Na delegacia, ele é recebido pelo delegado:
— Senhor Ferraz, sei que este é um momento delicado, mas precisamos de sua colaboração. Sua mãe está negando envolvimento direto, mas temos provas contundentes que apontam o contrário.
— Auxiliarei no que for preciso. Tudo o que quero é que o Victor sobreviva e que os responsáveis paguem pelo que fizeram.
O delegado assente, admirando a determinação no olhar de Rodrigo, apesar do sofrimento evidente.
— Sua mãe revelou que um voo programado para fora do país, usando o nome dela, na verdade, foi organizado por seu pai. Entramos em contato com a empresa responsável pelo voo e descobrimos que o avião já decolou com destino a Singapura. Estamos coordenando com as autoridades locais para interceptá-lo assim que pousar — informa o delegado, enquanto ajusta alguns papéis sobre a mesa, com um semblante grave.
Fechando os olhos por um instante, Rodrigo tenta conter a raiva que pulsa em suas veias. Ele abre os olhos lentamente, encarando o delegado com firmeza:
— Espero que realmente seja ele nesse avião. Quero que seja encontrado e responda por tudo o que fez. Ele precisa pagar por todas as atrocidades que causou à nossa família — declara, com a voz pesada.
O delegado inclina a cabeça levemente, observando o homem à sua frente.
— Estamos fazendo o possível para a justiça ser feita. Entendemos o peso dessa situação, mas quero lembrá-lo de que o processo pode ser longo. Xavier Ferraz é um homem poderoso e influente, mesmo agora, agindo como um fugitivo — pondera.
Soltando um suspiro profundo, Rodrigo passa a mão pelos cabelos, num gesto de frustração. Ele observa os detalhes ao redor: a luz fria que ilumina o ambiente, o som distante de passos no corredor, e a presença marcante do relógio de parede, marcando o passar lento do tempo.
— Longo ou não, delegado, não importa. Quero que ele enfrente as consequências. Não posso continuar vivendo sabendo que ele tentou contra a vida do meu irmão, que destruiu o pouco de paz que tínhamos. Ele fez tudo isso, e por quem? Por ele mesmo! Por egoísmo! — Rodrigo levanta a voz, sentindo o peso de suas palavras. — Não importa a influência que o meu pai tenha, eu moverei céus e terra para que ele e a minha mãe paguem pelo que tentaram fazer.
O delegado assente com um olhar compreensivo antes de continuar:
— Temos mais uma equipe trabalhando para rastrear todas as mensagens e ligações que ele e sua mãe trocaram. Além disso, é difícil acreditar que ele fez isso completamente sozinho. Inclusive, alguns registros financeiros levantam suspeitas de que ele teria subornado funcionários para facilitar a sua fuga.
— Claro que ele teria ajuda. Xavier nunca sujou as próprias mãos para conseguir o que queria. Sempre usou as pessoas ao seu redor como peões, descartando-as quando não serviam mais aos seus propósitos. — Rodrigo faz uma pausa, lutando contra as lágrimas que ameaçam escapar. — Mas não desta vez. Não vou permitir que ele saia impune.
O delegado observa o desabafo do homem à sua frente e se levanta lentamente.
— Entendo a sua dor, senhor Ferraz. Agora, precisamos continuar nossa parte para garantir que Xavier seja interceptado. — Ele faz uma pausa, estudando a expressão de Rodrigo. — Por acaso, quer visitar a sua mãe?
Rodrigo fica em silêncio por um momento, absorvendo as palavras.
— Não quero contato com aquela mulher, até que tudo seja esclarecido.
O delegado estende a mão em um gesto solidário, que Rodrigo aceita sem hesitar.
— Manteremos você informado de qualquer atualização — promete o delegado.
Rodrigo sai da sala com passos firmes, mas sua mente continua um turbilhão. Enquanto caminha pelos corredores da delegacia, flashes das últimas horas passam pela sua cabeça: o tiro, o sangue, os gritos, a expressão de sua mãe ao ser levada algemada. Ele não consegue deixar de se perguntar como a família chegou a esse ponto, tão despedaçada.
Quando chega à recepção, Valentina o espera com o olhar apreensivo.
— O que acha de passarmos em casa rapidamente e trocarmos essas roupas? — ela pergunta.
Ele apenas assente, mas o olhar em seus olhos mostra que, embora esteja ali fisicamente, sua mente está em mil lugares ao mesmo tempo, tentando desvendar o próximo passo nesse emaranhado de tragédias e escolhas devastadoras.
Ele sente o peso de suas palavras, mas a apreensão em seu olhar ainda persiste.
— Você é tão incrível, Valen. Eu não sei como mereço você — sussurra, enquanto coloca uma mão sobre a dela.
Ela sorri suavemente e se aproxima, tocando a testa dele com a sua.
— Você merece tudo, amor. Inclusive, merece um pouco de paz. Agora, relaxe e deixe que eu cuide de você por um momento.
Ela se levanta e vai até a cozinha, preparando algo leve para ele comer. Enquanto isso, Rodrigo se inclina para trás no sofá, sentindo um pequeno alívio pela presença de Valentina. O som de panelas e água fervendo preenche o silêncio, oferecendo um conforto inesperado.
Ao voltar com uma bandeja, ela a coloca sobre a mesinha de centro e o encoraja a comer.
— Você precisa de energia para enfrentar tudo isso — diz, acariciando seu ombro.
Mesmo pegando o garfo meio hesitante, a gratidão em seus olhos não passa despercebida por Valentina.
— Obrigado, Valen. Por tudo.
Ela sorri e se senta ao lado dele novamente, encostando a cabeça em seu ombro.
— Estamos juntos nisso. Não importa o que aconteça, enfrentaremos tudo lado a lado.
Os dois ficam ali, no silêncio confortável de quem se entende sem palavras, recarregando forças para o que ainda estava por vir.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...