(Ponto de Vista de Nick)
Já se haviam passado três dias desde o desaparecimento de Olivia, e foram, sem dúvida, os três dias mais longos e angustiantes de nossas vidas. Cada amanhecer trazia consigo um ciclo interminável de desespero, como se estivéssemos presos em uma repetição cruel. Acordávamos e, em seguida, começávamos a vasculhar os quartos, revirando a ilha inteira em busca de qualquer vestígio dela. No entanto, por mais que nos empenhássemos, era como se ela tivesse simplesmente evaporado. Não havia sinal de luta, nem qualquer indício de que tivesse deixado o quarto, nenhuma pista, absolutamente nada que nos ajudasse a seguir um caminho. Era como se a própria terra a tivesse engolido.
A ilha nem era tão grande, e mesmo assim, tudo parecia impossível: “Como alguém poderia desaparecer assim, sem deixar rastro?” Contudo, lá estávamos nós, vasculhando cada canto, cada centímetro do lugar, e, ainda assim, sempre voltávamos de mãos vazias, como se estivéssemos perseguindo fantasmas. O estresse, o cansaço e até mesmo a fome se acumulavam… Entretanto, nada parecia ajudar. Não era por falta de comida, porque ela existia, e, mesmo assim, ninguém conseguia sequer pensar em comer.
A babá contratada para cuidar das crianças, uma mulher bondosa, vinha cozinhando todos os dias, tentando preservar algum resquício de normalidade. Mas a verdade era que ninguém conseguia engolir nada enquanto Olivia continuava desaparecida, já que todos sentíamos como se estivéssemos sufocando, como se nada mais importasse.
Samuel, o pobre menino, vinha perguntando pela mãe o tempo inteiro, e meu coração se partia a cada vez que ele insistia, porque eu nunca sabia o que dizer. Diante disso, instruí a babá para que chamasse Marcus sempre que ele voltasse a insistir especialmente nos momentos em que eu não estivesse por perto, esperando que ele conseguisse oferecer algum tipo de explicação, mas não conseguia evitar aquela sensação de fracasso, como se eu estivesse falhando com a Olivia mais uma vez, falhando com Samuel por não ter nenhuma resposta.
A impotência me consumia, uma vez que voltamos de mais uma rodada de buscas sem qualquer resultado. Sentados na sala, com a televisão ligada apenas como ruído de fundo, ninguém dizia uma palavra… Cada um imerso nos próprios pensamentos, enquanto o silêncio denso e a tensão crescente tornavam tudo quase insuportável.
Então, alguém bateu à porta. A princípio, ninguém se moveu, porque estávamos exaustos demais, derrotados demais para nos importarmos com qualquer coisa naquele momento. Foi a babá quem, por fim, se levantou para atender e, ao retornar, trouxe uma caixa nas mãos.
— Sr. Luke, é para o senhor. — Ela disse, com a voz levemente trêmula.
A menção ao nome do Luke nos tirou do torpor num instante, já que havíamos oferecido uma recompensa considerável, na esperança de que alguém pudesse ter visto ou ouvido qualquer coisa. “Talvez aquela fosse, finalmente, a pista que tanto esperávamos!” Uma fagulha de esperança brilhou dentro de mim, e uma onda de antecipação me invadiu sem que eu pudesse evitar.
Com movimentos impacientes e tomados pelo desespero, Luke rasgou a caixa sem qualquer hesitação. Para nossa surpresa, dentro havia outra caixa, pequena, semelhante a uma de relógio. O instante em que ele a segurou, em completo silêncio, apenas intensificou a ansiedade que já me dominava. Enquanto isso, todos nós assistíamos à cena em absoluto silêncio, respirando com dificuldade, como se o ar tivesse desaparecido da sala. “O que haveria ali dentro? Seria, enfim, a resposta? Alguém teria, de fato, enviado algo útil?”

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