Elaine passava a gilete fria na beirada da virilha roçando o lábio vaginal, era o último filete de pelinhos curtos que ela tirava. Bateu no piso da duxa, deixou a sujeira cair com a força da água e assistiu seus pelinhos seguir o caminho direto para a morte. O ralo fúnebre engoliu seus restos, finalizando assim um ciclo de seca em sua vida. Sua xereca jamais fora tão solitária quanto a vida que tinha em terra, mas Elaine cometeu a loucura de sanar essa solidão de outra forma. Foi imatura e ansiosa, foi triste até, mas sim, Elaine foi a primeira mulher que estendeu os braços — e as pernas — para servir a causa alien.
Elaine é uma criatura minúscula, um pouco magricela, usava óculos fundo de garrafa e tinha uma inteligência digna de se fazer parte do estudo científico, com contato na linha direta do processo alienígena. Seu mundo havia se modernizado, mas havia uma troca para que a outra vida os ajudasse em sua evolução, mulheres. Havia muitos motivos para uma raça como a dos Starianos entrar em contato com os humanos, mas nunca imaginou que eles poderiam estar à beira da extinção. E os humanos, por incrível que pareça, era a raíz de sua salvação.
A baixinha não conseguia muitos encontros, não tinha curvas chamativas, tagarelava sobre coisas que os homens não se interessavam e, por incrível que pareça, seu melhor amigo era um alien. Dionísio, um projeto semelhante a ossada de um cachorro, com rabo de lagarto , patas rastejantes e que faz um barulho esquisito; se parecia muito com ela. Deslocado e feio. Foram feitos muitos estudos, mas o mundo não estava preparado para simplesmente sair aceitando uma vida diferente. Ainda estão desenvolvendo muitas coisas e o projeto fertilização, que alimentava de forma positiva ambos os lados, precisava ser iniciado. Os humanos teriam tecnologia e os Starianos mulheres, mas qual mulher iria primeiro?
Elaine se enrolou na toalha recordando-se do dia em que aceitou esta loucura e a feia estudiosa que tinha como companhia um goma alien e um bioscópio, tornou-se o centro das atenções. Não para os humanos, claro, eles a acham louca, mas os Starianos a endeusavam. O futuro de Starian estava no dever da sua xereca. Era o emprego dos sonhos, ela só tinha que dar! E naquela ansiedade gostosa, a última quinzena de adaptação no planeta rosado, onde sempre é noite de um lado e dia do outro, acabou e ela estava preparada para o seu futuro.
— Oi, querido… — ela fez uma pose nada sexy em frente ao espelho embaçado do banheiro, colocou a ponta do chanel atrás da orelha e vestiu os óculos que aumentavam os olhos para permitir que ela enxergasse direito — Não, tá muito artificial. — ela alisou a toalha, deu dois passos para trás e abriu o pano de uma única vez, mostrando as tetinhas bicudas, a xereca lisa e o corpo nu. Ela deu uma virada nada sexy e tentou de novo. — Oi, querido!
Elaine tinha muitas formas de ensaiar seu futuro ritual de acasalamento, vinha planejando a um bom tempo, mas achava que podia melhorar. Justo hoje, o dia em que sairia do confinamento de quarentena, estava ansiosa demais e não gerava bons resultados. Estava nervosa, teria um namorado, alienígena, mas teria e estava sentindo que faria cocô te tanto nervoso, ou será que estava para ter uma má digestão exatamente hoje?
A jovem se preparou para tentar mais uma vez, dessa vez jogou a toalha no chão e balançou os peitinhos, fez um olhar assassino para o espelho e quando abriu a boca, sentiu o calor da onda quente empurrar o seu corpo, e seu peso fora lançado contra a parede oposta, fazendo-a estourar para fora do alojamento. Ela gritou de susto, saiu rolando pelada dentre os estilhaços e sentiu dores, muitas dores. Quando menos se deu conta, estava entortada e as vistas de alguns humanos e alienígenas.
Ao lado de quarentena, um grupo de soldados se colocava à postos, enquanto uma patrulha tentava alcançar a fêmea do experimento. Elaine começou a se mexer devagar, mas quando levantou os olhos viu duas criaturas grandes vir ao seu alcance. Alguma coisa foi lançada à distância e os jogaram para longe, impedindo-os de ajudar. A miúda sentia a brisa Stariana tocar sua bunda, o banho que tomou foi para “as picas” e alguém estava tentando matar a peladona.
— Por Starian! — gritou uma voz altiva, grave e estrondosamente aterrorizante. Elaine se virou de um modo cego, os fundos de garrafa estavam tortos, então um olho via uma mancha embaçada o outro via um ser prateado levantando o que parecia um martelo gigante.
Ela arregalou os olhos, achou que ia virar uma amassado naquele momento, abriu a boca e berrou a todos os pulmões. Quando o martelo desceu, ele bateu contra um tronco duro e corpulento, uma massa azul musculosa que quase esmagou a miniatura humana e impediu que a nanica recebesse o golpe. Elaine parou de gritar, olhou para o rosto que recebeu a pancada e imediatamente a música de Lionel Richie começou a tocar, ao menos na sua cabeça.
“Say you, say me.
Say it for always
That's the way it should be”
Pela vista do seu olho bom, Elaine via um gigante azulado de dentes afiados, músculos grossos e feições duras, como o herói da vez. E quando colocou a mão na cara para arrumar a lente no rumo do olho certo, viu a criatura cerrar os dentes ao receber uma segunda pancada, mas nesta ele foi rápido. O azulado gigantes se virou com força o suficiente para segurar os cabos do martelo, puxou o objeto preto ao pulso do Stariano prateado, mantendo-se de pé e chutou o inimigo. A criatura cambaleou levemente para trás e rosnou para o azulado. Tudo aconteceu em câmera lenta, ao menos aos olhos de Elaine, onde a pelada no chão admirava o ato heróico aos fundo de uma música romântica em sua cabeça, esquecendo-se da sua nudez, do perigo e da noção.
— O Capitão Paladimus é um traidor quando decidiu manchar nossa raça com o sangue inferior! — o inimigo rosnou altivo — Morra em nome dessa vergonha!
O azulado mate-vê impassível, quando o prateado simplesmente se lançou diante o gigante azul. Ele segurou o inimigo sem muito esforço, pegou o machado de corte duplo acoplado no uniforme a suas costas e transpassou o corte na linha do pescoço do adversário. A cabeça do prateado minou o caldo roxo, o sangue Stariano e o tronco do corpo cedeu, enquanto o azulado segurava a cabeça mórbida em seus dedos.
Elaine estava a visão da desgraça, dolorida sobre o entulho, enquanto uma equipe de alienígenas desistiu de ajudá-la para assistir ao feito heróico de Volkon. Ela só não contava com seu olhar pesado para si, como se este tivesse nojo, ou raiva, e de um modo meio sem graça, ajustou os óculos engolindo com dificuldade no meio de sorriu fraco.
— Oi… querido… — sua voz era um traço fino, indecisa sobre como reagir.
— Paladimus, recolha sua fêmea. Ela está nua! — o capitão desviou os olhos para quem deu a ordem, rodopiou o machado com graça em uma única mão e o prendeu com força ao chão fincando o corte no concreto, abandonou a cabeça morta e desceu as vistas para o corpo miúdo da mulher — O que está esperando, quer que um de nós a toque? — insistiu a voz firme.
O azulado rosnou com desgosto, tocou nas abotoaduras do uniforme e expôs o tronco forte, livrando-se da roupa e o esticando para a mulher caída nos escombros. Elaine que planejava tanto seu primeiro encontro não esperava por esta situação. Envergonhada, ela tentou se mover, sentiu dor e deixou escapar um gemido fraco e como quem absorvia paciência de muito longe, o gigante Paladimus estendeu a blusa grande sobre o corpo da miúda, nada falou e coletou o alvo de seu experimento em seus braços.
Elaine sentia vontade de chorar. Sentia os braços do Stariano lhe tocar, encostar seu corpo miúdo ao dele enquanto ela era a cara da desgraça. Havia tomado banho, mas estava suja e empoeirada, com os cabelos parecendo penas de galinha desnorteada, os óculos estavam quebrados e tudo o que tinha era uma roupa Stariana tampando suas partes. Quando menos esperou, deixou uma lágrima escapar e escondeu o rosto no peito azul e quentinho. Estava com vergonha… Sonhara tanto com este dia, mas agora estava morta de vergonha.
Volkon olhou para baixo, estava estourando ódio por suas narinas por ser chamado de traidor e não era a primeira vez. Desde que fora designado ao projeto fertilização andava tendo de lidar com a raça que insistia em dizer que matar os humanos era a solução. Volkon achava desnecessário se submeter a espécie na qual ele não tinha muita paciência em lidar, não concordava com os termos em que estava, mas acima de tudo, era leal. Ele foi e é um Capitão, ir contra o projeto era ir contra Starian, Galak deixou isso bem claro. E não estava em suas intenções se tornar um rebelde, não depois de alavancar seu nome como já o tinha feito.
O caminho foi aberto, uma equipe se juntou ao seu lado guiando-o para onde ir enquanto Galak, o general e Savage, o soldado arroxeado, se aproximaram, ainda com sinais de alerta.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Volkon (Guerreiros Starianos Vol. 1)