Ao perceber o erro que havia cometido, Victor se levanta bruscamente, deslizando a mão pelos cabelos em um gesto nervoso, tentando recuperar o controle da situação.
— Me desculpe — diz, tentando manter a compostura.
Katrina o observa, ainda incrédula com o que acabara de ouvir. Seu rosto demonstra ofensa clara.
— Você me chamou de Marina — comenta, visivelmente ferida.
— É porque os nomes de vocês duas são parecidos, só isso — tenta explicar, mas até para ele essa desculpa soa fraca. — Não foi de propósito.
— Não acredito nisso — responde, cruzando os braços e assumindo uma postura defensiva. — O que está acontecendo entre vocês? — questiona, deixando a voz carregada de uma dúvida que já não conseguia mais ignorar.
— Não está acontecendo nada, que pergunta tola é essa? — Victor reage bruscamente, sem perceber o quanto isso alimentava mais as suspeitas de Katrina.
— Então, por que a trouxe para trabalhar com você? — insiste com seus olhos fixos nele, buscando qualquer sinal que confirmasse suas suspeitas.
Victor, visivelmente desconfortável, opta por mentir, esperando encerrar o assunto rapidamente.
— Foi o Rodrigo quem pediu — responde, recompondo-se e sentando-se na cadeira, tentando transmitir uma calma que ele mesmo não sentia.
Ela ajeita a roupa e se aproxima com seus olhos inquisidores, vasculhando cada centímetro da expressão de Victor, buscando qualquer pista que revelasse a verdade. Mesmo sabendo que não tinha o direito de questioná-lo, não conseguia controlar o ciúme que estava crescendo por dentro, sufocando-a. A ideia de Victor e Marina trabalhando juntos a incomodava profundamente.
Quando soube que Marina estava namorando, sentiu um alívio momentâneo, como se isso eliminasse qualquer possibilidade entre eles. No entanto, ver Marina como assistente direta de Victor reacendeu suas inseguranças e medos.
— Por que fez isso? — Katrina insiste, um pouco frustrada. — Você nunca foi do tipo de fazer favores, ainda mais quando sabe que beneficiará alguém que não gosta — acrescenta, cheia de teorias. — Exceto se… — hesita, mas logo completa. — Você a trouxe porque está interessado nela?
A acusação paira no ar e Victor respira fundo, tentando manter o controle de suas emoções. Ele já estava cansado daquela conversa e da insistência de Katrina.
— Pare com isso, Katrina — responde, com a voz saindo mais firme. — Não me encha com isso. Não estou em um bom dia, e o que menos preciso é você fazendo esse tipo de pergunta — declara, expressando que a sua paciência está começando a se esgotar.
Sem esperar mais, ele se abaixa e começa a recolher os papéis que havia jogado no chão momentos antes. Colocando-os de volta sobre a mesa, foca-se em assiná-los, esperando que isso encerrasse o assunto. Após assinar cada documento, ele os entrega a ela, sem nem ao menos levantar o olhar.
— Aqui estão. Pode ir — diz, com a voz cortante.
— Victor… — Katrina começa, percebendo haver cruzado uma linha. — Me desculpe por isso, eu só me senti ofendida quando você disse o nome de outra mulher — tenta se justificar, agora mais contida.
— Isso não te dá o direito de me interrogar como se eu tivesse qualquer obrigação de te responder — responde friamente.
— Sei que não tenho esse direito, mas…
— Chega! — ele a interrompe, deixando claro seu cansaço. — Volte ao seu trabalho. Tenho outras coisas para resolver — ordena, sem esconder sua irritação.
Katrina abaixa a cabeça, sentindo o peso da culpa por permitir que a situação escapasse de seu controle.
— Tudo bem — responde ela, com a voz um pouco trêmula. — Se precisar de mim, pode me chamar. Prometo que não direi mais nada que possa te deixar nervoso.
Sem esperar por resposta, ela sai do escritório, carregando uma expressão pesada.
O ciúme que sentia de Marina parecia crescer a cada minuto, quase insuportável. Ela não conseguia entender por que a presença de Marina parecia atrair tanta atenção. Ao passar pela sala onde Marina estava trabalhando, para por um momento.
A sensação de que tudo estava indo bem para a colega, enquanto sua própria vida parecia estagnada, a incomodava profundamente. Perdida em seus pensamentos, escuta uma voz masculina forte ecoar pelo corredor:
— Katrina.
Se virando rapidamente, vê Xavier Ferraz, o pai de Victor, caminhando em sua direção com uma postura imponente. Ele era muito parecido com o filho mais novo, mas seus cabelos grisalhos e sua expressão mais dura revelavam a diferença de idade.
— Bom dia, senhor Ferraz — responde Katrina, recompondo-se de imediato.
— Estava na sala do Victor? — ele pergunta diretamente, sem rodeios.
Katrina hesita por um momento, mas o olhar acolhedor do homem a encoraja a continuar.
— Eu não entendo por que o Victor a trouxe para cá — começa. — Eles vivem brigando. Victor pediu várias vezes que Rodrigo a demitisse, e agora que ele estava prestes a fazer isso, Victor a salva e a traz para trabalhar diretamente com ele.
Xavier ouve atentamente, analisando cada palavra dita.
— E você sabe por que ele fez isso? — questiona, expressando um leve interesse.
— Não sei ao certo… — Katrina suspira, cheia de frustração. — Talvez eles estejam tendo um caso — declara, sem se preocupar com as consequências de suas palavras.
Xavier fica em silêncio por um momento, refletindo sobre o que acabara de ouvir.
— Obrigado pela informação — diz calmamente. — Quero vê-la com meus próprios olhos.
Então, ele se aproxima da porta da sala de Marina e dá uma leve batida antes de abri-la.
[…]
Marina está em sua sala com papéis espalhados sobre a mesa, tentando se concentrar na revisão dos documentos à sua frente. No entanto, sua mente a trai a cada instante, desviando-se das palavras impressas e voltando incessantemente para a conversa que teve com Victor mais cedo. As palavras dele ecoam em sua cabeça, pesadas e impossíveis de ignorar: “Ele estava traindo você”.
Balançando a cabeça levemente, tenta afastar o pensamento, mas a desconfiança já havia se enraizado em seu coração. Será que Sávio realmente poderia traí-la? “Não, ele não faria isso”, tenta se convencer, mas a incerteza a consome.
Fechando os olhos por um momento, tenta apagar a imagem mental de Sávio saindo de um motel com outra mulher, uma cena que, mesmo não tendo presenciado, havia se formado em sua mente. Cada vez que pensa naquilo, uma pontada de dor atravessa seu coração.
“Será que estou sendo ingênua?” se pergunta, com o peso da dúvida pressionando seu peito.
Seus pensamentos se atropelam e antes que possa refletir mais sobre isso, a porta da sala se abre inesperadamente. Erguendo o olhar, surpresa, vê um homem entrar. Ele tem feições parecidas com as de Victor, mas sua expressão é bem mais séria e isso a assusta um pouco.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...