Em silêncio, Joana caminha até a cama e se senta, sugerindo que o marido faça o mesmo. Mesmo nervoso, Xavier faz o que a esposa pede, já que percebe que ela é a sua única saída naquele momento.
— Querida, lembra-se de quando eu te disse estar começando a sentir o peso da idade? — ele começa, com um tom cauteloso, tentando iniciar uma conversa que não apenas a convencesse de sua versão dos fatos, mas também despertasse compaixão suficiente para que ela o perdoasse e o ajudasse a escapar das acusações iminentes.
— O que isso tem a ver, Xavier? — Joana responde, arqueando as sobrancelhas, claramente impaciente com a tentativa de rodeios.
— É que, naquele momento, eu comecei a me sentir vulnerável, insuficiente… como se minha vida estivesse escapando pelo meio dos dedos — Xavier continua, tentando controlar o nervosismo que transparece em sua voz. — Eu estava me afogando em trabalho, em cobranças… vendo o meu rosto mudar, as minhas forças diminuírem em tudo. Foi aí que cometi o erro de procurar algo que me fizesse sentir vivo de novo.
Joana estreita os olhos, enquanto a desconfiança continua estampada em seu rosto.
— Algo, Xavier? Ou alguém? — ela dispara, claramente impaciente.
Ele engole em seco, desviando o olhar por um instante antes de responder.
— Era algo, juro para você, mas não foi nada intencional. — Xavier desvia o olhar, respirando fundo antes de continuar. — Num dia em que eu estava atolado de trabalho, com a cabeça cheia de problemas, essa mulher apareceu… — Ele faz uma pausa, como se as palavras pesassem. — Eu não queria, Joana, juro para você, mas foi como se eu estivesse enfeitiçado. E quando percebi, já estava dentro dessa sujeira toda.
Ela o observa, sem esconder a mágoa e a incredulidade.
— Por que não me contou a verdade? — pergunta, com a voz tremendo, como se lutar contra as lágrimas estivesse ficando cada vez mais difícil.
Sentindo a vulnerabilidade da esposa, Xavier capricha na expressão de arrependimento.
— Tive medo, meu amor — confessa, olhando para ela com olhos suplicantes. — Tive medo da sua reação, medo de te perder. Então, planejei resolver isso sozinho, sair dessa por conta própria… mas daí vieram as chantagens, as ameaças.
Franzindo o cenho, visivelmente confusa, ela indaga:
— Chantagens? Ameaças? O que exatamente ela estava pedindo?
Ele passa as mãos pelo rosto, exalando um suspiro pesado antes de responder.
— Ela sabia que o que você mais preza na sua vida é a ausência de escândalos. Ela estava me ameaçando com isso… com destruir nossa reputação, a nossa família. — Ele pausa novamente, como se lutasse para dizer a próxima frase. — Foi então que as coisas começaram a desandar de vez. Ela exigia dinheiro, favores, joias… e quanto mais eu dava, mais ela pedia. — admite, como se cada palavra fosse um peso a mais sobre seus ombros. — Quando percebi, já não tinha controle sobre nada. Foi aí que tive a ideia de colocar a amiga dela no meio disso tudo. — Ele faz uma pausa, respirando fundo antes de continuar. — Eu senti que a Marina estava se aproximando do Victor para fazer o mesmo que a Andressa estava fazendo comigo, e eu não podia deixar que a ideia dela fosse adiante, por isso armei aquilo. Sei que fui errado, mas eu estava pensando apenas no meu filho e na nossa família. Eu não me importava mais com o que poderia acontecer, só queria salvar o meu filho das garras daquela mulher interesseira.
— Foi um acidente, querida! Eu juro! Ela perdeu o equilíbrio e caiu… mas tenho certeza de que a história que ela contou é bem diferente. Agora, ela está distorcendo tudo e usando isso contra mim.
— Se foi mesmo um acidente, você pode pedir para os meninos te ajudarem a provar que ela está mentindo — ela sugere, suavizando um pouco a voz, enquanto começa a acreditar nas explicações que o marido conta.
Xavier balança a cabeça e um misto de frustração e desespero tomam conta de sua expressão.
— Como posso pedir ajuda ao Victor ou ao Rodrigo, se eles estão do lado da Marina? — indaga. — Meus próprios filhos estão contra mim, Joana, não percebe? E essa rivalidade que essa mulher criou subiu tanto para a cabeça do Victor, que ele chegou ao ponto de bloquear minhas contas! Eu não tenho mais nada, nem um centavo para contratar um bom advogado para tentar me defender dessa injustiça que estão tramando contra mim.
Ele faz uma pausa, como se reunisse forças para o próximo passo. Então, sem hesitar, se ajoelha aos pés da esposa, com o olhar suplicante.
— É por isso que estou aqui, querida — diz, com a voz reprimida. — Estou aqui implorando para que você acredite em mim. Eu te amo, meu amor, e nunca mais vou errar com você, eu prometo. Por favor, me ajude com isso. Me auxilie a não ser preso por algo que não cometi.
Com o coração apertado. Joana sente que as palavras de Xavier, sua postura, o desespero em seus olhos… tudo parece tão sincero.
— Tudo bem, eu vou te ajudar com isso — declara Joana. — Mas não se iluda, Xavier. Não estou fazendo isso porque te perdoo, mas porque não vou permitir que um escândalo destrua ainda mais a nossa família. — Ela cruza os braços, mantendo o olhar fixo nele, sem demonstrar fraqueza. — Agora me diga — continua, numa postura rígida. — Quanto você precisa e do que mais vai precisar para arrumar toda essa bagunça? Porque quero isso resolvido o mais rápido possível.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...