Saindo do quarto, Marina segue em direção ao quintal da casa, onde encontra o marido sentado em uma poltrona, com um livro aberto sobre as mãos. O rosto dele está sério, os olhos fixos nas páginas, mas há algo em sua postura que denuncia que sua mente está em outro lugar.
Aproximando-se, ela se senta ao lado do marido e o observa por um instante antes de perguntar:
— O livro está interessante?
Soltando um suspiro leve e, sem desviar o olhar da página, Victor responde com um sorriso de canto:
— Para ser sincero, estou lendo o mesmo parágrafo há quase duas horas — responde, fazendo uma careta divertida, mas Marina percebe a inquietação por trás da brincadeira.
— O que houve? — questiona, evidentemente preocupada.
Lentamente, Victor fecha o livro, apoiando-o sobre a mesa ao lado. Seus olhos vagam até a piscina, encarando o reflexo trêmulo da água, como se buscassem respostas ali.
— Hoje chegou mais uma carta da minha mãe, não foi? — sua voz sai baixa, quase um murmúrio.
— Sim. Dayane acabou de me entregar.
Assentindo devagar, sem desviar o olhar do horizonte, continua:
— O que estava escrito?
— Eu não li — revela.
Ele aperta os lábios, fechando os olhos por um breve momento, como se estivesse escolhendo com cautela as palavras que diria a seguir. Mas o silêncio entre eles se prolonga.
— Não acha que está na hora de dar uma chance para ela?
Victor não responde de imediato. Seus olhos continuam fixos na piscina, perdidos em lembranças que apenas ele conhece. Depois de um longo suspiro, ele se ajeita no banco e repousa a cabeça no colo da esposa, fechando os olhos.
— Eu não sei… — confessa, sentindo-se um pouco incerto.
Deslizando os dedos pelos cabelos dele, num gesto automático de carinho, ela tenta passar um pouco de confiança para convencê-lo a dizer o que pensa.
— Já faz muitos anos, Victor. Pode ser que ela tenha realmente mudado.
Ele solta uma risada curta, sem humor.
— E se não mudou?
Sorrindo de leve, ela inclina-se um pouco mais para ele.
— Tenho certeza de que você conseguirá discernir a verdade quando olhar nos olhos dela.
Victor permanece em silêncio, mas sua esposa consegue sentir a hesitação em seu corpo. Mesmo sem dizer nada, ela sabe que, no fundo, aquela pergunta já começou a ecoar dentro dele.
— Não precisa responder essa pergunta agora. — Marina diz suavemente, deslizando os dedos pelo cabelo do marido. — Vamos aproveitar o resto do dia para relaxar, já que à noite teremos convidados em casa.
— Nem me lembre disso — comenta revirando os olhos.
Notando a expressão contrariada do marido, Marina vê ali a oportunidade perfeita para provocá-lo.
— Ah, não adianta fazer essa cara — ela alfineta, cruzando os braços. — Foi você quem inventou esse jantar.
Victor resmunga algo inaudível antes de responder:
— Eu só quero saber com que tipo de família a minha princesinha está lidando.
— Eles devem ser boas pessoas. Afinal, Daniel parece um rapaz muito bem-criado.
Victor franze a testa, contrariado.
— Não o defenda, está me ouvindo? — resmunga. — Não quero que fique do lado dele.
Rindo baixinho, Marina inclina-se para depositar um beijo em sua testa.
— Não precisa se preocupar, meu amor. A única pessoa com quem estarei ao lado para sempre é você.
Ela então o enche de beijos, arrancando um sorriso satisfeito do marido. Mas antes que ele pudesse desfrutar do carinho, uma voz estridente ecoa pelo quintal.
— Estou vendo que a melação está tomando conta dessa casa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...