Victor permanece em silêncio por um longo instante, incapaz de processar completamente o que acabou de ouvir. Sua mente se recusa a aceitar aquela revelação, e a confusão é evidente em sua expressão.
— O quê? — questiona incrédulo, esperando que ela estivesse prestes a rir e dizer que tudo não passava de uma piada.
Podia entender que Marina não queria continuar com aquilo, mas usar aquela desculpa seria inadmissível. Entretanto, ao se aproximar mais, percebe o quanto ela parece estar envergonhada, suas bochechas tingidas de um vermelho profundo refletem o peso de suas palavras.
Ao notar ser observada por aqueles olhos negros, Marina desvia o olhar, enquanto suas mãos tentam cobrir o seu corpo nu.
— É o que acabou de ouvir — sussurra hesitante, sem saber como lidar com a situação desconfortável.
A seriedade na voz dela, combinada com o rubor evidente em seu rosto, faz com que Victor perceba sua sinceridade. A revelação chega com força a ele, que, há poucos segundos, estava tomado por uma onda de desejo e agora se sente surpreso e desarmado. De todos os mil cenários possíveis que já pensou para aquela situação, esse… nunca havia passado por sua mente.
Ele observa Marina por um momento, tentando assimilar o que tudo aquilo significa.
— Você está falando sério? — pergunta novamente, com a voz mais baixa desta vez, quase em um murmúrio, ainda tentando encontrar uma lógica para a situação.
Marina, sentindo o olhar dele ainda fixo em seu rosto, apenas acena com a cabeça, confirmando o que disse. Não pode mais retroceder, já havia revelado a verdade e só podia esperar para ver a reação de Victor.
Victor suspira, sentindo o peso da responsabilidade do momento. Ele para, observa o rosto dela mais uma vez, e em vez de continuar com a mesma urgência de antes, pega o lençol da cama e cobre o corpo dela. O gesto é cuidadoso, quase protetor, enquanto tenta, da melhor forma possível, mostrar que respeita a situação.
Visivelmente nervosa, Marina respira fundo, aliviada pelo cuidado que ele demonstra, mas o silêncio entre os dois pesa no ar.
Ao cobrir o corpo de Marina, Victor se deita ao seu lado, porém respeitando a distância entre os dois. Seus olhos estão inexpressivos.
— Você está me dizendo ser virgem? — pergunta mais uma vez, quase hesitante.
— Sim — responde Marina, quase num murmúrio, incapaz de encará-lo diretamente.
Victor sente como se aquela conversa fosse surreal. Como poderia uma mulher tão linda, confiante e com a idade de Marina ainda ser virgem?
— Como pode ser? Você tem um namorado e... — faz uma pausa, sem querer tocar no assunto delicado envolvendo seu pai. — Eu… — As palavras parecem insuficientes para expressar o que está sentindo.
Marina decide deixar a vergonha de lado e encara o problema com naturalidade. A expressão no rosto de Victor mostra o quanto aquela revelação o deixou surpreso.
— Pode parecer estranho para você, que é acostumado a lidar com mulheres experientes — revela. — Sempre fui focada em minha família e estudos, nunca tive tempo ou interesse para outras coisas — acrescenta.
— Mas e o seu namorado? — questiona.
— Meu namoro é recente e, por mais que eu goste do Sávio, ainda não me sinto preparada para isso — admite, enquanto seu rosto volta a corar, ao imaginar o que se passa na cabeça de Victor. — E antes que você comece a me julgar pelo que estávamos prestes a fazer aqui, eu…
— Não diga mais nada — ele a interrompe, suavemente, colocando um dedo sobre os lábios dela, impedindo que continuasse.
O toque é delicado, mas firme, e o gesto a surpreende.
— Não vou julgar você — diz ele, com uma sinceridade inesperada em sua voz.
Seus olhos se encontram, agora mais calmos. Sem esperar resposta, Victor a puxa suavemente para junto de seu peito, envolvendo-a em seus braços de forma protetora.
Quando seus lábios se separam, Marina se levanta lentamente e senta-se na beira da cama, segurando o lençol firmemente contra o corpo, com medo de revelar a sua nudez.
— Onde pensa que vai? — Victor pergunta, com um tom suave, mas curioso.
— Preciso me vestir — diz ela, evitando seus olhos por um instante. — Meu horário de almoço já está acabando.
— Não faça isso. Fique mais um pouco — ele pede, sua voz revela uma súplica inesperada em alguém tão orgulhoso.
— Mas… — Marina hesita. — Eu já disse que não vou fazer isso, Victor.
Ele sorri, um sorriso calmo e reconfortante, e puxa-a delicadamente para mais perto.
— Quem disse que só quero isso de você? — indaga, envolvendo-a novamente em seus braços. — Quero apenas ficar aqui com você, assim, do jeito que estamos. Isso já é mais do que o suficiente para mim.
— Está dizendo que vai se contentar apenas em ficar deitado comigo? — ela questiona, surpresa, mas também tocada pela simplicidade da resposta dele.
— Sim, loirinha — diz ele, apertando o abraço. — Embora eu esteja louco para te ter por completo, só a sua presença aqui comigo já me basta por enquanto.
E, mais uma vez, Victor a beija, calmamente, sem qualquer pressa ou desejo carnal. É um beijo terno, de alguém que finalmente entendeu o que é respeitar o tempo do outro. Ele aceita os limites de Marina, sabendo que um dia, quando ela estiver pronta, será dele. Só dele.
Marina, ainda um pouco confusa e emocionada, se permite relaxar nos braços de Victor, sentindo que, pela primeira vez, estava sendo compreendida em sua totalidade. O desejo ainda estava ali, latente, mas coberto por algo maior: um respeito mútuo e um sentimento crescente de que, de alguma forma, pertenciam reciprocamente, mesmo sem palavras ou promessas.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...