MARCUS
Saí correndo do hospital com Ethan logo atrás. Eu me sentia como um desvairado do lado de fora, girando a cabeça para todos os lados na esperança de encontrá-la.
— Vamos, eu dirijo.
Eu nem sequer sabia para onde ele pretendia conduzir-me; simplesmente entrei no carro. Pouco depois, já seguíamos pela estrada em direção à casa de Luke.
— Quer contar-me o que aconteceu?
Eu nem encontrava um ponto de partida. Gente como eu costuma considerar tudo garantido, certa de que algumas coisas permanecerão intocáveis. Tratei minha esposa como algo garantido, supondo que jamais me abandonaria, que suportaria todas as minhas estupidezes. Esqueci que ela também era humana, que possuía sentimentos. Fiz-la atravessar um inferno e, mesmo assim, ela permaneceu ao meu lado.
Ainda assim, eu nem percebera o quanto minhas atitudes a feriam.
— Chegamos.
Empurrei a porta do carro e desci apressado. A casa permanecia às escuras, sinal de que não havia ninguém. Mesmo assim, bati à porta como se aguardasse um milagre, mas o silêncio me respondeu.
— Não tem ninguém aí. — Ethan constatou o óbvio. Eu desejava descarregar minha raiva nele, socá-lo algumas vezes por sentir-me impotente.
— Se quiser que eu o ajude, vai ter de contar-me o que houve.
Sentei-me no degrau da varanda, e Ethan se acomodou ao meu lado.
— Você sabe como estavam as coisas com Jennifer, como ela vivia dizendo que o bebê não era nosso e que levaria a menina embora?
Ethan assentiu.
— Pois é… no fim, ela dizia a verdade. Olivia não é a mãe da bebê. Sandra é.
Ethan se levantou e começou a andar de um lado para outro. Permaneceu assim por algum tempo antes de deter-se diante de mim e perguntar:
— Achei que você tinha dito que a mãe do bebê era a Sandra. Deus! Devo estar exausto para ouvir esse tipo de coisa.
Ele entrara em negação, como eu quando descobri.
— Fiz o exame de DNA, e a menina realmente não é filha de Olivia. Eu sou o pai, mas Jennifer afirma que a mãe é Sandra.
Ethan limitou-se a encarar-me, talvez esperando que eu sorrisse e confessasse uma brincadeira. Quisera que fosse. Roguei aos deuses, roguei a Deus que tudo não passasse de um pesadelo.
— Está falando sério?
Assenti de cabeça baixa. Ethan riu de repente.
— Ah, não! Eu jamais deveria ter deixado Olivia afastar-se. Devia tê-la protegido de você e de Nick. Como é que ambos podem ser meus amigos e, ainda assim, tão idiotas? Depois de tudo o que ela enfrentou com essa mulher e essa gravidez, agora descobre que o bebê nem é dela? Que porcaria é essa?
Mantive-me em silêncio. Pouco importava o que Ethan dissesse. Eu só queria saber onde minha esposa estava.
— Está falando sério agora? Eu também a teria abandonado, se fosse ela. Mas espere… há mais. Olivia saberia que você não teve culpa no que aconteceu. Por que, então, ela foi embora?
Baixei a cabeça, envergonhado. Não possuía desculpa decente para meu comportamento.
— Ela sofreu um acidente, e eu não atendi à ligação porque o celular permanecia no silencioso. Mesmo depois de saber do acidente, Jennifer caiu, começou a sangrar e…
Contei-lhe os acontecimentos das últimas horas. Ethan me escutava em silêncio.
— Você é um idiota. Ela estava certa. Fique com o seu bebê, já que isso é o mais importante para você. Eu vou encontrar a Olivia sozinho e espero que ela se divorcie de você. Depois de tudo pelo que a fez passar, e nem se importar quando ela sofre um acidente? Quem é você, afinal?

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