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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 291

Saindo do quarto, Marina segue em direção ao quintal da casa, onde encontra o marido sentado em uma poltrona, com um livro aberto sobre as mãos. O rosto dele está sério, os olhos fixos nas páginas, mas há algo em sua postura que denuncia que sua mente está em outro lugar.

Aproximando-se, ela se senta ao lado do marido e o observa por um instante antes de perguntar:

— O livro está interessante?

Soltando um suspiro leve e, sem desviar o olhar da página, Victor responde com um sorriso de canto:

— Para ser sincero, estou lendo o mesmo parágrafo há quase duas horas — responde, fazendo uma careta divertida, mas Marina percebe a inquietação por trás da brincadeira.

— O que houve? — questiona, evidentemente preocupada.

Lentamente, Victor fecha o livro, apoiando-o sobre a mesa ao lado. Seus olhos vagam até a piscina, encarando o reflexo trêmulo da água, como se buscassem respostas ali.

— Hoje chegou mais uma carta da minha mãe, não foi? — sua voz sai baixa, quase um murmúrio.

— Sim. Dayane acabou de me entregar.

Assentindo devagar, sem desviar o olhar do horizonte, continua:

— O que estava escrito?

— Eu não li — revela.

Ele aperta os lábios, fechando os olhos por um breve momento, como se estivesse escolhendo com cautela as palavras que diria a seguir. Mas o silêncio entre eles se prolonga.

— Não acha que está na hora de dar uma chance para ela?

Victor não responde de imediato. Seus olhos continuam fixos na piscina, perdidos em lembranças que apenas ele conhece. Depois de um longo suspiro, ele se ajeita no banco e repousa a cabeça no colo da esposa, fechando os olhos.

— Eu não sei… — confessa, sentindo-se um pouco incerto.

Deslizando os dedos pelos cabelos dele, num gesto automático de carinho, ela tenta passar um pouco de confiança para convencê-lo a dizer o que pensa.

— Já faz muitos anos, Victor. Pode ser que ela tenha realmente mudado.

Ele solta uma risada curta, sem humor.

— E se não mudou?

Sorrindo de leve, ela inclina-se um pouco mais para ele.

— Tenho certeza de que você conseguirá discernir a verdade quando olhar nos olhos dela.

Victor permanece em silêncio, mas sua esposa consegue sentir a hesitação em seu corpo. Mesmo sem dizer nada, ela sabe que, no fundo, aquela pergunta já começou a ecoar dentro dele.

— Não precisa responder essa pergunta agora. — Marina diz suavemente, deslizando os dedos pelo cabelo do marido. — Vamos aproveitar o resto do dia para relaxar, já que à noite teremos convidados em casa.

— Nem me lembre disso — comenta revirando os olhos.

Notando a expressão contrariada do marido, Marina vê ali a oportunidade perfeita para provocá-lo.

— Ah, não adianta fazer essa cara — ela alfineta, cruzando os braços. — Foi você quem inventou esse jantar.

Victor resmunga algo inaudível antes de responder:

— Eu só quero saber com que tipo de família a minha princesinha está lidando.

— Eles devem ser boas pessoas. Afinal, Daniel parece um rapaz muito bem-criado.

Victor franze a testa, contrariado.

— Não o defenda, está me ouvindo? — resmunga. — Não quero que fique do lado dele.

Rindo baixinho, Marina inclina-se para depositar um beijo em sua testa.

— Não precisa se preocupar, meu amor. A única pessoa com quem estarei ao lado para sempre é você.

Ela então o enche de beijos, arrancando um sorriso satisfeito do marido. Mas antes que ele pudesse desfrutar do carinho, uma voz estridente ecoa pelo quintal.

— Estou vendo que a melação está tomando conta dessa casa.

Ela solta um suspiro e se vira, apenas para encontrar Arthur, observando-a com um sorriso divertido no rosto.

— Se continuar assim, vai acabar marcando um trilho no chão de tanto andar para lá e para cá.

Amelie revira os olhos, mas não consegue evitar um sorriso nervoso.

— Eu só quero que corra tudo bem…

O som de um carro se aproximando faz com que o coração de Amelie acelere. Quando o veículo estaciona e o motor é desligado bem em frente à casa, ela tem certeza: são eles.

Segundos depois, a campainha ecoa pela casa. Instintivamente, Amelie dá um passo apressado em direção à porta, mas antes que consiga avançar, sente a mão firme de seu pai segurando seu braço.

— Pai…? — Ela o encara, confusa.

Victor apenas faz um leve gesto com a cabeça, indicando que ela deveria se acalmar.

Dayane, sempre solícita, caminha até a porta e a abre, revelando Daniel do outro lado. Atrás dele, um casal mais velho entra em cena.

— Por favor, entrem. — A funcionária faz um gesto cortês com a mão, convidando-os para dentro.

Daniel atravessa a soleira primeiro, com um sorriso discreto, e então se vira para seus pais, que o seguem.

Amelie, impaciente, tenta caminhar até eles, mas sente o aperto do pai se intensificar em seu braço.

— O que está fazendo, pai? — sussurra, sentindo a inquietação crescer dentro de si.

Ela então olha para Victor, esperando encontrar um traço de recepção em seu rosto, mas tudo o que vê é um par de olhos negros e frios, carregados de algo que ela não consegue decifrar.

Assustada, desvia o olhar para a mãe, buscando algum refúgio, mas percebe que Marina também exibe a mesma expressão gélida.

O casal convidado entra com um sorriso cordial, prontos para cumprimentá-los, mas, no instante em que seus olhos encontram os de Victor e Marina…

Eles congelam.

O silêncio pesa no ambiente como uma corrente invisível que prende a todos no lugar. Algo está errado. Algo está muito errado.

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