Terminando o primeiro dia de julgamento, Marina acompanha Dona Valquíria, que estava acompanhada, até o táxi. Enquanto ajuda Dona Valquíria a entrar no carro, escuta a senhora desabafar com um tom preocupado:
— Aquele advogado do outro lado é tão assustador. Ele me faz sentir medo, com aquele jeito frio e olhar sério. Não sei como uma pessoa como ele deve ser no dia a dia.
Mesmo sentindo o coração apertar, Marina mantém a compostura. Forçando um sorriso amarelo, responde:
— Ele só está fazendo o trabalho dele, Dona Valquíria. No tribunal, as pessoas às vezes precisam ser mais duras, mas isso não significa que sejam assim o tempo todo.
— Mas olho para você e, mesmo séria, ainda transmite uma aparência tão doce, tão tranquila. Agora, aquele homem… — ela faz uma pausa, balançando a cabeça. — Ele é assustador. Fiquei até com medo quando ele se aproximava de você no tribunal.
Mesmo sentindo o estômago revirar, Marina mantém o sorriso amarelo.
— Ele só tem um jeito firme, Dona Valquíria. Faz parte do trabalho dele, nada com que se preocupar — responde, tentando soar mais confiante do que realmente se sente.
A idosa a observa com olhos penetrantes, como se tentasse decifrar algo.
— Espero que esteja certa, querida. Mas você precisa tomar cuidado, viu? Pessoas assim, que intimidam com o olhar, podem ser perigosas em outras áreas da vida.
Mesmo sentindo o peso das palavras, Marina não responde. Apenas aperta de leve a mão da senhora e se despede dela.
— Não se preocupe, Dona Valquíria. Estou aqui para cuidar de tudo — diz, tentando encerrar o assunto, embora suas próprias emoções estejam conflitantes. — Até amanhã.
Após garantir que tanto a senhora quanto o acompanhante dela estavam bem, ela se despede e vai para o hotel próximo ao tribunal, onde estava hospedada.
Embora tivesse a opção de ficar na casa de sua avó, onde sempre se sentia acolhida, sabia que não seria o ambiente ideal para se concentrar. A presença de seus pais na cidade, com seus olhares curiosos e perguntas inevitáveis sobre o caso, seria uma distração que ela não poderia permitir.
Quando entra no quarto, sente o peso do dia cair sobre seus ombros. No entanto, ao olhar para o celular, vê uma mensagem de sua mãe:
“Como foi hoje, filha? Estamos muito curiosos para saber como está sendo seu primeiro julgamento. Você quer que vamos assistir amanhã?”
Suspirando, com o coração acelerado, se lembra de que seus pais ainda não sabem que o advogado da AgroTech é Victor. Ela hesita, mas, decidida a evitar qualquer desconforto desnecessário, digita rapidamente uma resposta:
“Foi tudo bem, mãe. Mas o caso é muito técnico e cansativo. Acho que vocês não iriam aproveitar muito. Quando terminar, eu contarei tudo com detalhes!”
Sabe que a desculpa pode não ser suficiente para afastar a curiosidade dos pais, mas, naquele momento, precisava evitar uma situação que poderia comprometer ainda mais sua concentração no caso e sua relação com Victor.
Guardando o celular no bolso, decide tomar um banho rápido para relaxar. Após sair do banheiro, com o vapor ainda no ar, ela pede o jantar no quarto e se senta à escrivaninha para revisar o caso. Sua mente mergulha nas anotações e estratégias, até que uma leve batida na porta a tira dos devaneios.
Ao abrir, depara-se com Victor. O cabelo dele está molhado, indicando que havia acabado de tomar banho, e o sorriso descontraído em seu rosto contrasta com a seriedade do dia no tribunal.
— Boa noite, linda — ele a cumprimenta naturalmente, como se as farpas trocadas no julgamento não tivessem existido.
— Boa noite, amor — ela responde, um pouco aliviada ao vê-lo tão relaxado.
Victor segura o rosto dela com uma das mãos, obrigando-a a olhar diretamente em seus olhos.
— Você é minha, Marina, completamente minha.
Sentindo a intensidade do olhar dele, seu corpo reage automaticamente e um arrepio percorre sua pele. Victor desliza uma mão pelas coxas dela, puxando-a para mais perto, enquanto sussurra em seu ouvido:
— Quero cada parte de você, loirinha… e não vou me contentar até que você sinta o mesmo.
Marina tenta dizer algo, mas as palavras se perdem quando ele captura novamente seus lábios, sua respiração é entrecortada pelo ritmo crescente de seus movimentos. A sensação do corpo dele contra o seu é avassaladora, e o peso das palavras ousadas que ele diz a faz sentir que, naquela noite, não haveria espaço para mais nada.
Algumas horas depois, Victor começa a acariciar o cabelo dela com ternura. Ele percebe o quanto Marina parece exausta e, em silêncio, faz cafuné até que ela adormeça. O semblante tranquilo dela o faz sorrir suavemente, sentindo-se grato por aquele momento de intimidade.
Com cuidado, ele se levanta para não acordá-la e, ao caminhar até a porta, seus olhos recaem sobre os papéis na escrivaninha. A curiosidade o vence e ele se aproxima.
Ao analisar os documentos, reconhece imediatamente as anotações detalhadas de Marina sobre o caso, incluindo estratégias para enfrentar as provas da AgroTech. Uma mistura de admiração e desconforto o invade enquanto lê os pontos que ela preparou.
Ele coloca os papéis de volta no lugar, ajustando-os cuidadosamente para que Marina não perceba. Antes de sair, olha para ela mais uma vez, dormindo serenamente. Aproxima-se, dá um beijo leve na testa dela e sussurra:
— Eu poderia muito bem acabar com você amanhã…
Com cuidado, ele pega o cartão do quarto dela e sai. Do lado de fora, certifica-se de trancar a porta para garantir que ela fique segura durante a noite. Em um gesto atencioso, ele abaixa-se e desliza o cartão por debaixo da porta, deixando-o ao alcance dela, caso precisasse. Antes de se afastar, lança um último olhar para o quarto, sentindo-se mais tranquilo por saber que ela estava protegida.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...