom decidido, demonstrando o quanto amadureceu nos anos em que estiveram separados. — Apenas faça o que precisa ser feito e venha até mim.

Ele faz uma pausa, antes de continuar.

— Tenho um apartamento esperando por você. E, mais do que isso, Andressa… tenho amor suficiente para te receber, sem importar como ou de onde você venha.

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