Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 214

Confusa com as palavras de Victor, Marina se levanta bruscamente, enquanto um sorriso amarelo surge em seus lábios.

— Abandonar o caso? — pergunta, incrédula. — Por que está me pedindo para fazer isso?

Victor, visivelmente desconfortável, massageia a barba rala, recém-feita, enquanto a encara, ainda sentado. Ele respira fundo antes de responder, tentando manter o tom calmo.

— Porque não é um bom caso para você iniciar sua carreira — explica, evitando o olhar direto dela, como se soubesse que suas palavras não seriam bem recebidas.

Marina estreita os olhos, cruzando os braços enquanto o encara de pé.

— Não é um bom caso? — Indaga. — Que conversa é essa? — pergunta.

Ele ergue o olhar, agora encontrando o dela, mas sua postura continua tensa.

— Loirinha, eu só quero o melhor para você. E esse caso não é bom, apenas me escute. Eu sei do que estou falando — insiste, num tom sério e quase suplicante.

Marina solta uma risada curta e amargurada, enquanto balança a cabeça, claramente frustrada.

— Espera aí! — diz ela, levantando a mão, como quem pede para ele parar de falar. — Como você pode saber se esse caso é bom ou ruim para mim? — questiona, com um olhar desafiador, franzindo as sobrancelhas em uma mistura de confusão e indignação. — Por acaso você sabe de algo que eu não sei?

Victor se recosta na cadeira, massageando as têmporas por um instante, como se tentasse encontrar as palavras certas. Mas o silêncio dele só aumenta a suspeita dela.

— Victor, eu estou falando sério — continua, agora mais incisiva. — O que você sabe sobre esse caso que faz você querer me afastar dele tão desesperadamente? Porque, pelo que me lembro, não comentei nada com você.

Victor a encara, claramente desconfortável.

— Não é isso. Eu só… — ele pausa, desviando o olhar para a sala, como se buscasse um respiro ou tempo para reorganizar seus pensamentos. — Eu sou o advogado responsável pela outra parte — revela, engolindo em seco o gosto amargo daquela confissão.

Marina para de repente, arregalando os olhos em choque.

— O quê? — pergunta ela, se aproximando novamente dele com passos rápidos. — Do que você está falando, Victor?

Ele engole em seco, evitando seu olhar por um instante antes de encará-la novamente.

— Marina, eu sou o advogado responsável pela defesa da AgroTech nesse caso — revela.

Ela leva a mão à boca, chocada.

— Você está defendendo a AgroTech? A empresa que roubou a ideia de uma senhora humilde? — questiona, deixando a indignação evidente em sua voz.

— Estou defendendo o direito do meu cliente, que tem a patente do produto — rebate, com o tom firme, deixando evidente o incômodo com o desdém na voz dela

Ela respira fundo, cruzando os braços em uma tentativa de se conter, mas suas palavras vêm carregadas de determinação.

— Lutar em vão? — repete, num tom baixo, mas afiado, enquanto o encara com firmeza. — Victor, pode até ser que você tenha mais experiência. Pode até ser que a lei favoreça o seu cliente. Mas isso não significa que eu não possa lutar. Nenhuma causa está ganha até que o veredicto seja dado.

Ela dá mais um passo à frente, determinada.

— O seu problema é que a sua arrogância e prepotência não permitem que você enxergue o óbvio: eu posso, sim, me sair muito bem nesse caso. Você está me subestimando. Está me desvalorizando só porque estou começando.

Ele abre a boca para responder, mas ela continua, ainda mais revoltada.

— O que você não entende é que eu não preciso da sua permissão, nem do seu reconhecimento para fazer o que acredito ser certo. Estou nesse caso porque acredito na justiça, não para provar nada para você ou para qualquer outra pessoa.

Ele engole em seco, com as palavras dela atingindo-o como um golpe inesperado.

— Marina, eu não quis desmerecer você… — tenta dizer, mas sua voz sai mais hesitante do que gostaria.

— Mas foi exatamente o que fez, Victor — interrompe-o. — E quer saber? Isso só me dá mais força para continuar. Vou lutar por Dona Valquíria até o fim. E, se você acha que já ganhou, está prestes a descobrir que subestimar alguém pode ser o seu maior erro.

Ela se vira e sai do escritório, deixando-o ali, perplexo e dividido.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)