Após convencer Marina de que poderiam ter um bebê, Victor se dedicava com entusiasmo a concretizar esse desejo. Sempre que tinha uma oportunidade de ficar sozinho com ela, não dava trégua.
— Victor, por favor, você tem uma reunião em trinta minutos — diz ela, tentando conter a apreensão, enquanto o vê trancando a porta do escritório.
Ele sorri de canto, aproximando-se dela com um olhar confiante.
— Não se preocupe, meu bem. Esse tempo é mais do que suficiente para nós — responde, segurando-a suavemente pela cintura.
E assim se passaram alguns meses, marcados por uma ansiedade silenciosa que crescia a cada pequeno sinal. Sempre que Marina sentia um leve enjoo ou percebia alguma mudança em seu corpo, a esperança se acendia nos olhos de ambos, cheios de expectativas e sonhos ainda não concretizados. No entanto, a chegada da menstruação vinha como um balde de água fria, dissolvendo as ilusões e trazendo consigo uma frustração difícil de disfarçar. Ainda assim, entre suspiros e olhares cheios de cumplicidade, eles se recusavam a desistir, alimentando a esperança de que, em algum momento, a notícia tão esperada finalmente chegaria.
Após mais um dia de trabalho, Marina chega em casa com o marido, mas, ao contrário do habitual, não entra de imediato. Com um leve suspiro, avisa a Victor:
— Vou sair um pouco, preciso ir à casa dos meus pais.
Ele a observa por um instante, franzindo levemente a testa.
— Quer que eu vá com você? — pergunta, num tom educado.
Forçando um sorriso, ela balança a cabeça em sinal de negação.
— Não precisa, amor. Pode ir descansar, eu não vou demorar.
Após se despedir com um beijo rápido, ela caminha até a casa dos pais. O ar do fim da tarde é fresco, mas não alivia a inquietação que cresce em seu peito. Quando chega, encontra a mãe regando as plantas no jardim da frente.
Ao avistar a filha, Daniela ergue o olhar, surpresa.
— Mari? Que surpresa te ver a essa hora! — diz, segurando o regador nas mãos.
Marina sorri de canto, mas seus olhos carregam uma seriedade incomum.
— Oi, mãe… Que bom encontrar a senhora sozinha…
Notando de imediato a mudança no tom da filha, Daniela larga o regador, aproximando-se com preocupação.
— Aconteceu alguma coisa, Mari?
Marina desvia o olhar e balança a cabeça rapidamente.
— Não é nada, mãe. Eu só queria saber se a senhora está livre amanhã cedo para ir comigo a um lugar.
A fala da filha a faz franzir o cenho e a apreensão cresce em sua expressão.
— Claro, filha… Mas onde quer que eu te acompanhe?
Mordendo os lábios, Marina desvia o olhar, enquanto seus dedos inquietos se enroscam entre si.
— Numa consulta médica — declara, num tom de voz baixa, quase um sussurro.
Daniela arregala os olhos e o seu semblante se torna ainda mais preocupado.
— Consulta médica? Você não está se sentindo bem?
Suspirando profundamente, Marina percebe que não pode mais fugir das perguntas.
— Eu estou bem… — hesita, mexendo no anel de casamento com nervosismo. — É que… eu só quero saber se há algo de errado comigo.
Daniela estreita os olhos, tentando compreender a aflição da filha.
— Como assim?
— Obrigada, mãe. Amanhã cedo podemos ir juntas?
— Claro que sim, filha — responde Daniela com convicção. — Estarei com você, aconteça o que acontecer.
— Vou dizer ao Victor que iremos fazer compras, assim ele não desconfiará de nada — diz Marina, tentando soar despreocupada, mas a inquietação em sua voz a denuncia.
Franzindo o cenho, sua mãe cruza os braços.
— Filha, não acho certo você mentir para o seu marido — adverte, num tom gentil, porém firme.
— Eu sei, mãe… E, para ser sincera, nem gosto disso, mas… — sua voz vacila, como se tentasse convencer a si mesma — depois que eu fizer os exames e souber que está tudo bem, eu conto tudo para ele. Só não quero preocupá-lo antes da hora.
Observando a filha por um instante, Daniela avalia seu nervosismo e então, com um suspiro resignado, toca suavemente seu braço.
— Você quem sabe, Mari… Só espero que isso não acabe se tornando um peso maior para você.
Marina força um sorriso, tentando disfarçar a angústia que ainda pulsa dentro dela.
— Vai ficar tudo bem, mãe. Eu só… preciso ter certeza de que não há nada errado comigo antes de envolvê-lo nisso.
Daniela assente, percebendo que a filha precisa desse tempo para lidar com suas próprias inseguranças. Percebendo que a mãe a compreende, Marina sorri, abraçando a mãe com força, buscando no seu abraço a segurança de que tanto precisa.
— Eu só espero que não seja nada grave…
— Vai dar tudo certo, querida. Uma coisa de cada vez, está bem?
Marina assente, tentando se agarrar à esperança nas palavras da mãe, mas, no fundo, a incerteza ainda a assombra.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...