Vingança Após o Divorcio romance Capítulo 206

LUKE

No instante em que a encontrei chorando no quarto, com aquele semblante arrasado, senti o sangue ferver. Eu desconhecia o motivo das lágrimas, não sabia por que desejava partir nem por que queria esconder tudo de Marcus. Porém essa ignorância não significava nada. Todo o meu mundo restringia-se a ela. Minha filha adorada já tinha ido ao inferno e retornado.

Independentemente do que fizesse, a paz jamais se instalava. Alguma coisa sempre saía de controle. Passei a concordar com a decisão de partir. Eu vira com estes olhos o quanto aquela mulher lhe causara sofrimento, enquanto Marcus sequer notava a tristeza que se acendia no olhar dela toda vez que se deparava com os dois lado a lado.

Quando ele se abaixava para massagear os pés da outra e minha menina apenas observava, uma saudade muda se insinuava nos olhos luminosos dela. A cena me enchia de fúria, contudo eu engolia cada centímetro de ira, pois ela o amava e desejava permanecer ao lado dele. Eu tinha plena consciência de que qualquer ato contra Marcus me custaria o perdão dela.

Agora aquele imbecil a ferira outra vez, provavelmente mais do que jamais ousara, e foi isso que a levou a escolher a partida. Eu acreditara que ele fosse diferente, mas não passava de uma cópia do outro idiota, Nick. Os dois machucaram minha menina, despedaçaram o coração dela como se fosse descartável, um brinquedo que se usa e abandona.

Talvez acreditassem ser aceitável agir dessa maneira, mas eu prometi a mim mesmo que lhes provaria o contrário, que minha filha tinha alguém capaz de lutar por ela. Foi nesse instante, ao chegar ao hospital, que avistei Nick saindo.

Perguntei-me se viera visitar Olivia ou se procurara Sandra outra vez. Não fazia diferença. Em breve, Olivia estaria longe de ambos. Eu entregaria ao coração dela tudo o que pedisse e daria um jeito de apagar da memória aqueles dois. Só pensar neles já me enojava.

Assim que entrei no quarto, lhe entreguei as roupas e chamei uma enfermeira para que ela pudesse trocar de roupa, enquanto eu seguia até a recepção para assinar a papelada da alta. Tive de firmar um termo declarando que o hospital não se responsabilizaria se algo ocorresse com ela, pois eu a retirava dali contra a orientação médica.

Quando concluí a burocracia, retornei ao quarto, e ela já se encontrava pronta.

— Está pronta?

Ela assentiu. Eu odiava ver aquele olhar triste nos olhos dela. Quis ter algum poder para aliviar a dor. E a verdade me feriu: existiam coisas que nem todo dinheiro podia comprar.

Eu comandava um império na máfia, possuía recursos quase ilimitados, e, mesmo assim, não havia um único quilo de ouro capaz de aliviar a dor da minha filha. Nada que comprasse seria capaz de apagar o que ela sentia.

“Marcus, estou indo atrás de você. Eu o alertei para não ferir minha filha, e ainda assim você o fez diante dos meus olhos, como se lançasse um desafio. Aguarde.”

Empurrei a cadeira de rodas para fora do quarto e entramos no elevador. Assim que as portas se fechavam, vi Marcus caminhando na direção do quarto dela. Tarde demais, se quer saber. Ele nunca mais a veria outra vez, e eu garantiria isso.

O golpe dele fora o último. Nunca mais.

Lá fora, o motorista já nos aguardava. Eu a ajudei a entrar no carro, e partimos. Ela mantinha o olhar fixo na janela.

— Precisa de alguma coisa antes de irmos para o aeroporto?

Ela balançou a cabeça em negativa.

— Lupita e Samuel já estão no aeroporto.

Ela assentiu sem dizer palavra. Doía vê-la daquele jeito, e isso apenas alimentava meu desprezo por Marcus, além de ampliar a sensação de impotência.

Minha única filha sofria, e eu não podia fazer nada.

Eu sentia vontade de matar alguém.

O celular vibrou. Era Elodie. Que diabos pretendia? Ignorei a ligação, mas ela insistiu várias vezes, até que me irritei e atendi.