Elaine era uma mulher falante e energética, e contava para Volkon toda a sua vida na terra. Naquele primeiro dia, ele decidiu que não sofreria estresse e nem humilhações, e se prendeu em seu leito com Dionísio, um amontoado de malas e uma humana elétrica no quarto. Foi a pior coisa que fez, não ditou uma palavra, mas ouviu absurdos e ainda teve de suportar insinuações sobre ser um marido preguiçoso. Elaine o chamou de parceiro, depois de namorado e agora de marido. Estaria ela elevando a relação deles por si só? Sim, Starianos também se casavam, mas ele não se recorda de ter travado com a humana um contrato de eternidade. Enfim, tentou obedecer aos seus comandos, apenas para evitar o desgaste de seus ouvidos, mas ela continuava falante.
Ele ajudou com as malas, resmungou como respostas, descobriu sobre seus amigos, seu trabalho, seus pais e até se sentiu desconfortável quando esta mencionara o primeiro humano com quem se deitou. Quando achou que não suportaria mais ouvir seu falatório, se sentiu preso aos comando de sedução da humana, e o maldito vinculo o obrigava a corresponder. Fez sexo com a humana pela tarde, saiu para o refeitório, agiu como um maldito territorialista e voltou com a humana para os aposentos a fim de fazer sexo de novo.
Levou-a para se banhar, correspondeu aos instintos da carne, fodeu Elaine na ducha de vapor e ignorou o olhar tedioso de Dionísio, como se o animal o julgasse por ser um idiota trepador. Se deu com olhares curiosos quando saiu do banho, rosnou altivo e teve de levar a humana pro quarto a fim de marcar ela novamente. Sentia-se estranho a cada vez que alguém se insinuava curioso para a humana e acabava tendo de levá-la para a intimidade, e só se sentia melhor quando ela dizia que o amava, toda vez que a preenchia por dentro.
Galak era um maldito Stariano inteligente. Ele sabia que socar Elaine no meio de um bando de Starianos territorialistas iria acabar com a cabeça do Paladimus. E Volkon se viu vinculado, preso e submisso, quase sofrendo pela maldita necessidade de se colocar em cima da humana, cada vez que um maldito Stariano a olhava desejoso. Elaine fez amizades, foi para o laboratório da base militar e Volkon vigiava, sentado à porta de seu trabalho, sentava ao seu lado para comer, ignorava a falação que ela tinha com os outros, voltava para seu quarto para foder e a rotina tornou-se uma maldição inebriante. Estava preso, definitivamente preso. E às vezes achava que estava gostando.
Elaine dormia, nua, depois de mais uma jornada sexual com o gigante azul enquanto o homem vestia suas calças leves e pisoteava o chão de um jeito silencioso. Ele atravessou a porta do quarto, decidiu que ia caminhar sozinho e colocar os nervos no lugar. Neste ínterim que esteve com Elaine, não foi reportado à ele missões, situações de perigo e nem ordenado sair em combate ou treinar um pelotão. Nada, ele foi submetido a um maldito experimento de cúpula e rebaixado, ainda que estivesse cumprindo os deveres de Starian. Ao menos era assim que sentia.
Volkon mastigava seu ego ferido em sua cabeça quando ouviu um burburinho, e no corredor de acesso viu Áries, e pelo menos mais dois soldados o acompanhando. Ele contava alguma aventura inebriante que acabara de ter, uma missão de sucesso e contava como os novatos poderiam se empenhar para obter a graça de Galak. Era o único capitão de Kalliur que tinha na infantaria do general, pois geralmente sua raça é tida como uma raça impetuosa, mais vista como combatentes da linha de frente. Ele elevou os olhos, viu o amigo na calada da noite e sorriu para Volkon, batendo nos ombros dos soldados à sua volta.
— Treinamento de iniciantes, não é o máximo? — ele empurrou os jovens ao seu redor e instigou um andar até Volkon — Contemplem, amigos, o Stariano capaz de manter o futuro de todos nós em suas mãos. Capitão Paladimus, o primeiro macho da espécie que nos trará vida! E aí, copulando bastante?
— Os novatos não estão em toque de recolher? — soou Volkon um tanto rabugento, e os dois olharam para Áries, que bateu nos ombros lhes confortando e vendo o avermelhado mudar suas feições. — Um capitão de Galak não incentiva os rodeios da missão.
— Acabamos de chegar, senhor rabugento. Copulando do jeito que está, devia estar menos estressado, não? — Áries incentivou a partida dos dois e fez uma negativa em desaprovação. — Não me vê a dias e me trata assim?
— Não está preso numa droga quadrada se limitando à instintos de reprodução. — reclamou Volkon — Galak me colocou fora das missões e achou que eu não ia notar essa merda.
— O experimento é sua prioridade, a humana…
— Não me diga a droga do que fazer sobre a maldita humana! — vociferou, interrompendo os pensamentos do Kalliur — Esta droga de experimento ainda está em suposições, teorias e esperança. Fui rebaixado para um mero reprodutor, enquanto eu devia adotar a causa, limpar a rebelião e matar Korbius!
— Está mantendo a humana no lugar mais seguro de Starian, Volkon. — Áries tentou abrir seus olhos — Galak nos ordenou que não o interrompesse, que tivesse tempo de associar e aceitar….
— Aceitar? — rosnou contido — O que devo aceitar? A maldita fêmea barulhenta? Eu odeio essa merda de vínculo, me faz querer destruir cada ser vivo que passa do lado de fora de minha porta. Se fosse uma boa Stariana eu não estava acometido, rebaixado e muito menos preso nesta maldita humilhação.
— A salvação de Starian não está dentro de uma Stariana, e todos já sabem como o vínculo está forte, mas você devia ver isso como algo bom. Isso significa que são compatíveis. Pergunte a sua humana, ela pode te dizer que…
— Aquela maldição de vida pode nos dizer tudo? Cegos! — rosnou com raiva — Eu não entrei nessa droga de experimento para salvar Starian, eu apenas entrei para cumprir a droga do meu dever e cumprir o meu papel! Eu não desejei me vincular aquela praga de raça que não entende a importância do meu posto, das minhas obrigações e o quanto essa maldita gana de reprodução afeta a minha dignidade! Enquanto eu devia combater problemas sérios, aquela existência de menos de dois metros me submete a falatórios, ser pai de uma maldito goma e acha que minha existência se baseia à arrogância, me fazendo alvo de chacotas!
— Volkon… — Áries tentou rebater o amigo.
— Eu odeio os humanos, eu odeio aquela humana e odeio me sentir fora de mim a cada comando que ela dá. Eu odeio sentir essa maldita submissão e a podridão do vínculo. Eu estou odiando Galak por me enfiar nessa merda e se eu tivesse o direito da escolha, e não estaria aqui me submetendo à humilhação de cuidar de um maldito goma inútil. Em uma semana, eu perdi todo o respeito que levei anos para conquistar, e a culpa é dessa maldita esperança! Se eu não fosse fiel aos mandamentos de Starian, eu entregaria a humana de volta à rebelião, só para me livrar desse peso e ter a minha honra de volta!
Áries suspirou, ele tentou chamar a atenção do amigo mas já era tarde demais. Quando Volkon olhou no reflexo das íris pesadas do amigo, ele ouviu um suspiro e se direcionou para trás, apenas para se deparar com um par de olhos gigantes, os cabelos pequenos espatifados para cima e a roupa do pijama amassado, com suas pantufas rosa nos pés. Elaine chorava, tinha feições de dores em sua face e não se movia.
— Volte para a droga da cama. — resmungou o azulado, sentindo algo estranho dentro de si, mas procurando manter o controle.
Ela não tinha como explicar o choque da situação, mas conseguia sentir toda a dor que as palavras duras de Volkon lhe causou. Estava em choque, sentindo-se humilhada, rejeitada e traída por seus próprios sentimentos. Sabia que o vínculo era demasiadamente forte e a compatibilidade com os humanos fora alta demais, mas ela também sabia que quando estavam juntos, Volkon não agia apenas por vínculo. No entanto, se sentia cega e enganada. Declarou seu amor tantas vezes ao gigante azul para descobrir num rompante noturno que era odiada, não amada.
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