Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 198

Ao ouvir as palavras da mãe, Victor sente o sangue ferver. Joana mantém o semblante firme, como se não tivesse acabado de proferir uma ameaça absurda. Ele se afasta para trás, respirando fundo, mas o ar parece não ser suficiente naquele momento. Seu olhar furioso encontra o dela, e, pela primeira vez, ele não vê ali a mulher que o criou, mas alguém disposto a destruir sua felicidade por um capricho idiota.

— Como é? — ele pergunta, tremendo a voz de indignação. — Como a senhora ousa dizer um absurdo desses?

— É o que acabou de ouvir — declara.

Joana cruza os braços, como se tivesse acabado de fazer a afirmação mais razoável do mundo.

— Tem noção do absurdo que diz?

— Sou sua mãe, Victor, e conheço o que é melhor para você. Aquela mulher não é a pessoa certa para você. Ela é interesseira, manipuladora… é por causa dela que nossa família está desse jeito.

Victor solta uma risada sarcástica, sem acreditar no que ouve.

— Interesseira? Manipuladora? É só isso que a senhora consegue inventar? E que desculpa é essa de culpar a Marina por algo que é completamente culpa do meu pai? Todas essas descrições que acabou de dar servem para o seu marido, pois ele, sim, que é isso tudo o que você disse.

Joana estala a língua, impaciente.

— Não estou dizendo que o seu pai é perfeito. Mas ele é seu pai, Victor. Vocês dois precisam se entender. E enquanto essa mulher estiver no caminho, isso nunca vai acontecer. Ela não quer o seu bem, ela quer o que você pode oferecer a ela.

— Ela quer o meu bem muito mais do que a senhora, pelo visto! — Victor dispara, num tom de voz mais elevado. — Sabe o que é pior? A senhora achar que pode me manipular usando essas desculpas. Depois de tudo o que ele fez, ainda cogita perdoá-lo. Para mim, isso passa do cúmulo.

Joana permanece inabalável, com seu olhar desafiador cravado no filho.

— Você precisa entender que, se isso significar salvar nossa família, irei perdoá-lo sim. Tenho certeza de que depois dessa, ele irá querer mesmo mudar. Mas isso exige que você também faça sua parte. Terminar com essa tal de Marina é o primeiro passo para colocar as coisas nos eixos.

Fechando os punhos, Victor tenta conter o ímpeto de gritar. Ele se levanta e dá um passo para trás, como se precisasse de distância para raciocinar. Finalmente, ele explode.

— Salvar nossa família? É isso que a senhora chama de salvar? Fingir que Xavier não é um monstro? Porque é isso que ele é, um monstro! Você sabe o que ele fez com a amante dele, não sabe? Claro que não, porque você fecha os olhos e ignora tudo.

Joana arregala os olhos, chocada.

— Como ousa dizer isso para mim? Eu sou sua mãe!

— E eu sou seu filho! — Victor grita, sem se importar com quem quer que os ouvisse. — Mas a senhora fica mais preocupada em manter uma aparência de família perfeita do que em cuidar realmente de quem importa. Como pode aceitar um homem que trata as pessoas como lixo? Como pode fingir que nada disso aconteceu? Você viu o que ele fez comigo e com a Marina, e mesmo assim, ignora. Sabe o que isso prova? Que vocês dois foram feitos um para o outro. Ele manipula e destrói, e a senhora fecha os olhos para tudo, porque é mais fácil assim, não é mesmo? Quer manter a sua família perfeita? Então fique com ele e me esqueça!

Dos olhos de Victor saem lágrimas que ele não consegue mais manter. Há raiva, mágoa e um sentimento de que nada do que faça pode mudar a ideia da mãe.

O silêncio cai entre eles, pesado como uma nuvem carregada. Joana parece atônita, enquanto as palavras do filho atingem-na como um tapa. Victor, por sua vez, respira com dificuldade, sentindo que devia lavar as mãos diante de tudo aquilo.

— Se a senhora quer o Xavier, fique com ele. Mas me deixe fora disso. E nunca mais tente me chantagear. Você viveu a vida toda me dizendo que eu deveria arrumar uma pessoa que pudesse me fazer feliz, que eu assumisse um relacionamento e, quando encontro alguém que me completa, me faz bem, você faz pouco caso. Você quer que eu olhe para o seu lado, mas e o meu? Como fico? Se quer viver um relacionamento sem amor, vá em frente, mas não farei parte disso, nem por você e nem por ninguém.

Sem esperar por uma resposta, Victor se vira e sai, deixando a mãe para trás. Assim que a porta do quarto se fecha, Joana desaba, chorando como uma criança que acabou de perder o brinquedo mais precioso, sentindo-se invadida por uma dor que não consegue controlar.

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