Já havia se passado um mês e meio desde a consulta de Marina com o médico. Desde então, ela decidiu encarar a vida com mais leveza e serenidade, acreditando que algo bom poderia acontecer a qualquer momento, quando deixasse de lado toda a pressão que sentia sobre suas costas.
No escritório, enquanto analisa o processo de uma nova cliente, ela fixa os olhos na tela do computador, semicerrando-os em meio ao cansaço que se acumula da semana exaustiva. A pressão das responsabilidades e o ritmo acelerado dos últimos dias pesam sobre seus ombros, dificultando manter a concentração.
— Doutora, está se sentindo bem? — pergunta Suzan, sua secretária, percebendo o cansaço evidente em seu rosto.
Marina levanta o olhar da tela e força um sorriso.
— Estou, sim, obrigada por perguntar — responde rapidamente, tentando disfarçar o peso da fadiga. — Você poderia me trazer um café? Estou me sentindo um pouco indisposta — admite, passando a mão pelos olhos na tentativa de afastar o cansaço.
— Claro, mas… — Suzan hesita por um instante antes de continuar, com uma expressão de preocupação. — Isso não pode te causar algum mal?
Estranhando a pergunta, Marina apoia os cotovelos na mesa e a encara com curiosidade.
— Por que isso me causaria algum mal?
Suzan morde os lábios, parecendo receosa de que suas palavras possam soar inconvenientes.
— Não quero me meter, doutora, mas… notei que durante há alguns dias a senhora anda muito sonolenta, e isso me fez lembrar de alguns sintomas de gravidez — revela, medindo suas palavras. — Eu não sei se é o seu caso, mas, se for, talvez não seja bom consumir tanta cafeína.
Marina arregala levemente os olhos, surpresa com a observação inesperada. Uma pontada de incerteza percorre sua mente, enquanto ela tenta processar as palavras de Suzan.
— Você acha? — pergunta, agora prestando mais atenção nas palavras de Suzan.
— Bem… quando fiquei grávida, meus sintomas eram bem parecidos com os que a senhora está sentindo — responde Suzan com um sorriso compreensivo.
Franzindo a testa, Marina fecha rapidamente o notebook à sua frente. Ela reflete por alguns instantes, sentindo o coração acelerar levemente antes de tomar uma decisão.
— Suzan, será que você poderia me fazer um favor? — pede, com um tom levemente ansioso.
— Claro, senhora.
— Pode ir até a farmácia e comprar um teste de gravidez para mim?
Suzan assente prontamente, já se virando para sair.
— Claro, doutora.
— Espere! — Marina a chama antes que ela alcance a porta.
Suzan se vira, esperando atentamente.
Por um instante, Marina passa as mãos pelo rosto, como se tentasse acalmar os pensamentos que insistem em correr em todas as direções. Ela sabia que aquele momento, por mais simples que parecesse, carregava o peso de inúmeros sentimentos acumulados ao longo do tempo.
Quando retira as duas caixas da sacola, as observa em silêncio, sentindo o coração acelerar a cada segundo. Seus dedos deslizam suavemente sobre as embalagens, como se estivesse buscando coragem para seguir em frente.
— Por favor, Deus, eu te peço… — sussurra numa prece sincera e silenciosa, com os olhos fixos no reflexo cansado, mas esperançoso, no espelho. — Eu queria tanto que o Senhor me concedesse esse desejo… — acrescenta, sem conter a emoção.
Ela fecha os olhos por um instante, respirando profundamente, como se quisesse guardar aquele momento em seu coração antes de enfrentar a realidade. Afinal, dentro daquelas caixas estava a resposta que poderia mudar sua vida para sempre.
Com as mãos levemente trêmulas, abre a primeira caixa com cuidado, retirando o teste de gravidez embalado em plástico. Ela desliza os dedos sobre a embalagem antes de rasgá-la, revelando o pequeno dispositivo branco que, em poucos minutos, pode trazer a resposta que tanto anseia.
Respirando fundo, ela segue as instruções da embalagem, removendo a tampa protetora da extremidade absorvente. Com precisão, posiciona o teste sob o fluxo de urina, contando mentalmente os segundos conforme indicado. O tempo parece se arrastar, e sua mente viaja entre memórias e expectativas, mas ela mantém o foco.
Após o tempo necessário, ela coloca cuidadosamente o teste sobre a pia e recoloca a tampa, como indicado nas instruções. Agora, resta apenas esperar. Enquanto observa a pequena tela de resultado, seus dedos tamborilam suavemente na pia de mármore, e seu coração b**e forte no peito.
Encostando-se à parede, cruza os braços, como se tentasse conter a inquietação que cresce dentro de si. Cada segundo de espera parece eterno. Ela fecha os olhos por um instante, respirando profundamente, esperando que, desta vez, a resposta seja diferente.
Após alguns minutos, abre lentamente os olhos e encara o teste sobre a pia. Seu coração martela em seu peito, e suas mãos hesitam antes de alcançar o dispositivo. Ela prende a respiração por um instante, como se estivesse se preparando para o que está por vir.
— Não acredito…

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...