Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 91

Sem paciência, Victor sai do quarto, sentindo a necessidade de procurar um lugar onde pudesse, ao menos, tentar respirar fundo. Ele caminha em direção ao jardim da casa, onde a brisa fresca da noite acaricia seu rosto e o céu estrelado se abre acima dele, oferecendo uma tranquilidade que contrasta violentamente com o redemoinho em sua mente.

Ele se senta em um banco, enquanto seus olhos vagam pelas estrelas, mas seus pensamentos permanecem presos em Marina. A imagem dela continua a dançar em sua mente, misturada à frustração que cresce a cada segundo. “O que ela está fazendo agora?”, se pergunta, incapaz de afastar as inquietações. Ele não sabe por que Marina o perturba tanto, mas há uma certeza incômoda que o consome: ele não quer que ela continue com o namorado.

Fechando os olhos, tenta afastar os pensamentos, forçando-se a concentrar em qualquer outra coisa. A noite já avança e todos em casa estão dormindo. Justo quando sente seu corpo começar a relaxar, ele ouve o som suave do motor de um carro se aproximando. Seus olhos se abrem e veem o carro do pai entrando pelos portões da garagem.

Xavier estaciona o veículo e desce dele com uma expressão séria e o andar pesado. No primeiro momento, não percebe Victor sentado ali, quase oculto pela escuridão. Mas, ao se aproximar da porta principal, sente algo, um olhar frio que pesa sobre ele. Ele para e se vira, seus olhos encontram os de Victor.

Por um instante, pai e filho trocam olhares intensos, sem dizer uma palavra. Victor mantém o olhar gélido e penetrante, sem desviar, enquanto Xavier parece estudar seu filho, tentando entender o que aquele silêncio significa. O ambiente ao redor deles é congelante, a tensão invisível se espalha no ar como uma fumaça densa.

Xavier, cansado, quebra finalmente o silêncio com uma voz rouca, quase desinteressada:

— Ainda acordado?

Victor mantém o olhar fixo, sem se mexer.

— O senhor também.

A resposta vem seca, carregada de ressentimento contido. Xavier suspira, mas não oferece mais nenhuma explicação. Ele sabia que seu filho não era tolo e, apesar de ter evitado o confronto direto, o olhar de Victor não deixava espaço para dúvidas.

— Vai dormir, Victor — responde Xavier, antes de se virar novamente para entrar em casa.

Antes que o pai entre na casa, Victor levanta a voz, quebrando o silêncio da noite:

— Temos uma conversa pendente — revela, com firmeza.

Xavier para de caminhar e gira o corpo lentamente, com os olhos encontrando os de Victor, sente uma mistura de cansaço e irritação. Ele suspira antes de responder:

— Já disse que conversaremos apenas quando você estiver mais calmo.

Victor, claramente inflamado, não aceita a tentativa do pai de desviar o confronto.

— Acha que posso ficar calmo depois do que você fez hoje mais cedo? Por que ameaçou Marina? — As palavras saem carregadas de frustração e incredulidade. — Por que quer que ela fique longe da empresa e, mais importante, de mim?

Pelo tom com que Victor falava, estava claro que Marina já havia contado tudo. Xavier deixa escapar um sorriso sarcástico e cruza os braços, num gesto que exala confiança, e responde com um toque de ironia:

— Qual a sua relação com ela? — questiona, dando alguns passos lentos em direção ao filho, seu olhar é fixo e penetrante.

— Ela é minha assistente — responde Victor, sem hesitar, mantendo o olhar firme, como se isso fosse suficiente para encerrar a discussão.