Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 224

A semana passa em meio à correria, e, por conta das exigências do trabalho, Victor e Marina não conseguem se encontrar. Ambos sentem a saudade crescendo a cada dia, mas entendem que precisam priorizar suas obrigações, ainda que o desejo de estarem juntos torne tudo mais difícil.

O dia do julgamento de Dona Valquíria contra a AgroTech finalmente chega. Antes de entrarem na sala do tribunal, Marina e Victor trocam mensagens breves, mas significativas.

“Boa sorte, loirinha. Mostre o quanto é brilhante.”

“Boa sorte, Victor. Espero que consiga lidar com minha determinação.”

Ambos sorriem ao ler as respostas, cientes de que, apesar do amor que sentiam um pelo outro, naquele momento eram adversários.

Na sala do tribunal, o clima é tenso e cheio de expectativas. O juiz toma seu lugar e o julgamento tem início. O advogado da AgroTech, Victor Ferraz, assume a postura séria e confiante pela qual é conhecido, enquanto Marina, apesar de ser sua estreia no tribunal, exibe uma postura firme, irradiando determinação.

Victor começa com sua argumentação inicial, apresentando o caso com clareza e apontando a validade da patente registrada pela empresa. Sua eloquência e segurança deixam claro que ele é um profissional experiente, cativando a atenção da corte.

Quando é a vez de Marina, ela se levanta, ajustando levemente a toga, e caminha até o centro da sala com passos decididos.

— Meritíssimo, hoje não estamos apenas discutindo uma patente, mas sim a injustiça cometida contra uma mulher humilde que confiou em uma grande corporação e teve sua ideia roubada — declara com firmeza.

Sua voz ressoa pelo tribunal e seu tom seguro surpreende até Victor, que a observa de sua mesa com uma mistura de orgulho e rivalidade.

Marina apresenta documentos e testemunhos, incluindo o depoimento de Dona Valquíria, que detalha como foi enganada pela empresária da AgroTech. As palavras da idosa emocionam a todos na sala, mas Victor, com sua habilidade estratégica, logo contrapõe com provas de que a patente foi registrada pela empresa de forma legítima e dentro da lei.

— Embora a história da senhora Valquíria seja tocante, a lei é clara: quem registra primeiro é o proprietário legal da invenção — declara Victor, com um olhar direto para o juiz.

Marina, no entanto, não se intimida.

— Meritíssimo, a lei pode ser clara, mas a ética e a justiça não podem ser ignoradas. Dona Valquíria trouxe as ideias e os esboços originais para a empresa de boa-fé, acreditando que seria ajudada, não explorada. O que aconteceu aqui foi um claro abuso de poder e manipulação — afirma ela, encarando Victor com uma leve provocação no olhar.

Victor se levanta com confiança, exibindo documentos que mostram que a AgroTech já estava desenvolvendo um protótipo semelhante antes mesmo de Dona Valquíria visitar a empresa. Ele chama o engenheiro responsável, o senhor Renato Almeida, para depor.

Renato se posiciona na bancada das testemunhas, ajusta os óculos e começa a relatar com uma postura impassível.

— Comecei o desenvolvimento do protótipo no dia 10 de março — declara. — E finalizei a versão inicial no dia 15 de maio.

Victor, satisfeito com a declaração, faz um leve aceno ao juiz, encerrando sua participação naquele momento. Mas antes que o engenheiro pudesse se retirar, Marina se levanta e, com uma postura decidida, pede ao juiz permissão para fazer algumas perguntas.

O juiz assente e ela começa a caminhar em direção ao declarante, passando ao lado de Victor e lançando um olhar provocativo. Ele cruza os braços, observando a namorada numa mistura de curiosidade e apreensão.

Marina respira fundo, mantendo o olhar firme em Renato Almeida, enquanto se dirige à bancada com passos controlados. A sala do tribunal observa em silêncio, todos atentos aos próximos movimentos da advogada.

— Senhor Almeida, antes de prosseguirmos, peço que escreva algo para mim — diz ela, estendendo uma folha em branco e uma caneta. — Apenas uma frase simples: “A agroTech é a criadora do protótipo.”

Renato Almeida a encara com desconfiança, franzindo o cenho.

— E por que eu deveria fazer isso? — questiona, impaciente.

— Bom… é normal em projetos dessa magnitude que ajustes sejam feitos… — tenta justificar, mas sua voz soa menos confiante do que antes.

Marina dá um passo à frente, agora com uma postura ainda mais firme.

— Ajustes? Ou o senhor precisou criar o projeto com base nas informações compartilhadas por Dona Valquíria? — dispara.

— Protesto, meritíssimo — diz Victor, com firmeza, levantando-se de sua cadeira. — A advogada está utilizando suposições sem qualquer fundamento para insinuar má conduta da testemunha.

— Protesto registrado, mas permitido, senhor Ferraz. A advogada pode prosseguir, desde que mantenha o foco nos fatos apresentados — declara o juiz, olhando para Marina com uma expressão atenta.

Marina mantém a postura, sem se abalar pela intervenção de Victor. Ela respira fundo, ciente de que sua abordagem estava incomodando a outra parte, mas também fortalecendo a percepção da corte sobre a inconsistência nas respostas do engenheiro.

— Agradeço, meritíssimo. Serei mais clara — diz, com firmeza. — Senhor Almeida, eu tenho aqui em minhas mãos evidências que levantam sérias dúvidas sobre sua declaração de que o protótipo foi concluído antes da visita de Dona Valquíria à AgroTech.

A sala se enche de murmúrios novamente, enquanto Victor a observa com atenção redobrada.

— Este documento é o depoimento de um funcionário da AgroTech, que afirma ter testemunhado o senhor copiando, página por página, os papéis apresentados por Dona Valquíria durante a reunião em que ela explicou suas ideias e mostrou seus desenhos originais.

Marina pausa, olhando diretamente para o declarante, cuja expressão começa a mostrar sinais de desconforto.

— O mesmo funcionário relata que viu o senhor descartando os papéis de Dona Valquíria em uma lixeira, mas esses papéis já estavam com rascunhos e anotações suas. Curioso, ele decidiu recuperá-los e o que encontrou foi ainda mais revelador.

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