Um chefe irritante e irresistível romance Capítulo 263

Enquanto está sentada vendo seu advogado interrogar Marina, Joana não consegue desviar o olhar de Victor, que está sentado do outro lado da sala, próximo à promotoria. Ele permanece firme, com a postura ereta e o olhar fixo nos depoimentos que se desenrolam. Sua presença imponente só aumenta o peso da culpa que ela tenta reprimir.

Por mais que quisesse, Joana sabia que não podia se aproximar dele. A frieza no olhar de seu filho, aquele mesmo olhar que outrora a enchia de orgulho, agora a perfurava como lâminas, deixando claro o abismo que havia entre eles. Sua vontade de correr até ele, abraçá-lo e implorar por perdão é esmagada pela realidade de suas ações e pela barreira intransponível que ela mesma construiu.

Enquanto a voz de seu advogado ecoa pelo tribunal, Joana sente o peito apertar. Lembra-se de quando Victor era apenas um garoto, sempre ao seu lado, buscando sua aprovação em tudo. Aquele era o mesmo filho que agora a olhava como uma estranha, talvez até como uma inimiga. O que mais a machucava não era apenas a frieza dele, mas a certeza de que ela mesma havia causado aquilo.

Victor percebe que está sendo observado pela mãe, mas não reage. Mantém o semblante sério, como se quisesse deixar claro que o laço entre eles havia sido cortado. Joana engole em seco e desvia o olhar, sentindo que, para ele, qualquer tentativa de reconciliação seria inútil.

Marina mantém a postura, respirando fundo antes de responder. Seu olhar firme encontra o do advogado, deixando claro que não seria intimidada.

— Quando eu disse isso à senhora Ferraz, estava apenas reafirmando minha posição profissional, como era esperado naquele momento. Naquela época, eu não tinha nenhum envolvimento pessoal com o Victor Ferraz e jamais o vi como algo além de meu chefe. Nosso relacionamento começou muito tempo depois e em circunstâncias completamente diferentes. Portanto, não, isso não é hipocrisia, é simplesmente a evolução natural de duas pessoas que se apaixonaram de forma genuína e respeitosa.

O advogado ergue uma sobrancelha, surpreso pela resposta articulada.

— Mas a senhora não acha que o fato de acabar casando com um dos filhos da minha cliente justifica as preocupações dela? Não acha que, talvez, ela estivesse apenas tentando proteger sua família?

Marina cruza as mãos sobre a mesa, inclinando-se levemente para frente, mostrando que não estava intimidada com aquela pergunta.

— Proteger sua família? Com todo o respeito, senhor, ameaças, humilhações e conspirações não são atos de proteção. São atos de hostilidade. O que a senhora Ferraz fez comigo não foi baseado em proteção, mas em preconceito e controle. E, sinceramente, se ela estivesse realmente preocupada em proteger sua família, teria começado protegendo o próprio filho, de um atentado que ela mesma planejou.

Um burburinho percorre a sala. O juiz b**e o martelo para silenciar o tribunal.

— Ordem na sala! — ordena.

O julgamento segue e agora é Andressa quem se levanta para prestar depoimento. Ela caminha até o centro do tribunal com passos hesitantes, visivelmente nervosa. Seus olhos percorrem rapidamente a sala, evitando contato visual com todos ali. Quando se senta, o juiz a encara com seriedade.

— Senhora Andressa Souza, a senhora está aqui como testemunha, mas lembre-se de que se tornou ré também. Promete dizer toda a verdade? — questiona o juiz.

— Sim, prometo — responde, com a voz trêmula.

O promotor se aproxima, ajustando seus papéis, e inicia o interrogatório.

— Senhora Souza, a senhora admite ter mantido uma relação amorosa com o réu Xavier Ferraz, mesmo ciente de que ele era casado?

O tribunal silencia quando o advogado da acusação lança a pergunta direta à Andressa. Ela hesita por um momento, seus dedos se entrelaçam nervosamente enquanto evita olhar na direção de Xavier ou Joana.

— Sim — ela responde finalmente, engolindo um nó que se forma em sua garganta. — Tive uma relação com ele, mesmo sabendo que era casado.

O advogado inclina-se levemente para frente, aproveitando a confissão para pressioná-la ainda mais.

— O senhor Ferraz alguma vez lhe prometeu que deixaria a esposa para ficar com você?