Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 210

Após descobrir que precisaria lidar com Marina profissionalmente, Victor sente como se um peso esmagador caísse sobre ele. Seu peito aperta e sua cabeça começa a latejar, como se seu corpo estivesse reagindo à frustração e à confusão que tomavam conta de sua mente.

Ele se recosta na cadeira, passando as mãos pelo rosto enquanto tenta organizar seus pensamentos. Nada mais parecia fazer sentido naquele escritório. A pilha de papéis em sua mesa, normalmente um estímulo para seu foco, agora era apenas um amontoado de distrações que ele não conseguia encarar.

Seu bom humor, que o acompanhava nos últimos dias, parecia ter evaporado. A sensação de que o dia estava completamente arruinado o consumia. Ele sabia que a situação com Marina não era apenas profissional; era pessoal, e isso tornava tudo ainda mais complicado.

Levantando-se da cadeira, ele anda de um lado para o outro no escritório, como se o movimento pudesse aliviar o nervosismo. Cada vez que pensava em enfrentar Marina no tribunal, uma mistura de raiva, culpa e tristeza o corroía.

— Por que ela foi se meter nisso? — murmura, apertando o punho com força.

Encarando a janela, seus olhos ficam fixos na vastidão da cidade. O horizonte agora parece vazio, incapaz de oferecer qualquer conforto. O que deveria ser apenas mais um caso em sua carreira tornou-se um campo de batalha emocional, e ele sabia que, inevitavelmente, precisaria enfrentá-lo.

Perdido em seus pensamentos, é trazido de volta à realidade pelo som da porta se abrindo. Rodrigo entra no escritório, com a expressão preocupada ao notar o nervosismo estampado no rosto do irmão.

— Não me diga que o nosso pai aprontou mais alguma coisa? — pergunta Rodrigo, já antecipando o pior.

Victor solta um suspiro pesado, balançando a cabeça.

— Quem dera que tivesse sido ele — responde, com um tom amargo. — Assim, eu poderia simplesmente ignorar e fingir que nada está acontecendo.

Franzindo a testa intrigado, Rodrigo se acomoda numa das poltronas que havia na sala do irmão.

— Se não foi ele, então o que está acontecendo? — pergunta, deixando a preocupação evidente em sua voz.

Hesitando por um momento, Victor passa a mão pela nuca como se isso pudesse aliviar a pressão crescente. Finalmente, ele caminha até a outra poltrona, senta-se ao lado do irmão e deixa escapar um longo suspiro.

— É sobre o caso da AgroTech — começa, com a voz mais baixa, quase relutante. — Tem algo nele que está me tirando do eixo.

Rodrigo se inclina um pouco para frente, curioso.

— Algo nele? Pelo que li, o caso parece tão simples — comenta. — Tem certeza de que é algo, ou é alguém? — provoca, percebendo haver mais do que Victor estava revelando.

Finalmente Victor ergue o olhar, encontrando o do irmão.

— A advogada que está representando a outra parte… é a Marina — revela.

Por um momento, Rodrigo fica em silêncio, claramente surpreso. Ele pisca algumas vezes antes de soltar:

— A Marina? Sua Marina? — repete, incrédulo.

Ele assente, suspirando pesado.

— Exatamente. E agora estou preso em uma situação em que preciso enfrentá-la profissionalmente, sabendo que esse é o primeiro caso dela. E o pior… — Ele faz uma pausa, desviando o olhar. — Eu sei que vou vencer. Sei que tenho os recursos e as provas para isso. Mas como vou lidar com a ideia de frustrá-la assim? Como vou olhar para ela depois disso?

Rodrigo solta um longo suspiro, recostando-se na poltrona enquanto capta a informação.

— Cara, isso é complicado. Mas você sabe que, no final das contas, isso é uma questão profissional. Ela escolheu assumir o caso da outra parte, então deve estar ciente dos riscos.

Ficando em silêncio por alguns instantes, Rodrigo avalia a postura confiante do irmão. Ele sabe que Victor é brilhante no que faz, mas também percebe que, por trás da segurança, há sempre o imprevisível.

Rodrigo solta um suspiro pesado.

— Percebo como isso é complicado para você, Victor. Tenho certeza de que a Marina aceitou esse caso porque olhou para ele pelo lado moral. Afinal, estamos falando de uma pobre senhora que usou seus conhecimentos básicos para criar algo visando ajudar sua comunidade. Daí, de repente, aparece uma empresa bilionária como a AgroTech usufruindo não só da patente, mas também de todo o lucro… É difícil não sentir um certo sentimento de revolta. Isso mexe com a gente.

Victor passa a mão pelo rosto, visivelmente cansado.

— Eu sei disso, Rodrigo. Sei que, para Marina, isso não é apenas um caso. Ela deve estar investindo tudo que tem porque acredita nessa causa, porque quer fazer justiça para essa mulher. Mas na advocacia, as coisas raramente são simples, e ninguém melhor do que você sabe disso. Nem sempre estamos do lado moralmente correto. Nosso trabalho é defender o cliente e a empresa que confia em nós.

Rodrigo assente, inclinando-se para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Você tem razão, mas isso não significa que seja fácil, especialmente quando o que está em jogo não é só o caso, mas o seu relacionamento com Marina.

— Acha que isso vai atrapalhar o nosso relacionamento? — indaga preocupado. Sentia que as coisas entre ele e a namorada estavam indo muito bem, quase perfeitas. Seria um pesadelo ver tudo desmoronar devido a um caso profissional.

— Depende. Mas se eu fosse você, conversaria com a Marina hoje mesmo e esclareceria tudo. Não a deixe descobrir isso por outra pessoa, Victor. Quanto mais rápido você abrir o jogo, menores as chances disso virar uma crise.

— Farei isso, mas… só de pensar em como ela pode reagir… É difícil.

Rodrigo dá de ombros.

— Vai ser difícil, sim. Mas, sinceramente, você acha que esconder vai tornar as coisas mais fáceis? Marina não é boba. Ela vai entender melhor se ouvir isso de você, com sinceridade, do que se descobrir sozinha ou no meio do tribunal.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)