(Ponto de Vista de Olivia)
As lágrimas simplesmente não paravam de cair. Embora eu estivesse completamente insensível à dor nos meus pés, a visão do Xander cortando e removendo minhas unhas dos pés de forma meticulosa provocava em mim ondas de horror e impotência. Eu sequer sabia se unhas arrancadas desse jeito brutal voltavam a crescer, mas só o pensamento já embrulhava meu estômago.
— Por favor… — Supliquei entre soluços, sentindo a voz se partir no meio da súplica, enquanto as lágrimas escorriam livremente pelo rosto, incapazes de cessar. Eu já não sabia o que era pior: a ausência de dor física ou a tortura de ter que assistir àquela cena, percebendo a calma e a frieza com que ele realizava aquele trabalho, como se já tivesse feito isso mil vezes antes. E o simples fato de ver aquelas pequenas unhas sendo colocadas cuidadosamente em uma caixinha fez minha respiração travar na garganta.
— Por que você está fazendo isso? — Consegui perguntar, entrecortando as palavras pelos soluços, sentindo o corpo inteiro tremer, apesar da dormência me impedir de saber se era real ou se tudo não passava de um delírio mental para tentar fugir daquele terror.
Xander nem sequer demonstrou reação, mantendo-se focado, como se nada pudesse desviá-lo daquela tarefa sádica. Quando finalmente levantou os olhos, fitou os meus com uma calma inquietante.
— Isso? — Ele deu de ombros, com os cantos da boca se erguendo num sorriso quase imperceptível. — É apenas um recado para o seu pai. Quero que ele entenda que isso aqui é sério, e que eu não estou brincando.
O tom dele era gélido, quase impessoal, como se aquela crueldade não o afetasse em absoluto.
— Se você colaborar… — Prosseguiu, com o olhar brilhando com uma satisfação doentia. — Essa será a única coisa que vou fazer com você. Mas, se não… — Ele deu outro leve movimento de ombros, deixando a ameaça pairar entre nós como uma nuvem sufocante.
O peso da promessa que ele carregava já me esmagava por dentro, enquanto o modo como removia cada unha, com aquela concentração fria estampada no rosto, dizia tudo que eu precisava entender… Ali não havia um homem qualquer: ali estava alguém que conhecia a tortura, que transformava isso em ritual, num jogo perverso de poder. E eu não passava de mais uma peça, mais um peão a ser destruído pela necessidade insana de controle dele.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Vingança Após o Divorcio