Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 209

Em seu escritório, enquanto aguarda a chegada de seu cliente, Victor analisa os detalhes do caso que pegou e um leve sorriso de satisfação surge em seus lábios. Ele percebe que será mais fácil do que havia imaginado inicialmente. As falhas na posição da outra parte eram evidentes, e as estratégias necessárias para vencer estavam claras em sua mente.

Inclinando-se para trás na cadeira, ele entrelaça os dedos atrás da cabeça e massageia as têmporas por um instante, permitindo-se um momento de alívio. O dia prometia ser produtivo, e a confiança renovada o fazia sentir-se no controle. Ainda assim, sabia que o sucesso exigiria atenção aos detalhes e uma execução impecável, como sempre.

Com um último olhar para os documentos sobre a mesa, ajusta a postura, pronto para atender o cliente e apresentar as soluções que tornariam aquele caso mais uma conquista em sua carreira.

Seu olhar recai sobre o relógio no canto da mesa, percebendo que já está quase na hora de Otávio Mendes, CEO da AgroTech Solutions chegar para a reunião marcada.

— O senhor Otávio Mendes acabou de chegar — anuncia a secretária, pelo ramal, com uma voz profissional e controlada.

— Mande-o entrar — responde, ajustando a gravata enquanto se levanta de sua cadeira.

Após alguns segundos, a porta se abre, revelando Otávio Mendes com sua postura imponente e altiva. Vestido em um terno impecável, ele caminha até Victor com passos firmes e olhar penetrante como sempre. Victor avança para cumprimentá-lo com um aperto de mão firme.

— Bom dia, Victor, como está? — pergunta Otávio, com um tom de cortesia e autoridade.

— Bom dia, Otávio. Estou bem, obrigado — responde, com um tom amistoso, indicando a cadeira à frente da mesa. — Por favor, sente-se.

Otávio se acomoda lentamente, mantendo a postura ereta.

— Espero que tenha boas notícias para mim — diz Otávio, direto ao ponto, com seu tom impassível, mas cheio de expectativa. — Eu não queria vir até aqui — completa com desdém, enquanto se recosta na cadeira, cruzando as pernas com um ar de superioridade. — Mas recebi uma intimação dizendo que estou sendo processado por uma mulher que alega que roubei a ideia dela.

Victor mantém o semblante neutro, mas seu olhar atento demonstra que está analisando cada palavra do homem à sua frente.

— Qual é exatamente o motivo do processo? — pergunta, medindo o tom, mesmo já sabendo do contexto.

Otávio balança a cabeça, como se achasse tudo aquilo um enorme absurdo.

— Ah, uma história completamente sem sentido — começa, gesticulando teatralmente. — Essa mulher, uma tal de Valquíria, teve a audácia de dizer que o nosso produto, o AquaSmart, foi ideia dela. Pode imaginar? — Ele solta uma risada seca, quase zombeteira. — Uma pessoa simples, sem nenhuma formação, achando que pode fazer um produto à altura da nossa empresa, e ainda tem coragem de querer nos processar.

Victor continua calmo, mas Otávio não se contém e segue, num tom mais ácido.

— A verdade é que ela apareceu na minha empresa meses atrás, sem ser convidada, diga-se de passagem. Disse ter uma ideia brilhante e pediu para mostrar. Minha assistente Gabriela que a recebeu, mas, veja bem, Victor, em nenhum momento solicitei ou incentivei que ela apresentasse qualquer coisa. — Ele faz uma pausa, olhando para Victor com um sorriso cínico. — O que ela não sabe é que já estávamos trabalhando no AquaSmart muito antes disso. Nosso protótipo estava praticamente finalizado.

Victor observa, sem interromper, enquanto Otávio inclina-se levemente para frente, como se quisesse enfatizar suas palavras.

— É o que espero de você, Victor. Não me decepcione.

Assentindo, Victor sente internamente o peso das palavras de Otávio. Ele sabia que lidar com a “advogadazinha” seria mais do que apenas uma questão profissional — seria o início de um conflito moral que ele não gostaria de lidar.

Se despedindo de Otávio com um aperto de mão firme, o acompanha até a porta. Assim que a fecha, se senta novamente em sua cadeira, passando as mãos pelo rosto em um gesto de cansaço. Com um suspiro pesado, começa a revisar os dados do caso.

Enquanto analisa os documentos, uma curiosidade o leva a pesquisar sobre a advogada responsável por representar Dona Valquíria. Ele digita o nome no sistema e, ao ver o resultado na tela, sente o estômago afundar. Marina.

Por um momento, ele congela, com os olhos fixos na tela como se as letras piscassem para provocá-lo. Sua respiração acelera e uma raiva crescente invade seu peito. Ele fecha os punhos, tentando conter as emoções que o dominam.

“Marina… Ela sabia que não deveria se envolver em um caso assim. Eu disse para ela evitar algo que pudesse perder!” pensa, enquanto aperta o braço da cadeira com força. A contrariedade mistura-se à frustração ao imaginar o que aquela situação significaria para os dois.

Victor sabia que, como advogado da AgroTech, suas chances de vencer eram altas. Ele tinha os recursos e as provas. Porém, vencer significava frustrar Marina, sabendo que ela estava fazendo o melhor para lutar em seu primeiro caso.

Ele passa a mão pela nuca, sentindo o calor da raiva misturado ao desconforto da situação. Era mais do que apenas um caso; era um conflito que colocava seu profissionalismo contra seus sentimentos. Victor sabia que precisaria encarar Marina em tribunal, mas também temia o impacto que isso teria no relacionamento deles.

“Por que você fez isso, loirinha?” murmura para si mesmo, balançando a cabeça. Ele sabia que a resposta viria em breve, mas a batalha interna já havia começado.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)