Um mês depois, lá estava Marina, em frente ao espelho, vestida de noiva. Seu vestido, uma obra-prima desenhada por um renomado estilista brasileiro, era feito de cetim branco impecável, com delicados bordados em pedrarias que desenhavam arabescos por todo o corpete justo. As mangas longas de tule translúcido eram adornadas com pequenos cristais, e a saia volumosa tinha um caimento fluido que parecia deslizar como uma nuvem ao redor de suas pernas.
Seus cabelos loiros estavam meticulosamente penteados em um coque baixo e elegante, com algumas mechas soltas emoldurando delicadamente seu rosto. Um véu de tule leve, preso por uma tiara de pérolas discretas, completava o visual, dando a ela um ar de graça e sofisticação. Marina respirava fundo, sentindo o peso do momento, mas também a alegria de saber que estava prestes a dar um dos passos mais importantes de sua vida.
— Como você está linda, Mari — diz Daniela, com a voz embargada, enquanto enxuga o rosto com um lenço branco.
Desde que viu a filha daquele jeito, Daniela não conseguia conter as lágrimas. Para ela, aquele momento era um redemoinho de emoções. Ver a única filha vestida de noiva era como se o tempo tivesse escapado por entre seus dedos. Em sua mente, as memórias se misturavam: o pequeno bebê que havia embalado em seus braços com tanto cuidado, os primeiros passos, as risadas infantis. Agora, diante de seus olhos, estava uma mulher adulta, elegante e confiante, prestes a dar um dos passos mais significativos de sua vida.
— Mãe, por favor, não chore assim… — Marina diz, com um sorriso carinhoso, enquanto tenta conter as próprias lágrimas.
— Não consigo evitar, filha — Daniela responde, respirando fundo. — Parece que foi ontem que você estava correndo pela casa com os cabelos cheios de laços e agora… Olha para você! — Ela faz uma pausa, engolindo o nó na garganta. — Eu sempre soube que você seria uma mulher incrível, mas vê-la assim, tão feliz, tão realizada… É um sonho para mim também.
Marina segura as mãos da mãe, apertando-as levemente.
— Tudo isso só é possível porque você e o papai sempre acreditaram em mim, me apoiaram e me ensinaram a nunca desistir — ela diz, emocionada. — Hoje, cada passo que dou ao lado do Victor, carrego um pouco de vocês comigo.
Sua mãe sorri, enxugando mais uma lágrima que insiste em escorrer.
— Ele é um homem de sorte, Mari. E, pelo jeito que ele olha para você, tenho certeza de que sabe disso.
Marina ri suavemente, tentando aliviar a emoção no ar.
— Acho que sou a mais sortuda nessa história, mãe.
As duas se abraçam com força, compartilhando aquele momento único, em que o amor de mãe e filha se mistura com a expectativa do futuro.
Quando escutam uma leve batida na porta, as duas se afastam.
— Será que é o papai? — Marina pergunta, lançando um olhar para o relógio.
— Espera, eu vou atender — diz Daniela, caminhando até a porta.
Ao abri-la, ela se depara com Joana. A sogra de Marina está impecavelmente vestida, mas seus olhos carregam uma frieza cortante. Joana observa Daniela dos pés à cabeça, e um olhar de desprezo atravessa seu rosto antes de voltar sua atenção para dentro do quarto.
Assim que os olhos dela recaem sobre Marina, vestida de noiva, um lampejo de ódio e ressentimento queima em seu olhar. Porém, num esforço calculado, ela força um sorriso discreto e pergunta:
— Posso falar com a Marina antes da cerimônia começar?
Sentindo a garganta apertar por um instante, Marina respira fundo, recobrando a calma. Seus olhos encontram os de Joana, e em um segundo de silêncio, ela percebe a verdade: Joana nunca mudou. Todo aquele tempo de aparente aceitação não passava de uma fachada, uma estratégia para não perder o contato com o filho.
Determinada a não permitir que a sogra estrague o dia mais importante de sua vida, ela dá um passo à frente, encurtando a distância entre as duas, e declara, com a voz firme e o olhar inabalável:
— Acha mesmo que o sobrenome Ferraz significa alguma coisa para mim? — questiona, deixando claro o desprezo em seu tom de voz. A surpresa no rosto de Joana é evidente, mas Marina não a deixa responder. — Ainda mais vindo de uma família que foi capaz de tantas atrocidades, liderada por um homem tão desprezível quanto seu marido.
Joana parece prestes a rebater, mas hesita por um instante, como se as palavras que acabou de ouvir tivessem atingido um ponto sensível. Mesmo assim, sua expressão de ódio permanece intacta.
— Você tem a língua afiada, eu admito — retruca Joana, com um sorriso frio. — Mas palavras não mudam os fatos. E o fato é que você não pertence a essa família. Nunca pertenceu e nunca pertencerá.
Marina ergue o queixo, sem demonstrar fraqueza.
— A senhora pode pensar o que quiser, mas isso não muda nada. Hoje, me casarei com o homem que amo, e não será a sua amargura que me impedirá.
Encarando-a por um momento, Joana parece buscar algo para dizer. Mas, sem conseguir encontrar uma resposta à altura, limita-se a lançar um último olhar de desprezo antes de virar as costas.
— Aproveite o momento, sua favelada — diz, num tom irônico. — Porque a felicidade é algo que você não terá por muito tempo.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...