Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 213

— Não é isso que quero ignorar! — Victor responde com a voz elevada e irritada. Ele passa a mão pelos cabelos, claramente nervoso, antes de continuar. — Eu só não quero me meter na confusão que o meu pai arrumou e, pior, tentou colocar a Marina no meio disso.

Rodrigo o observa com atenção e tenta conversar de um modo que não irrite o irmão.

— Sei que isso te incomoda, mas você precisa entender que precisamos ficar atentos. Por um lado, esse Leonel tem razão — admite, olhando de relance para Marina, que permanece em silêncio. — O papai deve estar furioso com tudo o que está acontecendo. Você o desmascarou na frente da mamãe, depois bloqueou as contas dele. Ele deve estar se sentindo encurralado… e, pior, culpando todos nós por isso. Quando ele se sente pressionado, age sem pensar. Já vimos isso antes, Victor. E agora ele pode estar ainda mais imprevisível.

— Enquanto a Marina estiver ao meu lado, nada de mal vai acontecer com ela — Victor declara, determinado, deixando claro que não estava disposto a ceder um milímetro quando se tratava de protegê-la.

Seu olhar encontra o de Marina, que sente um misto de alívio e apreensão ao perceber o peso daquela promessa. Ele não só estava determinado a mantê-la segura, mas também a enfrentar qualquer ameaça que surgisse, custasse o que custasse.

— Espero que tenha razão — murmura Rodrigo, quebrando o silêncio, com um tom menos crítico e mais preocupado. — Porque se o papai realmente estiver fora de controle, pode ser mais complicado do que imaginamos.

Victor não desvia o olhar de Marina enquanto responde:

— Eu sempre tenho razão quando se trata dela. Não permitirei que ninguém toque em um fio de cabelo da Marina.

Percebendo a firmeza inabalável nas palavras do irmão, Rodrigo decide ceder, mesmo que ainda carregue suas próprias preocupações.

— Tudo bem, não vamos nos precipitar — diz ele, soltando um suspiro pesado. — O que sugiro agora é que tenhamos mais cuidado. Até o papai ser encontrado e tudo isso ser esclarecido, precisamos ser estratégicos. Primeiro, precisamos proteger as pessoas que ele pode considerar alvos. Isso inclui todos nós, mas especialmente Marina. Depois, precisamos descobrir onde ele está e entender qual é a próxima jogada dele.

Victor assente, mesmo que o plano ainda soe vago. Ele sabia que o irmão tinha a capacidade de transformar palavras em ações, e isso lhe dava algum conforto.

— E sobre a Andressa? — continua Rodrigo, inquieto. — Acha que devemos investigar esse filho que ela supostamente perdeu?

— Acho que não podemos ignorar essa possibilidade, mas também precisamos ter cuidado. O Leonel disse que ela perdeu o bebê, mas não temos nenhuma confirmação concreta. Não dá para descartar a hipótese de que ela esteja usando isso para se proteger ou manipular a situação.

— Você acha que ela mentiria sobre algo tão sério? — Marina questiona, um pouco confusa.

— Não seria a primeira vez que a Andressa manipula informações para conseguir o que quer. Se ela está com medo do Xavier, pode estar disposta a usar qualquer coisa para se proteger, incluindo uma história como essa.

Rodrigo cruza os braços, pensativo.

— E se for verdade? — Rodrigo insiste. — Se ela perdeu realmente o bebê? Isso tornaria o nosso pai… um assassino.

Victor balança a cabeça lentamente.

— Não sei. Mas, se for verdade, precisamos entender as implicações disso. Se o bebê era do Xavier, isso pode colocá-lo em uma posição ainda mais perigosa. Ele já está encurralado, e a culpa ou a raiva podem deixá-lo ainda mais instável.

Marina interrompe.

— Então, o que faremos? Porque ficar no escuro sobre isso só nos deixa mais vulneráveis.

— Vamos buscar mais informações. Posso tentar descobrir algo com os contatos que temos no hospital. Talvez alguém tenha mais informações sobre o prontuário dela ou sobre a transferência. Faremos tudo com cuidado. Não quero que ninguém se exponha mais do que o necessário, especialmente você, Marina.

Victor se aproxima dela com passos firmes, enquanto mergulha na intensidade de seus olhos azuis. Com delicadeza, toca levemente o queixo dela, erguendo seu rosto para que seus olhos se encontrem. O pensamento de que algo pudesse acontecer com ela — a mais inocente em toda aquela confusão — o assombra, trazendo um aperto no peito que não consegue ignorar. Ainda assim, ele mantém a expressão serena, escondendo com maestria a insegurança que luta para não transparecer.

Ao notar a proximidade do casal, Rodrigo percebe que deve sair dali naquele momento.

— Acho que vocês dois têm muito o que conversar — comenta, se aproximando do irmão e tocando o ombro dele.

— Eu só fui lá para ter certeza de que ela havia feito a denúncia. Mas não se preocupe, meu amor, não farei mais nada sem te consultar primeiro.

Notando a sinceridade na voz dela, Victor suaviza a expressão, e um sorriso malicioso surge em seus lábios.

— Já que resolvemos isso, o que acha de aproveitarmos que estamos sozinhos no meu escritório? — provoca, enquanto mordisca suavemente o pescoço dela, deixando sua intenção clara.

Marina solta uma risada nervosa e tenta se afastar, embora o calor da proximidade dele a deixe momentaneamente hesitante.

— Não posso — diz ela, endireitando-se e tentando escapar de seus braços. — Preciso visitar uma testemunha que vai me auxiliar no caso em que estou trabalhando.

O sorriso dele desaparece, substituído por uma expressão nervosa. Ele se recosta na poltrona, soltando um suspiro pesado, enquanto um gosto amargo de insatisfação toma conta de sua boca.

— Uma testemunha? — repete, meio desconfortável.

— Sim — confirma, observando-o com cuidado. — É importante. Pode fazer toda a diferença no caso.

Victor balança a cabeça lentamente, seu nervosismo parece crescer. De repente, parecia que a paz que existia entre os dois não seria mais alcançada.

— Já que tocou nesse assunto, gostaria de te pedir um favor — ele comenta.

— O que quer que eu faça? — Marina pergunta sorridente.

— Quero que abandone esse caso — dispara, sério o suficiente para mostrar que não estava brincando.