Após ver Xavier sair da casa, Victor volta para a sala, onde Marina, Rodrigo e Valentina estão reunidos. O silêncio no ambiente é pesado, como se o ar estivesse carregado com as palavras não ditas e os olhares furtivos. Victor se aproxima lentamente, observando cada um deles. Marina, que mesmo pareça estar com os olhos cansados, revela o quanto se sente mais leve após lançar toda a verdade diante de todos os presentes ali.
Rodrigo parece mais contido, mas é claro que está preocupado. Já Valentina, de cabeça baixa, evita qualquer contato visual, sua expressão reflete o peso do arrependimento pelas palavras ditas antes para Marina.
Victor se senta no sofá ao lado de Marina, cruzando os braços.
— Então… parece que as coisas tomaram um rumo que ninguém esperava — diz ele, com a voz calma.
Marina ergue o olhar para ele, admirada pela calma que ele aparenta estar sentindo, porém, mantém o silêncio.
Observando a cunhada de cabeça baixa, Victor não deixe de alfinetá-la.
— Valentina — começa, sendo mais direto agora. — Ainda acha que tudo o que foi dito aqui era invenção?
Valentina levanta os olhos lentamente, a culpa é evidente em seu rosto. Ela balança a cabeça levemente antes de responder, quase num sussurro:
— Não… eu… eu estava errada.
Marina observa a conversa, mas não diz nada. Victor continua.
— Errada é pouco para o que você foi. Você não só julgou sem saber a verdade, como também decidiu acreditar numa fofoca criada pela minha mãe para fazer com que a Marina fosse mandada embora da empresa.
Valentina aperta as mãos sobre o colo, enquanto os dedos inquietos denunciam o turbilhão de emoções que sente. As palavras de Victor a atingem com força, como se cada sílaba reforçasse o peso de suas ações.
— Sinto muito por isso — diz ela, constrangida, enquanto tenta manter o olhar fixo em Victor.
No entanto, Victor mantém o tom firme ao continuar.
— Não é a mim que deve se dirigir com suas desculpas — responde ele, enquanto o olhar penetrante deixa claro que espera algo mais dela.
Antes que Valentina pudesse responder, Marina estende a mão e toca levemente a de Victor. Sem dizer uma palavra, ela a aperta com um pouco de força, como se quisesse transmitir uma mensagem silenciosa: “Já basta.”
Victor olha para Marina, e seus olhos se encontram por um momento. Ele suspira, soltando parte do nervosismo que ainda o mantinha rígido.
— Não é preciso isso, Victor — diz Marina, suavemente, com uma calma que contrasta com a atmosfera pesada na sala. — O que passou, passou.
Valentina ergue os olhos para Marina, visivelmente surpresa pela atitude dela. Ela sente o peso do perdão não verbalizado, mas ainda presente na atitude de Marina.
— O Victor tem razão. Não devia ter te julgado sem te conhecer, me perdoe por isso… — murmura Valentina, sem coragem de dizer mais nada.
Rodrigo, que até então estava calado, dá um leve toque no ombro da noiva, como se dissesse que o momento passou.
Observando a cena por um instante, Victor balança levemente a cabeça, como se estivesse tentando encerrar o clima pesado.
— Só espero que isso sirva de lição para todos nós — diz ele, num tom mais brando, enquanto se recosta no sofá. Após uma pausa, acrescenta: — Agora acho que deveríamos aproveitar o jantar.
Rodrigo revira os olhos, claramente incomodado com a tentativa de mudar o assunto.
— Pelo amor de Deus, Victor! Quem tem estômago para comer depois do que aconteceu aqui? — questiona, incrédulo.
— O Rodrigo tem razão — concorda Valentina, ainda desconfortável. — Estou preocupada com a Joana. Onde será que ela está agora?
Victor suspira, cruzando os braços com um ar impaciente.
— Não deviam se preocupar tanto com a minha mãe. Ela não é nenhuma criança.
Mesmo que estivesse profundamente chateada com a traição de Andressa, Marina não consegue evitar o arrepio que percorre sua espinha ao pensar que a ex-amiga possa estar enfrentando a fúria de Xavier sozinha. A imagem de Andressa naquele estado de vulnerabilidade contra um homem como ele faz seu coração apertar, apesar de tudo o que aconteceu entre elas.
Marina sabia muito bem do que Xavier era capaz, pois, enquanto trabalhava no escritório de advocacia, havia presenciado um episódio que ainda a deixava inquieta sempre que vinha à memória. Ele não apenas demonstrava uma postura autoritária e impiedosa, mas também deixava claro, em seus momentos de ira, que não tinha limites — principalmente quando sua raiva era direcionada a uma mulher.
— Se ele estiver com ela nesse momento, Andressa não merece passar por isso sozinha, apesar do que ela fez — anuncia Marina, com uma preocupação evidente, que logo atrai os olhares confusos de todos na sala.
Victor a encara com uma expressão de incredulidade, enquanto Valentina e Rodrigo trocam olhares silenciosos, sem saber como reagir.
— Você devia deixar de ser tão piedosa com as pessoas, Marina, especialmente quando se trata de alguém como aquela mulher — diz Victor, sem esconder o desprezo em sua voz.
Marina respira fundo, tentando conter a irritação que as palavras dele provocam.
— Sei que temos motivos para odiá-la, Victor — responde, olhando diretamente para ele. — Mas estamos falando de um homem como o seu pai, cheio de fúria e raiva, contra uma mulher franzina como Andressa. Seja quem ela for, ninguém merece isso.
A sinceridade em sua voz é inegável, e até Victor hesita por um momento antes de desviar o olhar.
Rodrigo, percebendo o nervosismo no ambiente e a preocupação genuína de Marina, decide intervir.
— Não precisa se preocupar tanto com isso, Marina — diz ele, num tom mais calmo. — Meu pai não é louco o suficiente para fazer algo com ela. Afinal, ele preza demais pela própria reputação para arriscar qualquer coisa.
Embora as palavras de Rodrigo fossem ditas para tranquilizá-la, elas fazem pouco para aliviar a angústia que cresce em Marina. O instinto de proteção que sempre a guiou continua gritando em sua mente, lembrando-a do que ela já havia testemunhado de Xavier.
— Espero que você esteja certo, Rodrigo — murmura, sem esconder a dúvida em seu olhar.
Mesmo assim, a inquietação dentro dela permanece. A imagem de Andressa indefesa nas mãos de Xavier não sai de sua mente, e a sensação de que algo terrível pode estar acontecendo a deixa incapaz de relaxar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...