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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 86

Victor permanece em silêncio por um longo instante, incapaz de processar completamente o que acabou de ouvir. Sua mente se recusa a aceitar aquela revelação, e a confusão é evidente em sua expressão.

— O quê? — questiona incrédulo, esperando que ela estivesse prestes a rir e dizer que tudo não passava de uma piada.

Podia entender que Marina não queria continuar com aquilo, mas usar aquela desculpa seria inadmissível. Entretanto, ao se aproximar mais, percebe o quanto ela parece estar envergonhada, suas bochechas tingidas de um vermelho profundo refletem o peso de suas palavras.

Ao notar ser observada por aqueles olhos negros, Marina desvia o olhar, enquanto suas mãos tentam cobrir o seu corpo nu.

— É o que acabou de ouvir — sussurra hesitante, sem saber como lidar com a situação desconfortável.

A seriedade na voz dela, combinada com o rubor evidente em seu rosto, faz com que Victor perceba sua sinceridade. A revelação chega com força a ele, que, há poucos segundos, estava tomado por uma onda de desejo e agora se sente surpreso e desarmado. De todos os mil cenários possíveis que já pensou para aquela situação, esse… nunca havia passado por sua mente.

Ele observa Marina por um momento, tentando assimilar o que tudo aquilo significa.

— Você está falando sério? — pergunta novamente, com a voz mais baixa desta vez, quase em um murmúrio, ainda tentando encontrar uma lógica para a situação.

Marina, sentindo o olhar dele ainda fixo em seu rosto, apenas acena com a cabeça, confirmando o que disse. Não pode mais retroceder, já havia revelado a verdade e só podia esperar para ver a reação de Victor.

Victor suspira, sentindo o peso da responsabilidade do momento. Ele para, observa o rosto dela mais uma vez, e em vez de continuar com a mesma urgência de antes, pega o lençol da cama e cobre o corpo dela. O gesto é cuidadoso, quase protetor, enquanto tenta, da melhor forma possível, mostrar que respeita a situação.

Visivelmente nervosa, Marina respira fundo, aliviada pelo cuidado que ele demonstra, mas o silêncio entre os dois pesa no ar.

Ao cobrir o corpo de Marina, Victor se deita ao seu lado, porém respeitando a distância entre os dois. Seus olhos estão inexpressivos.

— Você está me dizendo ser virgem? — pergunta mais uma vez, quase hesitante.

— Sim — responde Marina, quase num murmúrio, incapaz de encará-lo diretamente.

Victor sente como se aquela conversa fosse surreal. Como poderia uma mulher tão linda, confiante e com a idade de Marina ainda ser virgem?

— Como pode ser? Você tem um namorado e... — faz uma pausa, sem querer tocar no assunto delicado envolvendo seu pai. — Eu… — As palavras parecem insuficientes para expressar o que está sentindo.

Marina decide deixar a vergonha de lado e encara o problema com naturalidade. A expressão no rosto de Victor mostra o quanto aquela revelação o deixou surpreso.

— Pode parecer estranho para você, que é acostumado a lidar com mulheres experientes — revela. — Sempre fui focada em minha família e estudos, nunca tive tempo ou interesse para outras coisas — acrescenta.

— Mas e o seu namorado? — questiona.

— Meu namoro é recente e, por mais que eu goste do Sávio, ainda não me sinto preparada para isso — admite, enquanto seu rosto volta a corar, ao imaginar o que se passa na cabeça de Victor. — E antes que você comece a me julgar pelo que estávamos prestes a fazer aqui, eu…

— Não diga mais nada — ele a interrompe, suavemente, colocando um dedo sobre os lábios dela, impedindo que continuasse.

O toque é delicado, mas firme, e o gesto a surpreende.

— Não vou julgar você — diz ele, com uma sinceridade inesperada em sua voz.

Seus olhos se encontram, agora mais calmos. Sem esperar resposta, Victor a puxa suavemente para junto de seu peito, envolvendo-a em seus braços de forma protetora.

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