Ao ver Joana Ferraz sair da casa do filho mais novo, o motorista abre prontamente a porta do carro para que ela entre.
— Vá direto para casa — ordena, com o tom seco e decidido, enquanto tira o celular da bolsa com certa pressa, os dedos firmes discam um número que ela havia decorado como se fosse parte de si, já que não podia gravá-lo na memória de seu celular.
Após alguns toques, a voz de Xavier Ferraz atende do outro lado da linha, num tom de expectativa.
— Como foi, querida? Conseguiu convencê-lo? — pergunta, com a ansiedade claramente transparecendo em sua voz.
Suspirando pesado, o olhar dela se fixa na paisagem que passava pela janela, enquanto o carro acelerava.
— Ainda não sei ao certo, Xavier — responde, misturando um pouco de frustração e determinação. — Mas estou preparando o terreno. Você sabe que o Victor é muito desconfiado. Ele está tão cego por aquela garota que será mais difícil do que eu imaginava.
— Isso não importa, no final, nada disso valerá a pena — afirma Xavier, com a voz incisiva. — Ele não ficará com ela, de qualquer modo.
— Sei disso, e é por isso que estou fazendo todo esse esforço — confessa. — Quero estar ao lado do meu filho e acolhê-lo quando aquela desgraçada desaparecer da nossa vida para sempre.
— Você está sendo muito estratégica, querida — Xavier ri, com um tom malicioso. — Primeiro, aceita o casamento para ganhar a confiança dele, e quando a tragédia acontecer, você se coloca como a mãe amorosa e solidária, fingindo surpresa.
— Acha que eu colocaria tudo a perder? — rebate, com firmeza. — Estou fazendo isso pelo Victor. Qual seria o sentido se, depois de tudo, ele continuasse me odiando?
Xavier faz uma pausa, suavizando um pouco a voz.
— Sei que você é louca pelo Victor, Joana, mas precisa enxergar as consequências dos atos dele em nossas vidas. Se hoje sou um procurado pela justiça, é porque ele incentivou aquela desgraçada da Andressa a prestar queixa — protesta Xavier, indignado. — Você precisa entender que o Victor não é esse filho perfeito que você insiste em defender!
— Não ouse falar do Victor desse jeito, Xavier! — rebate com a voz firme. — Tudo o que ele fez foi tentar me defender, corrigindo os erros que você mesmo cometeu. Se está nessa situação, é porque não pensou nas consequências dos seus atos!
Xavier solta uma risada amarga, balançando a cabeça do outro lado da linha. Apesar de saber que deveria ser mais cauteloso com a esposa, ciente de que dependia dela para que seus planos funcionassem, não conseguia conter o desprezo que sentia ao vê-la defender o filho com tanta ferocidade. Era irritante, quase patético, como ela se agarrava a essa devoção cega, ignorando as consequências que isso poderia trazer.
— Ah, claro, a culpa é sempre minha, não é? — ironiza. — Ele sabia muito bem o que estava fazendo ao colocar o nome da nossa família em jogo. Não foi só uma questão de justiça, foi vingança. Ele queria me destruir, e você sabe disso.
— Ele não queria te destruir, Xavier. Ele só não compactuou com as suas mentiras e traições! Não coloque a culpa nele pelos seus próprios erros. Você destruiu nossa família sozinho, com suas escolhas egoístas e irresponsáveis!
Cansado das acusações, Xavier se exalta frustrado.
— E você? Até quando vai me julgar pelo que fiz? Eu já disse que me arrependo amargamente de tudo, mas parece que isso nunca é suficiente. Prefere continuar se rastejando atrás de um filho que deixou claro que não se importa mais com você — retruca com aspereza. — Ele escolheu aquela garota, Joana! Já mostrou que não quer você por perto. Então por que continua insistindo? Por que não dá mais atenção a mim, que sou o seu marido? Ou será que prefere continuar se humilhando?
Joana perde o controle da voz e treme com a intensidade da emoção que transborda.
Do outro lado da linha, Xavier respira fundo, refletindo sobre o plano sombrio traçado pela esposa.
— E você tem certeza de que é isso que quer? — questiona, com um toque de hesitação em sua voz. — Porque, se cruzarmos essa linha, não haverá volta.
— Acha que não sei disso? — retruca, ríspida. — Já passei tempo demais sendo humilhada e ignorada pelo meu próprio filho por causa daquela mulher. Se para tê-lo de volta preciso sujar minhas mãos de sangue, que assim seja.
Xavier sorri, ainda que o som não tenha um pingo de humor.
— Está bem, farei como deseja — concorda. — Seja feita a sua vontade, querida.
Calada por alguns segundos, Joana reflete antes de responder:
— Já enfrentei coisas muito piores, Xavier, e saí de todas elas com a cabeça erguida — diz ela, determinada. — Sei exatamente o que estou fazendo, e não vou permitir que ninguém, absolutamente ninguém, destrua o que é meu. Nem você, nem aquela garota, nem qualquer outra pessoa. Se for preciso resolver isso com sangue nas mãos, então que seja. Mas da minha família, aquela mulher jamais fará parte — encerra a ligação abruptamente, desligando o telefone sem dar a Xavier a chance de responder.
Quando percebe que a esposa acaba de desligar o telefone sem se despedir, Xavier sussurra.
— M*****a, acha mesmo que vou continuar sendo o seu capacho para sempre? — esbraveja, cuspindo no chão com desprezo. — Você vai se arrepender amargamente de achar que pode me tratar assim. Vou cuidar de você, Joana, exatamente do jeito que sempre quis fazer — declara, com um sorriso frio, enquanto desvia o olhar para o computador à sua frente, onde já planejava desviar milhões da conta da esposa. — E aquele miserável do Victor… — continua, num tom de voz rancoroso. — Aquele maldito nunca pareceu ser meu filho de verdade.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...